Capítulo 5

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                  Renzo Santoro

Quase não posso acreditar que a mulher por quem fiquei obcecado, pensando nela durante dias depois daquela noite na boate, está no meu carro ao meu lado. Nem acredito que estou casado. As notícias devem estar espalhadas por todo o país sobre o meu casamento repentino. Hoje eu quase não a vi, bebi tanto que dormi no chão de casa. Demorei mais de uma hora para vestir esse terno de casamento e fui para a cama dormir. Estava pronto para aceitar as consequências de não me casar, mas meu pai apareceu tão irritado e furioso que praticamente me arrastou até essa merda. Estou tão irritado que mal consigo disfarçar, encarando Amélia ao meu lado. "Amélia", então esse é o nome dela. Não é estranho os próprios noivos não saberem o nome um do outro? Enfim, esse casamento idiota não significa nada para mim, é só um papel idiota, mas estaria louco se não dissesse que essa mulher é linda e que o vestido de noiva ficou perfeito nela, como se fosse feito especialmente para ela. Os olhos avelã não conseguem disfarçar a inquietação, me encarando.

— Para mim, esse casamento também não significa nada. Eu fui forçada a me casar com você — responde seca, noto um tanto de ironia.

— Ótimo, porque eu não sou nem um príncipe encantado que vai te salvar do mal.

— Não quero príncipes nem sapos, não quero nada de você — admito que ela é atrevida.

Paro o carro no estacionamento do apartamento onde moro e abro a porta do carro e abro a dela também. Percebo o quanto ela está irritada, arrastando o vestido para cima para caminhar. Posso até ouvi-la praguejando o vestido.

Pego suas duas malas no porta-malas e caminhamos até o apartamento. Já dentro, deixo a mala perto da porta para que, quando a empregada chegar, leve-a para o quarto. Vejo ela observando o apartamento. O apartamento é grande, tem 2 suítes e 2 quartos, meu escritório, uma sala de estar e jantar e uma cozinha americana. Não comprei uma casa enorme porque não tinha planos de me casar, o apartamento já era suficiente para mim.

— Não tive tempo de comprar uma casa maior, mas você pode escolher alguma que goste e nos mudamos para lá, se preferir — comento, tentando ser um pouco gentil, porque assim como eu, a garota foi obrigada a isso. Pego meu tablet que deixei no sofá e acesso um site que vende casas luxuosas e entrego a ela, que faz que não com a cabeça.

— A gente tem mesmo que morar juntos? — questiona.

— Para manter as aparências, sim. Olha, eu nunca quis me casar, só vamos manter a aparência lá fora. Aqui, você faz o que quiser, eu não me importo. Eu não tenho compromisso com você e nem você comigo. E não se entrometa na minha vida, jamais — digo frio.

Ela franze a testa e não fala nada.

— Você vai ter seu próprio quarto. Se precisar comprar algo, pode usar esse cartão, é sem limites — tiro meu cartão de crédito da minha carteira e entrego a ela, que não pega.

— Não quero — guardo o cartão, sabendo que cedo ou tarde ela vai ter que usar para algo, até porque se casou comigo foi por dinheiro.

— Ok, enfim, se precisar que faça algo para comer ou precisa de algo, você pode pedir à minha secretária pessoal quando chegar. Ela vai te ajudar a se ajustar na casa.

Meu celular toca e o nome na tela me deixa com raiva: "Genitora". Com certeza ela deve ter visto as notícias sobre o meu casamento e vai me perguntar por que não foi convidada. Atendo a ligação e levo o telefone ao ouvido para escutá-la.

— O que você quer? — pergunto, já sabendo da resposta.

— Isso é jeito de responder à sua mãe? — retruca ela e suspira, sabendo que não vai receber meu pedido de desculpas. Essa mulher que me deu à luz abandonou minha irmã e eu quando mais precisávamos, para fugir com o amante e nos deixou à mercê do nosso pai e seu temperamento. Faz 13 anos que não sei o que é o calor de uma mãe, um abraço, um beijo, algo que faz uma mãe ser mãe. Em vez disso, ela foi embora e abandonou os filhos, e agora se aproxima de nós como se pudéssemos esquecer tudo. Não somos mais crianças.

— Enfim, soube do casamento. Fico feliz por você, filho.

— Imagino o quanto. — Falo com sarcasmo. Ela ignora e continua:

— Eu gostaria de visitá-lo um dia. — Bufo. Às vezes, ela simplesmente não entende que não quero contato com ela e continua me ligando e mandando mensagens, e eu sempre ignoro.

Noto que Amélia está me observando. Essa é a minha deixa para encerrar essa ligação.

— E eu gostaria que não fizesse. — Desligo o celular na cara dela, guardo-o. Falar com a minha mãe sempre me deixa mais irritado do que o normal.

Preciso de algo para me acalmar. Preciso agora. Tudo isso é demais para mim.

— Preciso sair. A Lurdes deve estar chegando. Ela vai te ajudar quando chegar.

Nem espero sua resposta e saio do apartamento.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora