Capítulo 32

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                 Amélia Ferrari

— Obrigada por ter se aberto um pouco comigo — comento, deitando em seu peito. Renzo acaricia meu braço. Estamos deitados no sofá assistindo a um filme depois da conversa que tivemos e o desabafo de Renzo.

Saber o quanto ele sofreu mexeu comigo, o pai dele é cruel em todos os sentidos. As coisas que fez com o filho são horríveis, nem merece ser chamado de pai. Agora eu entendo o jeito que Renzo lida com tudo, é seu jeito de se proteger, sua alta defesa.

— Agora você sabe um pouco de mim.

— Eu sinto por tudo que passou com o seu pai, você não merece nada do que ele faz.

Meu pai me criou para temê-lo, não para amá-lo — ele aperta mais meu corpo contra o dele, beijando o topo da minha cabeça. Eu sei o que Renzo quer dizer, deve ser horrível passar por tudo isso.

— Me conte um pouco sobre você, Amélia. Você disse que sei tudo sobre você, mas a verdade é que não sei nada — ele diz.

— O que quer saber? — pergunto, brincando com a bainha de sua camisa.

Ele fica em silêncio, pensando.

— Qual é a sua comida preferida?

Ergo o rosto para encará-lo, com uma sobrancelha erguida.

— Está perguntando isso para me levar para jantar? — brinco. Ele faz uma cara pensativa e depois sorri.

— Talvez? Você aceitaria jantar comigo em um restaurante?

— Claro que sim.

Seu sorriso se estica ainda mais.

— Eu adoro tacos, tacos são bons. Senti falta disso quando estava em Londres.

— Acho tacos excelentes também.

— O que você gosta de fazer? — Faz outra pergunta, penso por alguns segundos.

— Não sei... quando eu não estava em Londres, vivia em casa estudando. Meus pais não me deixavam fazer muita coisa. E em Londres, eu vivia em um internato, então a única coisa que sempre tive para me divertir eram livros.

Ele assente.

— Qual é o seu livro favorito?

— É difícil escolher, mas amo qualquer livro que tenha romance com fantasia. E você, o que gosta de fazer além de trabalhar?

— Trabalhar, com certeza, não é algo que eu goste, mas gosto de treinar e ler também. Embora meu tipo preferido não seja romance, prefiro mistério e suspense.

— Achei que você gostasse de trabalhar com arquitetura, já que é tão dedicado ao seu trabalho — comento. Ele dá de ombros, olhando para longe.

— Algo que você é obrigado a fazer por fazer é difícil se tornar uma paixão.

— Se não fosse arquiteto, o que você gostaria de ser então? — pergunto, curiosa.

— Sinceramente, não faço ideia. Desde criança, meu pai me moldou para seguir os passos dele, então nunca passou pela minha cabeça outra coisa que eu quisesse fazer. Não tenho essa vontade de querer algo mais. Isso é tudo o que sou, é tudo o que tenho. Sempre tive que me dedicar muito para estar no topo dos melhores alunos e dar orgulho ao meu pai. Todo esse esforço exigido por ele, pelo menos, me fez entrar em Princeton, o que mesmo assim não foi suficiente para ficar satisfeito.

Fico chocada. Princeton é uma das universidades mais difíceis de entrar no mundo, e Renzo conseguiu.

— Nossa, isso é muito legal. Você entrou em Princeton!

Ele levanta uma sobrancelha, me encarando como se eu fosse doida.

— Você parece surpresa com isso — comenta.

— Você é praticamente um gênio.

Ele dá uma risada.

—Posso dizer que sim, pulei duas séries na escola. Eu era o irmão gêmeo inteligente, Natalie me odiava quando éramos adolescentes por causa disso. Dizia que eu peguei toda a inteligência e a deixei sem nada — se gaba.

—Metido — brinco.

Ele ri.

—Mas é sério, eu gostava no começo de fazer arquitetura. Desenhar era divertido, mas depois que tive que assumir tanta responsabilidade nas costas por ser o CEO, tantas obrigações, tantas coisas que tenho que resolver, as coisas se tornam exaustivas.

Assinto.

—Entendo, mas eu gostaria de ter uma rotina assim. Quando criança, imaginava sendo uma grande CEO.

— Posso até imaginar você sendo uma, pelo menos tem o gênio forte pra isso.

Rio com isso.

—Meu pai nunca deixaria eu assumir a empresa dele, no entanto, então é só um sonho — dou de ombros, Renzo segura minha mão brincando com ela.

—O mais lógico é que você assuma o lugar dele, não é? Você é a filha mais velha...

—Meu pai acha que uma mulher não pode assumir uma empresa.

—Você sempre terá um lugar na minha empresa e pode crescer nela, assumir um cargo importante, quem sabe até uma CEO.

Sorrio e me aconchego nele. Sinto como se finalmente o estivesse conhecendo.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora