Capítulo 54

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Natalie Santoro

Diego me puxa para perto dele quando vejo uma pessoa gravemente ferida, e não é uma pessoa qualquer, é Amélia.

— Tem uma mulher ferida aqui! — é a voz de Dean gritando para os policiais. Ele caminha até ela enquanto observo tudo em choque. Noto Dean checando os sinais vitais dela. Tomara que ela esteja viva.

— Ainda há batimentos cardíacos, ligue para uma ambulância vir aqui!

O que está acontecendo? Se Amélia não é um dos corpos que encontraram, quem pode ser o outro? Eu peço aos céus que meu irmão ainda esteja vivo em algum lugar.

— Ela vai ficar bem, né? — pergunto apreensiva a ele, enquanto alguns policiais se juntam por perto.

— Eu não sei...

— Encontramos outro ferido próximo a uma árvore — anuncia outro policial. Ferido? Não morto, ferido.

Meu coração se enche de esperança. Talvez seja o Renzo, talvez ele esteja vivo como Amélia. Sem esperar, vou correndo em direção a outro policial.

— Onde está? Eu preciso ver — peço, o policial, olhando para o meu estado abatido, acaba cedendo e me leva até o local mais para dentro da mata, onde tem outro policial próximo ajudando e com uma lanterna iluminando.

Quando chego mais perto, meu coração parece que vai sair do peito: é Renzo, meu irmão, está desacordado, mas noto que ainda respira. Meus olhos se enchem de lágrimas, ele está todo machucado, assim como Amélia. Dá para ver que os dois estão muito mal, mas pelo menos estão vivos.

Logo a ambulância chega e coloca os dois dentro. Diego e eu seguimos a ambulância de carro. Ligo para o meu pai com as mãos tremendo, ele só atende no terceiro toque.

— Por que está me ligando a essa hora? Sabe que eu odeio ser interrompido no meu horário de dormir! — diz irritado na linha. Contenho um grunhido de raiva e não rebato, pois não estou afim de brigar quando há algo mais importante, que é o estado do meu irmão.

— Renzo e Amélia tiveram um acidente e os dois estão em estado grave, estão levando-os para um hospital.

— O que? Está falando sério? — Mesmo o grande Ivan, sendo um homem sem coração, noto que há uma pitada de preocupação em seu timbre de voz elevado, fungo antes de responder.

— Sim, eu nunca brincaria com isso, vou te mandar o endereço.

— Me manda que vou agora mesmo.

Encerro a ligação e envio o endereço do hospital, minha mente vagueia tentando me manter vigilante, penso que podem ser as outras pessoas que estavam no carro que morreram, e sinto que tem algo muito errado nisso tudo. Renzo nunca sofreu um acidente de trânsito na vida, é um ótimo motorista. Tenho tantas perguntas.

Chegamos no hospital ao mesmo tempo da ambulância, praticamente saio correndo do carro sem esperar Diego. Vendo a equipe médica socorrendo Renzo e Amélia e levando para dentro do hospital, sigo eles querendo acompanhá-los até onde eles serão levados para uma sala, uma mulher me para.

— Você não pode entrar — diz ela severa.

Quero dizer que quem está aí é o meu irmão e a minha cunhada, mas não adiantaria. Ao invés disso, fico parada vendo eles se afastarem.

Que eles fiquem bem.

Diego para ao meu lado e me conduz para um banco para sentar ali perto.

— Fique calma, eles vão ajudá-los — passo a mão no rosto, ainda sentindo náuseas pelo corpo. Meu noivo coloca a mão no meu ombro massageando — Talvez seja melhor você ser examinada também, não parece nada bem — completa ele. Faço que não, nem morta que eu vou entrar em uma sala dessa não antes de ter notícias dos dois, falando que estão bem e fora de perigo.

Logo o meu pai chega, franzindo o rosto com cara de poucos amigos.

— Por que trouxeram eles para um hospital público? — indaga.

— Eles estavam muito mal, tiveram que trazer para o hospital mais próximo.

Ele bufa.

— Como o Renzo está?

— Não sei, ninguém veio falar nada comigo até agora.

— O que aconteceu para terem o acidente? Bateram em outro carro?

— Eu não sei também, parece que o carro perdeu o controle e capotou várias vezes e parece que tinha quatro pessoas no carro, dois morreram e só Amélia e Renzo escaparam com vida.

— Quem eram os dois?

Meu pai fica enchendo de perguntas, que eu adoraria ter resposta. Ele está visivelmente irritado, quando na verdade era para estar preocupado. O filho dele acabou de ter um acidente, mas não vejo nada no seu rosto, além de raiva, como se estivesse culpando o Renzo como sempre, como se a culpa fosse dele.

Ranjo os dentes e aperto os olhos.

— Eu não sei! Eu só quero que o meu irmão fique bem e você devia se preocupar com isso também!

Ele arqueia as sobrancelhas e me olha descontente, e sai do hospital. Ótimo, vai embora.

Parece que passam horas até um médico aparecer, e eu vou até ele, já que parece que ninguém daqui dá um mínimo de atenção para uma mulher que está quase tendo um ataque cardíaco de preocupação.

— Os dois pacientes que chegaram aqui, como eles estão? — pergunto.

— Você é parente deles? — pergunta sem me olhar. Seus olhos estão fixos no fichário na sua mão, percorrendo com a caneta como se tivesse pontuado algo importante.

— Sim, um é o meu irmão e a outra minha cunhada.

Ele se vira para mim e começa a explicar o estado dos dois. Eles estão em estado muito crítico. Amélia perfurou um pulmão, teve algumas fraturas ósseas, e hemorragia, o que ela vai precisar de transfusão de sangue, porque perdeu muito sangue. Renzo teve uma parada cardíaca, mas eles conseguiram estabilizá-lo e algumas fraturas. No entanto, está com hemorragia interna e terão que fazer uma cirurgia o quanto antes. Os dois foram levados para a sala de cirurgia às pressas, enquanto eu fico aguardando apreensiva, com medo de que algo ruim possa acontecer.

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