Capítulo 55

16.9K 1K 28
                                    

Natalie Santoro

Liguei imediatamente para os pais de Amélia para dar a notícia de que ela precisava de doação de sangue, por sorte o sangue dela não é raro, mas é sempre bom ter os pais por perto para o caso de precisar de doação e eles estiverem. A mãe dela chega louca de preocupação com a filha e o pai também parece preocupado.

Expliquei toda a situação do jeito que pude. O médico ainda não havia voltado desde o momento em que tinha falado com ele na última vez, o que me deixa apreensiva com medo de que algo tenha dado errado. Já se passaram horas e nada, meu pai aparece depois de quase duas horas. Ele parece estranho. Caminho até ele, deixando Diego com os pais de Amélia.

— Tem alguma notícia? — pergunta cinicamente.

Quero gritar com ele porque ele saiu quando deveria estar aqui com Renzo, mas não, ele tem que ser um grande idiota o tempo todo.

— Saberia se tivesse aqui, onde você estava? Os médicos deram a notícia de que o seu filho teve uma parada cardíaca, sabia? Ele quase morreu e está lutando para sobreviver e você nem estava aqui! — digo irritada.

Ele faz uma carranca, franzindo o canto dos lábios, e passa a mão no rosto.

— Eu estou preocupado com ele, tá bom? Fui descobrir que merda aconteceu, e sabe o que descobri? Que o seu tio estava no carro com ele. Vim do IML e era o seu tio um dos mortos. O outro, não faço ideia de quem seja.

Estou em choque. Como assim o tio Alex está morto? O que ele estava fazendo com o Renzo? Quanto mais penso, mais esse quebra-cabeça parece não se encaixar. É inacreditável saber que ele está morto; não que eu morresse de amores por ele, mas é uma vida que se foi. Não nos dávamos bem. Ele nunca gostou muito de mim e do Renzo; isso sempre foi evidente, mas essa morte... eu não sei.

— E a Marina, já sabe? — pergunto, uma pontada de dor no peito. Marina é esposa do meu tio. Os dois têm um filho e agora o pobre do Igor vai ficar sem pai. Ele só tem 7 anos.

— Sim, tive que ligar para ela...

Noto que ele parece triste, uma parte dele que nunca vi na minha vida. Nunca vi essa vulnerabilidade. Os dois eram próximos do jeito deles, não irmãos como Renzo e eu, mas o meu pai tinha confiança. É sangue dele, afinal. Sinto muito por ele também, por ter morrido.

— Eu sinto muito, pai — digo, tentando consolá-lo.

Queria poder abraçá-lo, mas ele não gosta disso, e se eu fizesse, é capaz de me empurrar. Ele nunca foi de mostrar afeto ou empatia por ninguém, nem pelos próprios filhos. É um homem impenetrável.

Ele assente, suspira e olha além de mim, para trás, onde estão os pais de Amélia e Diego. Seu olhar é distante.

— E a garota?

— Os dois foram para a cirurgia.

— Melhor você ir para casa, e eu vou ficar aqui e te manter informada de tudo. Você não parece nada bem — comenta, analisando meu rosto.

Franzo a sobrancelha. Nem morta que vou sair daqui. Não estou me sentindo bem, o que é completamente normal quando se descobre que o seu irmão está em estado grave e que o seu tio morreu. Não tem como eu ficar bem nessa situação.

— Eu não vou a lugar nenhum — falo firme.

— Certo — diz, seco, e caminha para sentar em um sofá para aguardar notícias. Eu volto para o meu lugar de antes.

Horas mais tarde, o médico aparece.

— Conseguimos conter a hemorragia do paciente Renzo; ele está em cuidados intensivos, assim como a paciente Amélia, que também ficará na UTI para observação. Fizemos a transfusão de sangue; seu estado é estável.

Estou feliz que Amélia está estável. Isso é bom. Estou feliz por terem conseguido parar a hemorragia de Renzo.

— Podemos vê-los? — a mãe de Amélia pergunta.

— Não, eles estão em observação, mas amanhã poderão vê-los — explica o médico.

                       ......................

Entramos na sala na manhã seguinte. Na verdade, entrou a mãe da Amélia e eu primeiro, porque não pode entrar muita gente. Renzo e Amélia estão praticamente no mesmo quarto, divididos apenas por uma espécie de cortina no meio. Me aproximo do meu irmão, que está sedado porque está entubado. Noto os machucados visíveis e um braço quebrado, que está enfaixado com gesso. Seguro sua mão por um momento, só para sentir que ele está realmente vivo. Ele teve sorte, os médicos disseram, por ter sobrevivido. Ele vai ficar bem, eu sei disso, só espero que seja logo.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora