Capítulo 57

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Amélia Ferrari

- Eu trouxe balões para você e o Renzo! - anuncia Celeste, me abraçando, tento não me contorcer com a força do seu aperto, embora seja bem vindo. Sorrio para ela quando se afasta e pega os balões na mão da minha mãe e me entrega, todos são de personagens de desenhos.

- Obrigada, maninha, eu gostei muito e tenho certeza de que ele vai adorar - digo gentil. Celeste se senta na beirada da cama e segura a minha mão. Enrolo os balões na cabeceira da cama do hospital.

- Você vai ficar bem, não é?

Seus olhos me fitam em busca de verdade, como se tivesse medo de que eu minta dizendo que estou bem quando não estou, mas ela é só uma criança e ainda não sabe lidar muito bem com coisas desse tipo.

Aperto sua mão.

- É claro que sim, eu já estou melhor. Até posso ficar sem essa máscara por alguns minutos - tento soar confiante, apontando para a máscara de ventilação que está no meu colo.

Eu já posso respirar sem essa coisa em mim, o que é bom. Mas estou louca para sair e andar um pouco, como se eu pudesse andar, penso em ironia.

A verdade é que estou muito preocupado com Renzo. Minha mãe me disse que ele está em coma induzido e que só vamos saber se ele terá alguma sequela depois que acordar. Estou com medo e ainda fui tirada da sala que estava com ele porque estou fora de perigo, e ele ainda continua no tratamento intensivo. Queria ter ficado com ele no mesmo quarto. Se perto eu já estava tão longe, imagine estando tão distante. Tenho medo de que alguém faça algo com ele.

- Por que não deixamos sua irmã descansar um pouco? - diz minha mãe para Celeste, que fica emburrada.

Fico um pouco frustrada dela já querer levá-la quando mal chegou. Ficar nesse hospital é um saco. Meu pai ao lado da minha mãe faz um gesto para Celeste andar logo.

- Mas eu não quero ir! A minha irmã vai ficar sozinha aqui, quero ficar com ela! - berra Celeste, se agarrando a mim. Quase solto uma risadinha, só Celeste mesmo para arrancar um sorriso de mim em um momento como esse.

- Celeste, não agarre sua irmã assim, vai acabar machucando ela - adverte minha mãe.

- Tá tudo bem...- asseguro.

- Deixe sua irmã descansar, ela ainda não se recuperou completamente - repreende meu pai.

Admito que ele demonstrou interesse na minha recuperação. Ele até ficou aqui noite passada no lugar da minha mãe, ele está um pouco diferente comigo.

................


Contei a Natalie e ao pai dela como as coisas aconteceram resumindo o acidente e os envolvidos. Eles ficaram muito chocados em descobrir que o Alex é quem planejou tudo, disse que ele queria nos matar. Fiquei tão chocada quanto eles quando me falaram que ele tinha morrido junto com o outro cara que estava com ele. Me sinto aliviada por isso, por esse inferno acabar. Mas não significa que tudo está no lugar certo, ainda falta o Leonardo e a Giulia. O pai do Renzo está uma fera aqui, não tenho notícias deles há um bom tempo.

Mais tarde, Natalie aparece com a notícia de que Leonardo está sendo investigado com o depoimento que dei quando uns policiais vieram mais cedo.

- Me leva para o quarto do Renzo? Eu quero vê-lo, eu não aguento mais ficar aqui - peço a ela, que faz uma cara pensativa e então suspira, mas sorri quando diz:

- Tá bom, só porque você pode dar um jeito de ir sozinha e acabar se machucando.

Suas mãos puxam uma cadeira de rodas e a posiciona do lado da minha cama. Ela me ajuda a colocar as minhas pernas na cadeira e a me sentar. Meu corpo ainda dói com o esforço. Ela posiciona o suporte do soro ao meu lado e eu seguro, empurrando enquanto ela me leva para fora do quarto em direção ao quarto onde ele está.

Encosto minha mão na sua. Aqui não está engessada. Entrelaço nossos dedos e conto uma história qualquer só para ele saber que estou aqui esperando por ele.

