Capítulo 58

20.2K 1.1K 95
                                    

Renzo Santoro

Há algumas coisas que nunca imaginei que aconteceriam comigo: meu pai preocupado comigo e até parece real. Eu me pergunto se estou em algum tipo de sonho ou sei lá em transe, visto que a minha mente está confusa com os acontecimentos. No entanto, parece ser real, Natalie está ao lado dele. Minha irmã, como sempre, está com um belo sorriso no rosto, como se nada a abalasse, mas eu a conheço o suficiente para saber que, seja lá quantos dias tenha passado nesse hospital, ela ficou noites acordadas e preocupada comigo.

O médico disse que estou bem, apesar de um braço quebrado e alguns machucados pelo corpo. Soube também que houve uma cirurgia porque eu estava com hemorragia interna por causa do acidente e tive uma parada cardíaca. Não me recordo detalhes do acidente, às vezes algumas imagens vêm e vão como flashes. Fiquei em estado de coma por 13 dias, foi o que meu pai disse. Enquanto estava nesse sono profundo, a única voz que eu escutava ao longe era de Amélia, sua voz suave.

Amélia... estou louco para vê-la.

— Onde a Amélia está? — pergunto. Minha voz sai um pouco mais baixa do que o esperado.

— Ela está lá fazendo fisioterapia, mas vou ver se ela já terminou — diz Natalie.

— Eu quero vê-la — peço.

Não posso esperar mais um minuto para vê-la, para ter certeza absoluta de que está bem, embora minha irmã tenha dado os detalhes sobre tudo o que ocorreu desde que acordei.

— Claro, ela está bem e louca para te ver. Vou dar uma olhada para ver se já terminou.

Natalie sai do quarto, entretanto meu pai continua paralisado no lugar, ainda me encarando. Queria saber o que ele está pensando nesse exato momento. As coisas que devem passar pela sua cabeça. Mas eu espero que o principal seja o arrependimento por todas as maneiras que me tratou, e espero que ele perceba o tipo de cara que ele colocou para ficar de olho em mim, o principal envolvido no meu estado atual.

Ele parece querer dizer alguma coisa, abrindo a boca, mas logo se cala, parecendo se arrepender. É incapaz de admitir os próprios erros também, mesmo sabendo que Alex foi o culpado de todas as coisas ruins envolvendo o meu nome. É incapaz de pedir perdão por ter maltratado, humilhado e me agredido diversas vezes.

Desvio o olhar, não quero ver o seu desprezo em relação a mim, mesmo aqui podendo sentir.

Nunca entendi o porquê do meu pai não gostar de mim. Sinceramente, nunca fiz nada tão ruim a ele. Nunca fui de aprontar, sempre fui o garoto obediente. Claro que, por pressão e me sentir preso diversas vezes, descontava no álcool, mas no outro dia me concentrava nos meus objetivos e a seguia cegamente. Ainda assim, isso fica entalado na minha garganta como um nó, e tudo o que quero é saber o porquê.

— Quer dizer algo, "pai"? — pergunto, notando a acidez em minha voz.

Não o encaro ainda, meus olhos percorrem a mão que não está engessada, friccionando os dedos, que ainda dá um leve desconforto.

Ouço seu suspiro demorado.

— Não, só ia dizer que você terá o melhor tratamento para se recuperar e tomar o seu lugar de CEO na empresa, então você tem que se recuperar logo.

Ergo a cabeça e fixo meus olhos nos dele, sentindo meu corpo queimar de raiva. Não é possível que é nisso que ele pensa: eu me recuperar logo para voltar para a maldita empresa que ele mesmo quis me tirar.

— É sério que a única coisa que te importa é isso? Acho que você adoraria que eu tivesse morrido no lugar do Alex — solto as palavras que deixam um gosto amargo em minha boca.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora