Renzo Santoro
— Renzo, já coletei todos os documentos do projeto para tomarmos medidas legais. Se conseguirmos provar que a nossa empresa já estava trabalhando nesse projeto antes, poderemos processar o Leonardo por plágio — diz Lara, mas mal presto atenção em qualquer coisa, minha mente está longe daqui.
— Bom — respondo monotonamente, tamborilando uma caneta na mesa sem perceber.
— Você está me escutando? Parece que está em outro lugar — reclama ela. Suspiro, solto a caneta na mesa e a encaro. Lara mostra uma expressão de chateada.
— Sim, estou. Faça o que tiver que fazer, só traga resultados. Eu terei que viajar hoje para os Estados Unidos, para resolver algo da empresa de Nova Iorque.
— Sério? Isso foi repentino.
— Nem me diga, meu pai me disse isso de última hora e quer que eu vá.
Ela assente.
— Que tal nos divertirmos antes de você ir, Ren? Estou com saudade de você — ela diz, sem nenhuma vergonha aparente, abrindo um pouco do decote da blusa social e se aproximando de mim, passando as mãos em mim sem nenhum pudor.
Em outra época, eu ficaria com ela aqui mesmo, sem me importar com nada. Mas Lara não me atrai mais. É claro que, como sou homem e carne é fraca, a vejo como um desejo carnal e nada mais. Mas não consigo olhar para outra mulher que não seja Amélia. Toda vez que penso em dormir com qualquer uma por aí, ela aparece na minha mente. E não sei por que fico desse jeito. É como se nenhuma mulher me atraísse mais, exceto ela. E olha que só beijamos uma única vez e nem passamos disso. Realmente, isso está mexendo com a minha cabeça e minha sanidade.
— Não estou afim — digo, tirando sua mão maliciosa de mim.
— Não está afim? Desde quando? Você nunca me rejeita e agora está, e não entendo. Não vai me dizer que é por causa da sem graça da Amélia? — ela está irritada. É claro que ser rejeitada não é algo que acontece com Lara. Quem a rejeitaria? Ela é Lara, uma advogada renomada, independente e faz tudo para conseguir o que quer. Mas ela alimenta uma queda por mim que nunca vou poder suprir. Também não gostei do jeito que ela falou da Amélia.
Não respondo à sua pergunta, e isso lhe dá a chance de falar mais:
— Não vai me dizer que de repente está apaixonado por ela e por isso está me rejeitando? Você mesmo disse que estava sendo obrigado a se casar com ela. Lembra disso quando foi até a minha casa ficar comigo no dia do casamento? — diz raivosa, abotoando os botões da blusa.
— Lara, eu não estou afim, ok? Eu só quero ficar sozinho — digo de forma rude.
Ela bufa, fazendo uma carranca.
— Me diz, Renzo, você está gostando dela, é isso?
Fecho os olhos, tentando conter minha irritação. Nem eu sei o que sinto por aquela mulher, só sei que Lara já está me irritando com esse ciúme.
— Lara, se eu gosto dela ou não, o que isso importa? Eu estou casado com ela, não estou? Então para com esse ciúminho. Você sempre soube que a gente nunca teve nada — minha voz sai raivosa.
— Nossa, você é muito babaca, Renzo — ela cospe as palavras antes de sair, batendo a porta com força. Cerro os dentes e solto uma respiração pesada, tentando assimilar tudo isso.
Volto para casa e encontro Amélia e Celeste no apartamento. Como eu tinha que resolver umas coisas antes de ir para os Estados Unidos, falei para ela ir embora com o motorista da empresa que a trouxe em casa. Amélia e Celeste não parecem nada felizes em me ver. Sinceramente, não me lembro de ter feito algo dessa vez para receber os olhares matadores delas na minha direção quando dou um passo para a sala.
— O que eu fiz dessa vez? — Indago.
— O que você não fez, quer dizer né? Renzo, hoje foi o jogo da Celeste — Amélia diz furiosa.
Ah, merda! Esqueci completamente! Com essa coisa de viagem, não me lembrei do jogo da Celeste. Eu prometi para ela que iria... mas obviamente já acabou e Celeste não parece nada feliz comigo.
— Você prometeu que iria! Mentiroso! — Celeste berra, seus olhos parecem meio marejados. Me sinto muito culpado por isso.
— Eu sinto muito, Celeste. Eu juro que eu ia, mas eu tive que resolver umas coisas e não tive tempo — tento explicar, no entanto ela continua irritada, igualzinho a irmã.
— Celeste, vai para o meu quarto — pede Amélia à garota, que logo sai da sala com sua bolsa nas costas, desaparecendo no corredor que vai ao quarto, mas não antes de me lançar um olhar triste.
— Você tem noção do quanto a magoou? Ela ficou te esperando o jogo inteiro e nem conseguiu se concentrar por sua culpa. Eu falei para você não prometer que iria, porque eu já sabia que você não ia conseguir cumprir — Amélia diz irritada.
— Eu não fiz isso de propósito, Amélia. Eu tive que resolver algumas coisas porque vou viajar hoje, para ser preciso, daqui a duas horas.
— Isso é só uma desculpa, Renzo. Eu sei muito bem que, independentemente disso, você não iria, porque você só se importa com você mesmo — os cantos dos seus olhos se franzem, seus olhos avelã perfuram os meus.
Não retruco porque ela tem razão. Só me importo comigo mesmo.
— Quer saber, tanto faz. Tenha uma boa viagem — grunhi, mas fico chateado comigo mesmo por deixá-la desapontada. Eu estou realmente me sentindo culpado por isso?
Esfrego as têmporas.
— Desculpa de verdade — ela parece surpresa com o meu pedido, afinal, não sou do tipo que anda se desculpando com ninguém, mas se isso vai fazê-la parar de ficar chateada comigo, eu faço.
Estou realmente mostrando um lado meu que não mostro a ninguém. Estou deixando Amélia entrar na minha vida e na minha mente sem nem perceber. Logo eu, que disse que nunca isso iria acontecer. Mas por que é tão difícil afastá-la? Por que é tão difícil tratá-la igual faço com todo mundo?
— Vai precisar mais do que um pedido de desculpa — ela diz duramente e afasta-se, indo em direção ao seu quarto.
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Uma Aliança De Contrato
RomanceAmélia Ferrari acaba de voltar do internato de Londres depois de 3 anos. Ela só não imaginava que esse tempo fora viria cheio de surpresas, começando com algumas notícias sobre sua família circulando pelo país e a decadência da empresa da família. N...