Capítulo 53

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Natalie Santoro

Meu irmão e eu nunca tivemos aquela ligação de gêmeos que todos dizem ter. Talvez a gente sempre fosse muito diferente. Nunca sentimos dor quando um de nós sentia, nunca adoecemos juntos, nunca senti as emoções dele e também nunca senti que ele estava em alguma situação de perigo. No entanto, hoje parece que aquela ligação de gêmeos de que ouço tantos gêmeos falar está aparecendo, me sinto inquieta e muito mal enquanto ando pela minha casa, sinto que tem algo errado acontecendo com ele, sinto um aperto no peito.

Me assusto com Diego passando a mão nas minhas costas.

— Por que você está assim? — Ele me abraça por trás, encostando o rosto no meu ombro.

Suspiro, passando a mão no seu braço, nem o seu calor é capaz de me acalmar nesse momento.

— Eu não sei, estou sentindo uma coisa ruim, um aperto no peito como se algo tivesse acontecendo com Renzo.

— Talvez seja porque vocês brigaram, então você está sentindo mal.

Poderia ser isso, mas sei que não é, brigamos feio hoje, mas já tivemos várias brigas apesar desta ser a pior, Renzo não aceita que eu fale com a minha mãe, o que acho injusto, ele determina com o quem eu posso ou não falar, ele sempre foi assim. Eu entendo a raiva dele em relação à nossa mãe, mas estou cansada de sentir raiva dela, só quero perdoá-la de uma vez, e senti um calor de mãe, nem que seja um abraço, eu sinto falta dela, minha mãe não era ruim, mas também não era uma mãe excepcional, tinha falhas como qualquer ser humano. Quando ela foi embora, deixou um vazio que só ela podia preencher, e eu mais que qualquer um precisava dela. Por muito tempo, senti raiva pelo seu abandono, entretanto, há dois anos ela tem tentado se aproximar. Meia relutante, eu cedi em conversar com ela e vi que ela está realmente arrependida ou talvez seja uma farsa como Renzo mesmo disse. Por um lado, não posso me aproximar porque o Renzo me proibiu e falou que nunca mais olharia na minha cara, eu amo o meu irmão mais que tudo nessa vida e faria qualquer coisa por ele, odeio a atitude dele em ditar o que tenho que fazer, mas não sei se dessa vez vou fazer o que ele manda, mesmo que signifique que vai me odiar, eu sei que uma hora vai me perdoar.

— Talvez — digo baixinho, Diego me vira para ele, com um semblante gentil.

— Ligue para ele já que está tão preocupada e façam logo as pazes — incentiva, pegando o meu celular do meu bolso e me entregando.

Balanço a cabeça concordando e começo a digitar o número dele. De qualquer forma, é melhor verifico se ele está bem para acalmar essa sensação horrível dentro do meu peito.

Um número desconhecido liga antes que termine de digitar, eu atendo e coloco o celular contra o meu ouvido.

— Oi, estou falando com Natalie Santoro? — uma voz pergunta do outro lado da linha, o meu coração já começa a acelerar e a sensação ruim se intensifica.

— Sim, quem está falando? — respondo.

— Sou eu, Dean.

Dean? Por que o Dean está me ligando a uma hora dessas? Ele é um guarda de trânsito amigo meu e do Diego.

— Dean? Por que você está me ligando? — pergunto achando estranho o jeito que ele falou.

Ele parece hesitante do outro lado da linha.

— Natalie, encontramos um carro capotado na estrada e é o carro do Renzo.

Estou nauseada.

— Como assim?! Tem certeza que é do Renzo?! Como você sabe que é o carro dele?! — questiono sem acreditar, tentando manter a cabeça sã, me sentando no sofá, ao meu lado meu namorado me olha intrigado, faço um sinal com a mão para apartá-lo.

Ouço ele no outro lado na linha suspirar, um suspiro como se já tivesse passado por isso mil vezes.

— Natalie, encontramos documentos do Renzo próximo ao carro, e infelizmente encontramos dois corpos não identificados, parece que houve um acidente na estrada.

Deixo o celular cair com o choque percorrendo o meu corpo. Dois corpos? Como assim?! Ele quer dizer que o meu irmão está morto? Que o Renzo... Não pode ser, nós vimos a poucas horas, apesar de estarmos irritados um com o outro. Isso não é possível. Isso é uma mentira.

— Natalie, o que foi? — Ouço Diego perguntar, assustador, percebo que ele pega o celular no chão e começa a conversar com Dean na linha.

— O que aconteceu? Me passe o endereço, por favor. Sim...certo... vamos aí agora.

Diego passa os braços em mim me virando para ele.

— Diz que não é o Renzo, que é um engano, por favor — imploro a Diego, sentindo as lágrimas caindo no meu rosto. Ele no entanto me olha apenas me encara com um semblante triste. — Diz Diego! Não é ele, né?!

— Amor, se acalme, talvez não seja ele, a gente tem que ir ao local e identificar o carro agora, e...

Passo a mão no rosto, meu Deus isso é loucura, isso não pode estar acontecendo.

— E se for ele Diego? — minha voz sai embargada, ele passa o dedo no meu rosto limpando-as carinhosamente.

— Natalie, fica aqui, tá? Eu vou lá e te mantenho informada — diz.

Fungo, engolindo o nó que formou na minha garganta.

— Não, eu preciso ir, tenho que ter certeza do que seja lá o que for.

— Tem certeza?

Balancei a cabeça fazendo que sim, meu noivo me guia até o carro, ficando ao meu lado, me sinto fraca e náuseas. Eu sabia que algo ruim estava acontecendo com ele, eu presenti.

................

O caminho todo até o local fico passando mal, só imaginando chegar no local e dizerem que os corpos que acharam podem ser do meu irmão. Não consigo parar de chorar.

— Amor, eu posso ir lá vê e você fica no carro — diz quando para próximo ao local.

— Não, Diego, eu quero ir.

Saímos do carro e Diego me mantém por perto enquanto caminhamos para o local. À medida que andamos, percebo mesmo na escuridão da noite, policiais e guardas de trânsito no local e um carro, ou o que era para ser um carro, porque não pode nem ser mais chamado de carro. Se alguém sobreviveu nesse veículo pode até chamar de milagre. Minhas pernas fraquejam percebendo que, apesar do estado deplorável do carro, parece muito com o do Renzo, e é a mesma placa da dele.

Mordo os lábios para tentar não chorar outra vez, Diego me puxa para ele me abraçando.

— é o carro dele...— Diego passa pelo meu cabelo tentando me acalmar.

— Natalie — Dean diz andando até nós com um semblante solidário.

— O que aconteceu? — pergunto querendo uma resposta. Estou brava e irritada, estou um turbilhão de emoções e nenhuma delas são boas nesse momento.

— Iremos checar as câmeras, mas tudo indica que o carro perdeu o controle, encontramos dois corpos dentro do carro.

Tento me manter sã enquanto ele diz "dois corpos". Dois corpos, um que pode ser o meu irmão e o outro de Amélia. Amélia...não tinha pensado nela até agora.

— Onde estão? Eu preciso vê...

— Levaram os corpos para o IML, os policiais estão olhando dando uma olhada por perto do acidente.

Minha cabeça começa a latejar de dor e sinto uma vontade imensa de vomitar. Corro para o mato ali perto da estrada e praticamente jogo toda a comida do jantar para fora do estômago, quase tenho um ataque cardíaco quando vejo uma coisa que não queria nunca ter visto...

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora