Aurora Martins
Eu tinha sido escolhida para trabalhar na empresa, e agora estava desembarcando no aeroporto. Esta era a minha chance de mudar de vida. Um novo país, uma nova cidade e um novo começo. Eu precisava disso. A empresa havia organizado tudo para me estabelecer aqui. A casa seria dividida com outra menina da empresa, que precisava de alguém para compartilhar o aluguel do apartamento.
Quem veio me buscar no aeroporto foi o motorista da empresa. Ele me ajudou com as malas. Não trouxe muita coisa, pois queria começar com o pé direito, mas, na verdade, o motivo era a falta de dinheiro para transportar todos os meus pertences. Trouxe apenas o essencial e planejava comprar o restante na nova cidade. O motorista, que aparentava estar na casa dos cinquenta, alto, magro e com cabelo grisalho, me perguntou:
-- A senhorita está animada com sua nova jornada?
-- Estou um pouco apreensiva, mas feliz -- respondi, enquanto meu coração saltava de empolgação. Nosso diálogo era todo em inglês, e apesar de eu ser fluente, adorava assistir filmes legendados para aprimorar ainda mais minhas habilidades.
Minha mente começou a pregar peças. Meu subconsciente questionava:
"Mulher, se esse trabalho que você conseguiu é tão fácil e com tantos benefícios, será que não é para você se prostituir? Igual na novela 'Salve Jorge'?"
Esse pensamento me fez congelar, mas eu havia pesquisado tudo sobre a empresa, que parecia ser séria. Será que era fachada? Minha ansiedade estava a mil. Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos ruins. Que a Virgem Maria me abençoe, pois não tenho interesse nenhum em ser sequestrada para tal coisa.
Minha experiência com sexo era terrível. Meu falecido ex-namorado, Lucas, era paranóico e péssimo de cama. A primeira vez foi um desastre. Ele me machucou e tudo durou apenas um minuto antes de ele cair no sono. Fiquei só com a dor entre as pernas e uma sensação de arrependimento. Eu amava Lucas, ele foi meu primeiro e último namorado. Mas fui tirada dos pensamentos pela voz do motorista.
-- Chegamos, moça.
Estava tão perdida em pensamentos que nem percebi nossa chegada ao apartamento, nem admirei a cidade grande. Na minha cidade, nem existia cinema, todos filmes que eu assisti foi no canal da globo e no SBT, meu irmão sempre chegamos da escola já íamos direto para TV para assistir o nossos desenhos.
-- Obrigada. Isso aqui não é um sequestro, né? -- perguntei, ainda cismada, lembro rapidamente da novela "Salve Jorge".
O homem riu e respondeu de maneira amigável:
-- Claro que não, sou um homem da igreja. Nunca sequestraria ninguém, moça. Pode ficar tranquila.
Isso me aliviou. Na minha cidade pequena, as maiores preocupações eram roubos de bicicletas e celulares, além de alguns usuários de drogas. Mas, fora isso nunca existiu ninguém com a intenção de roubar os meus órgãos.
-- Ai, que alívio então! -- Ele me ajudou a carregar as malas até o apartamento. Subimos pelo elevador, e ele me levou até a porta. Quando chegamos, eu falo empolgada:
-- Obrigada pela ajuda. -- Ele sorriu, satisfeito, e respondeu:
-- De nada, moça. Bom descanso! -- Ele se afastou, e eu toquei a campainha. Esperei por alguns segundos, e a porta é aberta por uma moça de cabelos ruivos e sorriso enorme abriu a porta. Tive a sensação de que nos tornaremos grandes amigas. Ela disse, toda empolgada:
-- Prazer, Aurora! Entre, fique à vontade. A casa é sua!
Ri sem jeito e respondi timidamente:
-- Obrigada! -- Ela me ajudou a levar minhas coisas para o quarto, explicando como funcionava a cidade, o emprego e o apartamento. Ajudou a organizar meu quarto e logo depois saiu para que eu pudesse descansar.
Eu estava morta de cansaço. Viajei sem nenhuma parada e fiquei apavorada por andar de avião, meu orçamento não me permitia andar de avião, então quando pisei o pé no avião e me sentei começo surgir várias paranóias. Mas para conquistar algo, é preciso fazer sacrifícios. Tomei um banho, vesti a primeira roupa que encontrei e mandei uma mensagem para minha mãe, Maria, avisando que cheguei bem. Mandei também uma foto, para ela ter certeza que estava inteira e bem.
Minha mãe era o motivo de toda minha dedicação. Dediquei meus estudos a ela e cada segundo da minha vida. Maria era uma guerreira, que abriu mão de tudo para mim e meu irmão Victor. Ela merecia um final calmo e digno, e eu faria de tudo para proporcionar isso a ela. Ver minha mãe sofrendo com o câncer era doloroso, e eu estava determinada a mudar essa situação.
Eu preciso de dinheiro para pagar as nossas dividas, dar um final digno para a minha mãe é tudo o que ela merece. Eu faria isso para ela e pagaria as nossas dividas, afinal esse foi o principal motivo que me fez mudar de país e rotina.
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DOCE OBSESSÃO - LIVRO I - Obsessões da Família Johnson.
Roman d'amourEsse é o primeiro livro da série "Obsessões Sombrias da Família Johnson". . . . Hector Johnson, herdeiro da Cosa Nostra, esconde um passado sombrio por trás de uma fachada impenetrável, enquanto Aurora Martins, determinada a pagar o tratamento de su...