44 | acetatoarsentino

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Quem sente a dor de não saber amar duas pessoas está preso entre tons complexos, onde a química do coração enfrenta dilemas insolúveis.

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Setembro, 2023.

O celular vibrou em cima do balcão da cozinha, mas o barulho não foi o suficiente para chamar a atenção de quem estava ali.

Hoseok continuou tomando sua água gelada tranquilamente, hidratando o corpo depois de um dia puxado. Sentiu a água descendo até o estômago, aliviando o cansaço acumulado. Parecia que, não importava quantos litros de água bebesse durante o dia, ele sempre estava com sede, como se a água nunca tivesse o mesmo gosto da que tomava em casa. Por isso, mesmo que inconscientemente, ele só conseguia saciar a sede quando beberia água em casa. Quando terminou, suspirou com a boca aberta, sentindo o frescor por dentro.

Guardou a garrafa de volta na geladeira e pegou o celular. Notou a notificação e leu a mensagem, esboçando um pequeno sorriso. Quase gritou por Yoongi, mas nem precisou, porque o homem já estava entrando na sala com o celular na mão.

— Ele chamou a gente pra ir na galeria — disse, mostrando o celular como prova.

Hoseok olhou a tela do próprio celular, vendo que realmente tinha uma mensagem dele.

— Assim, do nada? — perguntou, encostando o quadril no balcão com uma expressão confusa.

— Desde quando ele avisa antecipado? Viu só quando ele chamou a gente pro cinema? Ficamos doidos correndo pela casa porque já estava em cima da hora! — Yoongi comentou, parecendo exasperado com a imprevisibilidade de Taehyung.

— E quando ele chamou a gente pro festival? Ele mandou mensagem quase uma da manhã, Yoongi. Sério...

Taehyung tinha uma relação complicada com horários. Desde que se encontraram na cafeteria, ele mandava convites aleatórios em horários sem sentido e até inoportuno. Primeiro foi um convite para ir ao cinema, depois para ir ao festival, curtir por duas horas e voltar para casa, e agora estava chamando-os para a galeria. Ele não mandava mensagens diariamente, não dava bom dia e nem mesmo enviava memes, só os chamavam para esses encontros inesperados.

E eles sempre acabavam indo.

— Já percebeu como somos bobos? Sempre vamos atrás dele quando ele chama. Parecemos dois cachorrinhos — Hoseok comentou, como se tivesse percebido isso só agora.

— Ele tá tentando, dengo. E a gente nunca chama ele, então nem dá pra dizer que sempre vamos quando ele chama, porque ele é o único que chama. Já pensou que, na cabeça dele, pode parecer que a gente não tá nem interessado na volta dele? — Yoongi se aproximou.

Às vezes, Yoongi sentia-se mal. Ele passava o dia todo em casa, Hoseok ia para o estúdio, e nunca se davam ao trabalho de marcar algo com Taehyung. O garoto se esforçava, mesmo chamando em cima da hora, quase sempre quando já estava tudo pronto para fechar. Yoongi sabia que não deveria se sentir culpado, afinal, era Taehyung quem os convidava e não deixava tempo para eles pensarem em algo e chamá-lo, mas ainda assim, ele se sentia mal por não tomar a iniciativa. No fim, ele era o único da equação que não estava fazendo nada da vida e, mesmo assim, nem pensava em chamar os outros para sair.

Hoseok fez uma careta, como se aquela parte não o interessasse. Ele queria Taehyung, e achava que tinha deixado suas intenções bem claras quando se despediram no café e o chamou para casa. Mas a rotina deles tinha mudado naqueles dois anos, e o hábito de não ter Taehyung por perto fez com que se acostumassem a não esperar muito. Às vezes, até esquecia que ele estava de volta.

cores são sentimentos, tysOnde histórias criam vida. Descubra agora