Capítulo 50

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Amélia Ferrari

Depois de ouvir toda a conversa e esperar o pai de Renzo ir embora e minha mãe finalmente ficar a sós, vou ao encontro dela e ela fica surpresa assim que percebe minha presença.

— Você e o pai do Renzo... Vocês tiveram alguma coisa? — pergunto sem formalidade alguma. Mesmo escutando escondida, queria ouvir da boca dela cada palavra, queria ver se ela tem a coragem de mentir na minha cara. Ela, no entanto, me encara surpresa e, percebendo que não tem como fugir ou mentir, respira fundo e faz um sinal para que eu me sente ao seu lado. Um pouco relutante, acomodo-me ao lado dela.

— Fomos namorados no passado, muito antes do seu pai — explica.

— O papai sabe que vocês já tiveram alguma coisa? — Indago. Ela me olha e só nisso dá para notar que não, meu pai nunca aceitaria ajuda de um homem que já foi namorado da minha mãe e mesmo que fosse há tanto tempo, ele é soberbo e arrogante.

— Se ele descobrir, acho que sou uma mulher morta. Você sabe como o seu pai é, então, por favor Amélia, não fale disso para ele.

— Claro que não, mãe. Eu só quero saber se você tem algo com esse homem ainda?

Ela franze a sobrancelha.

— Amélia, eu seria incapaz de trair o seu pai.

Eu não estou julgando minha mãe. Meu pai não é o maior exemplo de fidelidade e se minha mãe tivesse tal coragem para esse ato, não julgaria, mas a ideia de se envolver com o pai do meu marido, um homem tão pior que o meu pai, não me deixaria bem.

— Eu sei, mas pela maneira que ele falou que você implorou para ajudar a empresa e só por isso ajudou, acho estranho...

— Eu não tive escolha, aquele homem soube do que aconteceu na nossa empresa e me fez uma proposta, mas eu tive que implorar para ele ajudar de joelhos, Amélia. Então ele propôs que você se casasse com o filho dele e assim ambas as partes ganhariam com esse trato. Foi isso, Amélia, eu não tenho nada com ele.

Assinto, virando o rosto para olhar a parede branca à minha frente. Me sinto tão perdida nesse mundo de mentiras e farsas, parece que não conhecemos ninguém de fato, como se todos guardassem um segredo dentro de si.

— Você sabe que o Ivan é ruim, né mãe? Ele é um ser desprezível que maltrata o próprio filho. Eu prefiro que fique longe dele e não importa as ameaças que ele faça.

Minha mãe suspira.

— Eu sei, Amélia. Você escutou a parte em que ele disse que quer um neto?

Balanço a cabeça, afirmando que sim.

— Se não fizer isso, ele pode rescindir o contrato e sairemos muito prejudicados e com muitas dívidas...

Viro-me para ela com a testa franzida. Ela está mesmo insinuando para fazer o que aquele homem pediu?

— Eu me casei com o Renzo obrigada e agora quer que eu tenha um filho só para vocês não irem à falência, como se eu fosse um objeto que vocês fazem o que quer? Me desculpe, mas não vou fazer o que aquele homem pediu. Eu pensei que o papai era o pior, mas estou vendo que você também não se importa nem um pouco comigo e nem com os meus sentimentos. Eu não sou uma mercadoria para ficar vendendo.

— Filha... Desculpa, Amélia, eu não sei o que fazer... — diz, parecendo se sentir culpada.

Respiro fundo, buscando forças para aguentar tudo isso.

— Você e o papai podem ter me colocado nisso e eu odiei por terem feito isso, mas apesar tudo eu amo o Renzo e ele também me ama. Construímos uma relação verdadeira apesar de ter sido feita em mentiras e, se um dia tivermos um filho, será porque nós dois vamos decidir isso sozinhos e não impostos por vocês para salvar a empresa ou simplesmente ser um alvo de manchetes para limpar o nome do Renzo. Vai ser real, não uma mentira porque, diferente de você e o papai, nós somos reais — Falo firme, não me importando com a tristeza em seu rosto.

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