Capítulo 8

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             Amélia Ferrari

— Você vai sair? — pergunta Lurdes da cozinha.

— Sim, preciso ir sair — respondo.

Hoje vou visitar minha irmã. Tenho sido uma péssima irmã, porque desde que voltei de Londres, quase não conversei com ela ou fui na casa dos meus pais, por motivos óbvios de não encontrar meu pai, mas vou vê-la. É melhor do que ficar nesse apartamento e nesse tédio.

— E o que eu falo para o Senhor Renzo?

Se ela soubesse que Renzo não dá a mínima para o que eu faço, nem perguntaria isso.

— Diga apenas que fui à casa dos meus pais, não sei que horas volto.

Ela acena com a cabeça e eu saio do apartamento, peço um Uber e fico aguardando até finalmente chegar.

No caminho para a casa dos meus pais, fico pensando em como tudo deve estar. Quero acreditar que a situação financeira esteja melhorando com essa união e que no final todo esse sofrimento que estou passando valha a pena. Já em casa, sou recebida pela minha mãe.

— Como estão as coisas? O casamento está indo bem? — ela pergunta empolgada e eu tenho que me segurar para não revirar os olhos. Ela sabe muito bem que nada está bem.

— Está tudo péssimo e nem pode chamar isso de casamento.

Minha mãe me olha com um misto de pena e frustração.

— Onde está a Celeste? — pergunto sobre minha irmã.

— No quarto... aquela garota passa mais tempo no quarto do que fora.

Minha mãe comenta.

— Ela está doente?

— Não, é só birra, eu acho.

Outra coisa sobre os meus pais, eles nunca acham que seus filhos podem ter problemas. Está mais óbvio do que nunca que Celeste está passando por algo, mas minha mãe não enxerga isso.

— Vou subir para vê-la — aviso e subo indo em direção ao quarto da minha irmã. Bato na porta e ela abre com expressão de surpresa.

— Amélia? O que faz aqui?

Entro pelo seu quarto decorado como um quarto de criança, como ela é. Cheio de pelúcias, a parede rosa e pôsteres de bandas que ela deve gostar.

— Vim te ver, queria saber como você está. Talvez devêssemos sair para tomar um sorvete?

Celeste faz uma expressão confusa.

— Eu estou bem, sorvete seria legal — dá de ombros.

— Então vamos.

— Claro.

Saímos de casa e aproveitamos para ir caminhando para uma sorveteria aqui perto, aproveito para me comunicar com ela.

— Senti sua falta quando estava em Londres.

Ela me olha com um sorriso gentil.

— Eu também, ficou tudo tão chato sem você aqui e então você voltou, mas agora não mora mais em casa — ela parece tão triste. Nunca tinha me dado conta de que eu estar em Londres afetaria minha irmã também.

— Mas eu sempre vou vir te ver.

Celeste suspira.

— Desde que casou, você não veio aqui. Você não liga para mim assim como os nossos pais, então não conte mentiras.

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