Capítulo 39

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Amélia Ferrari

— Vai ter um gala beneficente e a nossa empresa é que organiza tudo, então eu tenho que ir e você também, como minha esposa — diz Renzo, um tanto hesitante, enquanto caminhamos para o estacionamento da empresa para irmos para casa. Ele não parece nada com o Renzo confiante e fechado que conheço, parece retraído, esperando minha resposta. No contrato diz que tenho que acompanhá-lo sempre que for necessário e disso não posso fugir, serei obrigada a ir com ele. Não queria ficar tão perto assim, porque tenho medo do que pode acontecer entre nós.

— Tudo bem — dou de ombros, evitando fitá-lo diretamente, mas do canto do olho noto um pequeno sorriso se acender em seu rosto, o que acho estranho, na verdade. Jogo esses pensamentos para lá e entro no carro, e ele faz o mesmo.

— Linda... — olho para ele, arqueando a sobrancelha, ao perceber que me chamou de apelido que normalmente me chamava quando estávamos, seja lá o que for aquilo que tivemos. Ele corrige imediatamente, pigarreando — Amélia, hum... quer jantar comigo hoje?

Seu pedido me deixa surpresa. Em pensar que, antes de tudo acontecer, ele me devia um jantar romântico. Mas por que de repente isso agora? Eu sei que, ao aceitar esse jantar, irei dar esperanças de que tudo está bem entre nós dois, e ele vai aproveitar disso para me levar para a cama de novo. E não vou dizer, com toda convicção, que seria forte o bastante para aguentar. E depois vou me sentir mal por ter sido somente usada novamente.

— Não acho uma boa ideia — falo baixinho. Nem sei se ele ouviu, na verdade, mas faz um pequeno ruído limpando a garganta.

— Estou chamando como amigo — quase engasgo com a minha própria saliva. Amigos? Como assim amigos? Nós obviamente estamos muito longe de ser amigos. Entre um limite e outro, tanto entre paixão e ódio, isso nos classifica como amantes ou inimigos, e o termo "amigo" não se encaixa nessa equação. Acho bem difícil sermos amigos, considerando as coisas que fizemos entre quatro paredes. Amigos com certeza não se comportam como nós nos comportamos, e mais estranho ainda é Renzo fazer essa proposta. Logo ele, que tem tão poucas amizades, e duvido que queira ter uma amizade comigo. Está claro que tem algo aí, só não sei o que é.

— Você quer ser meu amigo agora? — pergunto, tentando esconder minha incredulidade. Noto que ele franze o rosto, como se sentisse repulsa, mas é tão rápido que não consigo decifrar por que seu rosto fica indecifrável.

— A gente pode tentar ser, pelo menos, amigos? — Ele realmente parece estar falando sério sobre isso. Amigos? Repito na minha cabeça várias vezes, e ainda assim parece estranho denominar Renzo e eu como amigos. Como poderíamos ser amigos quando sempre há uma atração entre nós? Tento não ficar decepcionado com essa proposta dele agora. Não foi você mesmo que disse que não queria nada com ele? Agora aguentar, talvez seja o melhor para nós dois, pelo menos até esse contrato acabar.

— Por que isso de repente agora? — indago. Ele desvia o olhar, encarando a brisa do carro.

— Estou tentando fazer as coisas do modo certo. Amigos primeiro, respeitando seu tempo. Então, quem sabe um dia você possa tentar me conceder uma segunda chance com você. Mas eu não quero te pressionar, nem vou tentar te tocar ou provocá-la. Só quero te conhecer primeiro.

Agora realmente fico muito surpresa. Eu deveria tentar essa nova dinâmica? Confiar em suas palavras novamente pode ser um erro, não sei o que fazer.

— Está falando sério?

Ele me fita profundamente, com um brilho diferente nos olhos, uma determinação que nunca vi antes.

— Estou sim, Amélia. Eu quero te mostrar que pode confiar em mim, que não te vejo apenas como uma mulher que quero levar para a cama. Poderia me dar essa chance, por favor? — Sua voz é tão meiga e gentil que me faz estremecer. No entanto, hesito em responder. Não sei o que fazer. Não quero confiar nele novamente. — Amélia, eu prometo que irei fazer do jeito certo dessa vez — ele diz com tanta convicção, me aguardando ansioso.

— Tudo bem, podemos tentar fazer isso, mas isso não significa nada entre nós.

Renzo sorri timidamente e meu coração se derrete.
Amigos, Amélia, amigos.

— Eu sei e não irei forçar nada.

— Mas agora eu não posso jantar com você. Eu prometi que levaria minha irmã para jantar comigo hoje e depois vamos para o parque. De qualquer forma, só acho que eu vou aceitar jantar com você se eu realmente pensar em dar uma chance para nós dois e então aí você poderia me chamar.

Renzo parece um pouco decepcionado, mas assente.

— Tudo bem, divirta-se com Celeste. Só irei te chamar para sair quando você se sentir à vontade com isso.

Afirmo com a cabeça.

................


O dia do gala beneficente finalmente chega e estou um pouco neurótica com isso porque não tenho um vestido tão sofisticado para a ocasião. É um evento de gala, as pessoas estarão bem vestidas e eu não tenho nada tão bonito e tão caro. Até fui em uma loja, mas o vestido custa mais do que o meu salário de assistente. Não tenho a mínima condição de gastar tanto em algo assim.

— Amélia, eu posso entrar? — Lurdes pergunta depois de bater na porta.

— Claro, entra! — grito do closet. Logo, ela aparece na minha frente. Ainda estou pensando em qual vestido menos ruim irei usar que tem no meu closet.

— O senhor Renzo mandou eu entregar algo para você — fico surpresa.

— O quê? — pergunto curiosa.

Ela faz um sinal para eu segui-la até a minha cama e é quando eu vejo um vestido deslumbrante arrumado na minha cama. É perfeito, cada detalhe, é muito bonito. Sorrio pegando o vestido e admirando-o.

— Ele está em casa? — questiono a Lurdes, meus olhos ainda no vestido, é do meu tamanho certinho.

— Ele disse que só veio trazer o vestido e tinha que ir a uma reunião de negócios. Ele falou também para ligar se não gostar do vestido, que você poderia escolher outro.

Renzo realmente me surpreendeu nisso. Ele está tentando me conquistar do jeito certo, respeitando a mim principalmente. Ainda não sei se vai rolar algo entre nós, acho que é cedo para pensar nisso. Ele parece conhecer bem o meu gosto, porque esse realmente seria um vestido que eu usaria. Ele está se esforçando e admiro muito isso.

— Esse vestido é perfeito.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora