12 | dourado luxo

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Na extravagância dos braços deles, sinto a luxúria me matar.

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Quando passou pelo luto, a dor foi maior do que tinha imaginado.

Taehyung tinha apenas 16 anos quando sua avó faleceu, levando consigo a proteção dos seus braços nos quais ele se refugiou por anos. Aquela mulher foi a única que protegeu os irmãos, ignorando até mesmo as ordens de seu próprio filho. Seu pai, surpreendentemente, respeitava muito os pais, então nunca fazia nada na frente da mãe, e sempre que ela se envolvia em algum assunto, ele deixava para lá, mesmo que estivesse furioso. Ele nunca agia mal na frente da idosa, o que fazia os irmãos se sentirem protegidos na presença dela. No entanto, a velhice a levou sem se importar com o sofrimento que sua partida causaria.

Naquele dia, Taehyung sentiu uma pressão tão intensa na cabeça, como se estivesse preso entre duas forças opostas comprimindo cada lado de sua cabeça. Era uma dor que não era nem fraca o suficiente para ser suportável, nem forte o suficiente para ser insuportável, mas sim um tormento constante. Ele não havia sentido aquela sensação há anos, desde os tempos em que era espancado pelo pai, negligenciado pela mãe, ou quando partiu sem olhar para trás, deixando seu irmão mais novo para trás. Fazia muito tempo que Taehyung não experimentava algo semelhante, mas ali, atrás daquela porta fechada, com a certeza de que eles estariam do outro lado, aquela pressão retornou, mais intensa do que ele jamais havia suportado.

Ele respirou fundo, sentindo as mãos tremerem e as pernas ficarem fracas, mas não tinha alternativa, tinha marcado aquele encontro e precisava enfrentar a situação de frente. Não podia permitir que eles partissem. Abriu a porta lentamente, tão devagar que levou um tempo para conseguir visualizar claramente o interior do quarto. Quando finalmente o fez, ficou indeciso entre sentir alívio por vê-los ali ou se sentir ainda mais pressionado pela mesma coisa.

Hoseok estava sentado na poltrona ao lado da cama, segurando um copo de uísque em cima da coxa, com um olhar completamente sério que fez Taehyung sentir uma ansiedade no baixo ventre. A seriedade do homem era intimidante, especialmente daquela maneira que nunca tinha visto antes. Yoongi estava na varanda, de costas para a porta principal, mas a porta aberta e o cheiro forte no quarto denunciavam o que ele estava fazendo ali. Mesmo após três anos, era a primeira vez que Taehyung o via fumando. Achava que ele nunca tinha encostado em um cigarro na vida, mas ali estava ele, fumando em um momento tão crítico. Não dava para ver seu rosto, mas seu corpo tenso era assustador.

Ao contrário de Hoseok, que inspirava medo, Yoongi tinha uma presença marcante e imponente, como se todos devessem obedecer às suas ordens simplesmente por tê-lo dado. Era uma presença dominante e autoritária, que parecia comandar naturalmente. Se Taehyung estivesse em um livro, poderia comparar Yoongi ao chefe de uma máfia altamente procurada, enquanto Hoseok seria seu braço direito, encarregado das tarefas mais sombrias, aquele que matava mesmo quando não era necessário. Já ele, bem... Taehyung provavelmente seria a bela dama em defesa, mesmo que tivesse um soco de direita completamente forte.

Taehyung respirou fundo sob o olhar imponente de Hoseok e entrou lentamente no quarto, dirigindo-se diretamente para a outra poltrona, onde colocou a mochila e pegou o celular. Sentia a pele queimar pelo olhar intenso do homem. Colocou o celular em silencioso, afinal Jungkook estava medicado, bem alimentado e descansando, com ordens dadas ao porteiro para não deixá-lo sair até que voltasse para casa. Seu irmão não precisaria da sua ajuda nas próximas horas. Seu foco agora estava em resolver o problema dentro daquele quarto. Não queria ser interrompido por uma ligação, então colocou o celular no silencioso e o guardou de volta na mochila.

Quando olhou para frente, Yoongi ainda estava de costas, mas o rosto estava virado para trás, em sua direção. Provavelmente ouviu a porta fechando ou a movimentação no quarto. Ele o encarou por longos segundos, a fumaça saindo lentamente da boca semiaberta fazia sua aura parecer matadora, esmagadora, como se fosse um ceifador bondoso que estava dando seus últimos minutos de vida antes de levar sua alma. Taehyung respirou fundo e apertou as mãos em punho, sentindo a pressão na cabeça aumentar, pressionado pela incerteza do que fazer.

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