Capítulo 52

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Amélia Ferrari

— Deixa ela ir embora. Amélia não tem nada a ver com isso. Se quer me matar, me mate, mas deixe ela ir — Renzo implora ao miserável Alex, que ri como um demônio.

— Renzo, eu nunca te deixaria sozinho, nem se eu estivesse louca.

Minha voz sai chorosa e assustada, refletindo como me sinto, com muito medo do que vai acontecer conosco.

Como ele pode achar que deixarei ele sozinho lidando com esse psicopata?

Nunca imaginei que o próprio tio do Renzo seria o que o prejudicou tanto, nunca imaginei que hoje eu estaria na estrada da morte. Vamos morrer, e está nítido como a atmosfera pesada desse carro, carregado da noite escura em uma estrada que imagino que será o destino onde esse desgraçado irá nos matar e fazer de nós pó, como ele mesmo disse.

— Cale a boca, sou eu que falo aqui! — o louco aponta uma arma para nós dois, uma ameaça explícita no olhar selvagem.

Renzo fica rígido, e eu engulo em seco.

— Seu ódio é por mim, ela nunca fez nada a você — Renzo insiste.

Eu fecho os olhos, implorando aos céus que isso seja um pesadelo. Em um momento estávamos no apartamento, e repentinamente estamos à beira do precipício.

— Não sou burro, Renzo. Acha mesmo que vou deixar essa garota viva, ou você? — ele diz, abro os olhos percebendo que isso é real, muito real.

— Já estamos quase perto, senhor — informa o motorista a Alex, que vira e volta a sentar em seu lugar, mas não antes de nos ameaçar novamente com a arma.

Até agora, não faço ideia de quem seja o outro indivíduo, talvez alguém contratado pelo jeito respeitoso que fala com Alex.

Renzo me encara, como se pedisse desculpas, como se tudo isso fosse culpa dele. Mas não é culpa dele, não mesmo. Eu só quero que ele saiba disso, que o amo, e que passaria por tudo de novo só para ficar com ele. De repente, o peso de não ter dito que o amo se torna grande demais, e quero soltá-las, libertá-las.

— Eu te amo — deixo as palavras saírem como uma fumaça, que inibe o ambiente. É quase sufocante, mas é a sensação libertadora. Se for para morrer, que pelo menos eu tenha dito isso a ele.

— Amélia... — ele sussura com um nó na garganta e os ombros caídos.

Eu quero chorar e quero gritar, porque não é justo. Estávamos indo tão bem e as coisas acabaram assim, e eu não posso nem abraçá-lo. E as lágrimas patéticas descem pelo meu rosto.

— A despedida do casal, que fofo — desdenha Alex, nos observando pelo retrovisor. — Pare logo ali, é onde vamos nos livrar desses dois — ordena ao outro.

Não sei para onde estamos indo, só sei que está tudo escuro e um ar pesado. A única coisa que está nítida é a luz do farol e o ar frio da noite. Seja lá para onde vamos, vai ser o local onde esse homem vai arquitetar seu plano.

Renzo me olha intensamente, só que dessa vez a um tipo de determinação que sempre vejo quando está trabalhando. Fico um pouco confusa quando ele faz um sinal sutil para o banco do motorista, no qual estou atrás, e depois entendo quando ele avança para o seu tio, dando um jeito de colocar os braços amarrados ao redor do pescoço do mesmo, sufocando-o. Eu uso todo o meu impulso com os meus pés amarrados para pressionar o motorista, para não dar a chance dele pegar Renzo. O motorista fica preso de cara no volante com a pressão que faço, enquanto faço isso, sentindo a adrenalina percorrer o meu corpo e os meus batimentos cardíacos acelerarem. Noto que Renzo ainda está lutando para manter o tio sobre os seus braços. Alex tenta com as mãos tirar Renzo de cima dele. Noto a raiva fervilhar dentro de Renzo, o ódio e determinação para nos manter vivos.

O carro fica desgovernado pela estrada e, em um momento, bate em algo na estrada e começa a acelerar sozinho, jogando Renzo e eu com toda a força para trás. Entao, o carro desequilibra, batendo em algo de novo e capotando.

Sinto o meu corpo ser arremessado e chacoalhar para todos os lados no carro, e o terror invade o meu corpo. Depois disso, nada.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora