Renzo Santoro
Eu devo ter jogado pedra na cruz e por isso estou pagando pelos meus pecados, até mesmo aqueles que não me lembro. Por que estou dizendo isso? Simples, mais um problema para a minha vida que não parece ter fim. O maior projeto da empresa, no qual tenho trabalhado há meses, simplesmente foi plagiado, fui roubado. E alguém daqui mesmo deve ter feito isso, somente eles têm acesso aos projetos de arquitetura e páginas. Como se não bastasse ter sido plagiado, foi pelo meu pior rival, Leonardo Conti. Aquele miserável!
— Como esse projeto foi roubado?! — esbravejo, encarando o meu assistente furioso. Quem garante que ele não tenha feito isso, que não tenha entregado esse projeto de bandeja para o meu rival? Afinal, ele anda comigo o tempo todo, nos projetos, nas reuniões. Tenho que desconfiar de todos, sem exceção alguma.
— N-não faço ideia, senhor Santoro. Talvez alguém tenha enviado documentos com o projeto para a empresa rival — responde nervoso. Esfrego as têmporas tentando me acalmar, mas está difícil com um erro desses. O tanto de tempo que investimos nisso para aquele cretino simplesmente vir roubar a minha ideia e espalhar como se fosse dele?!
— Tem um traidor entre nós! Não duvido que tenha sido você a fazer isso! — meu assistente me encara com os olhos arregalados.
— E-eu juro que não fiz isso, por favor, confie em mim!
Dou uma risada amarga.
— Eu não confio em ninguém! Você ficar comigo o tempo todo aqui poderia muito bem significar que foi você quem entregou o nosso projeto para a empresa rival!
— Senhor, eu juro...
— Não jure nada! — interrompo-o.
— Não fale assim com ele! — a voz de Amélia ecoa na sala. Noto que ela estava espiando pela porta entreaberta.
Quem deu autorização para ela entrar na minha sala e ainda dizer como devo falar com os meus funcionários? Essa mulher deve estar louca.
Amélia anda até mim com o semblante raivoso. O meu não está diferente.
— O que está fazendo no meu escritório?
— Isso não importa. O que importa é o jeito que você está tratando esse pobre rapaz, acusando-o sem nem saber se foi ele!
Só o que me faltava. Será que tenho que lembrá-la que, apesar de sermos casados, ninguém se intromete na vida de ninguém? Quem ela pensa que é para falar comigo assim, ainda mais na frente do meu funcionário?!
— Saia da minha sala — ordeno ao assistente. Não precisa muito para ele sair correndo. Fecho a porta e agora estamos Amélia e eu, e minha raiva.
— O que pensa que está fazendo falando comigo desse jeito, ainda mais na frente do meu funcionário? — pergunto furioso.
Ela aperta os olhos e se aproxima de mim, ficando frente a frente comigo, sem deixar de me olhar. Ela realmente não tem um pingo de medo.
— Alguém que defende as pessoas dessa sua raiva. Você fica culpando as pessoas sem nem saber o que realmente aconteceu.
— Defensora dos fracos, é? — solto um risinho de deboche. — Eu não confio em ninguém, e muito menos em pessoas que podem facilmente me trair.
Ela cruza os braços na defensiva.
— Sei que não confia em ninguém, muito menos em mim.
— Eu te odeio, e ainda mais a você, em quem menos confio. Tudo na minha vida tem dado errado desde que você apareceu naquela maldita boate. Quem sabe você não armou tudo isso, talvez esteja trabalhando com alguém para me ferrar e para conseguir o bendito divórcio... — ela me dá um tapa forte no rosto. Não acredito que ela me bateu?! Isso já é demais! Seguro seu pulso com raiva, minha respiração está rápida enquanto inclino a cabeça para ficar nivelada com os olhos dela. Posso sentir a fumaça imaginária saindo das minhas narinas.
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Uma Aliança De Contrato
RomanceAmélia Ferrari acaba de voltar do internato de Londres depois de 3 anos. Ela só não imaginava que esse tempo fora viria cheio de surpresas, começando com algumas notícias sobre sua família circulando pelo país e a decadência da empresa da família. N...