Ele está do mesmo jeito. É estranho vê-lo assim tão quieto, mas estranho ainda pensar que teve um momento que o odiei por muito tempo e agora nem imagino minha vida sem ele. Seria tão esquisito e vazio. Tivemos altos e baixos, muitas brigas e desentendimentos, mas também tivemos dias incríveis e momentos únicos. Cada abraço, cada beijo, cada noite, tudo isso construiu a nossa relação apesar das mentiras e coisas que foram inventadas. A gente conseguiu sobreviver, e só espero que consigamos viver uma vida normal daqui adiante juntos.

Saímos do quarto porque não podemos ficar muito tempo e nos deparamos com Giulia na entrada da porta.

O que ela está fazendo aqui?

Não gosto dessa mulher aqui, ela devia ter vergonha de aparecer agora que sei o segredinho sujo dela, no entanto, ela não sabe que eu sei.

- Que merda você está fazendo com o meu irmão? - Natalie pergunta enraivecida.

- Eu... hã, só queria vê-lo.

- Natalie, me ajuda a ficar em pé - peço.

Natalie, mesmo sem entender, ajuda do jeito que pode, me sustentando de lado, e tento não forçar o pé engessado no chão. Então dou uma bofetada na cara de Giulia. Ela merece por ter feito todas as merdas que fez, por ser uma mentirosa e manipuladora, e ainda tem a audácia de aparecer aqui. Pelo jeito, ela está bem recuperada.

Ela passa a mão no rosto, e me encara incrédula.

- Por que diabos você me deu um tapa? Está louca - rosna enfurecida.

Dou uma risada sem humor algum.

- Por que eu fiz isso? Vai me dizer que não sabe que o pai do seu filho é o tio do Renzo e que você mais ele estava envolvido nesse plano dele de nos matar?

Estou furiosa com essa mulher. Giulia parece incrédula, engolindo em seco.

- Eu não tenho nada a ver com esse acidente ou com esse plano dele de fazer mal ao Renzo. Realmente Renzo não é o pai, mas eu só falei isso porque queria protegê-lo. Se eu... dissesse ao Alex que o filho era dele, ele faria qualquer coisa para livrar-se do bebê. Ele era casado e tinha um filho, e duvido muito que queria outro filho. E estão de provas que foi ele que tentou matar o meu filho ainda na barriga como eu poderia deixar esse maluco saber disso?

- Então você sabia que foi o Alex que te bateu aquele dia?

Ela olha para longe, hoje até parece que está mostrando a verdadeira face. Seus olhos enchem de lágrimas, no entanto não sei se posso acreditar em uma palavra que saia dela.

- Eu sabia sim, mas como eu contaria uma coisa dessas a alguém se ele me deu um alerta do que podia fazer comigo? Eu só queria proteger o meu filho, ele não tem culpa de nada. Eu sabia que ele não gostava do Renzo, então somente disse que o bebê que eu esperava era dele, já que sabia que eu tinha algo com Renzo antes de você. Assim ele não teria suspeita de mim e me deixaria em paz enquanto focava nele. Ele armou a entrevista para eu falar aquelas coisas do Renzo, ele mandou eu ir falar que estava grávida e mandou gravar as conversas. Foi tudo ideia dele, mas e-eu juro que não fiz mais do que isso e o resto eu realmente não sabia.

Natalie me ajuda a sentar novamente na cadeira de rodas.

- Eu quero você bem longe do meu irmão. Fique bem longe dele. Você é tão culpada quanto aqueles outros dois - avisa Natalie, enquanto Giulia se encolhe. Lanço um olhar mortífero a Giulia, com isso, ela acaba indo embora.

- Dá para acreditar nessa vaca? Eu juro que ela também vai pagar por tudo isso. Eu vou ferrá com a vida dela - Natalie diz de um jeito furioso, enquanto me leva de volta ao meu quarto.

- Eu nem sei o que pensar. - passo a mão no rosto, sentindo o peso do cansaço de ter me esforçado tanto hoje.

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