Capítulo 56

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Amélia Ferrari

Lentamente, meus olhos se abrem, sendo ofuscados pelo teto branco acima de mim. Sinto um peso nas pálpebras e uma certa dificuldade em manter os olhos abertos. Sinto algo segurando a minha mão e tento inclinar a cabeça para olhar, mas logo um lampejo de dor percorre meu corpo. Logo vejo uma figura ocupando meu campo de visão, pouco a pouco deixando de ser um borrão para se tornar minha mãe, com uma expressão de preocupação nítida no rosto.

— Não se esforce, filha — diz ela, embora para mim pareça tão distante.

Minha cabeça está confusa enquanto observo o lugar do jeito que posso, um quarto banhado de cor branca, com aparelhos médicos que logo percebo que estão conectados em mim.

O que estou fazendo no hospital? Tento me levantar atônita, mas minha mãe gentilmente me empurra para a cama novamente. Então, minha respiração se torna um pouco forte e dolorida, e percebo que há uma máscara de ventilação cobrindo do meu nariz à boca. Minha mão puxa a máscara para tirar do meu rosto, e então percebo que há vários hematomas.

— Amélia, se acalme, está tudo bem. Essa máscara vai te ajudar a respirar melhor, filha — minha mãe diz suave, colocando a máscara de volta ao lugar. A encaro sem entender ainda o que aconteceu, ou por que estou em um hospital.

Escuto o aparelho medindo meus batimentos que se tornam cada vez mais acelerados.

— O que aconteceu? — minha voz sai abafada e baixa, e duvido que ela tenha escutado algo, mas parece que sim.

Ela alisa o meu cabelo com a mão.

— Você e o Renzo sofreram um acidente, lembra? — responde, observando com atenção, quase como se eu fosse uma porcelana, como se tivesse medo de que eu quebrasse.

Faço que não com a cabeça, pois parece que não consigo dizer uma palavra sem sentir uma pontada de dor. Tento forçar a minha cabeça para lembrar o que aconteceu, mas nada além de pequenos fragmentos incompletos. Mas Renzo, onde ele está? Sinto um aperto enorme no peito, preciso dele agora, preciso saber como ele está.

— Cadê o Renzo? Ele está bem? — a voz sai lenta e fraca.

Noto que alguém entrou no quarto quando a cortina se afasta, revelando Natalie, que me dá um sorriso pequeno e vem até mim.

— Que bom que acordou. Como se sente? — pergunta, notando que Natalie não parece nada bem. Ao redor dos seus olhos está com olheiras e seu cabelo, que está sempre impecável, está bagunçado. Seu rosto está abatido.

— Como se tivesse sido atropelada... Mas o Renzo, como ele está?

Uma onda de preocupação invade o meu corpo.

— Ele ainda está sedado, mas ele vai ficar bem. Então, se preocupe com sua recuperação — o jeito que ela fala não me dá muita confiança. Estou com medo de que algo ruim tenha acontecido com ele. Não posso simplesmente ficar parada aqui e esperar, e então tento me levantar de novo me sentando. Não paro, mesmo sentindo dor, e tiro minhas pernas para fora do lençol, percebendo que a minha perna esquerda está engessada.

— Amélia, deite-se. Vai acabar se machucando desse jeito — Natalie diz junto com a minha mãe, e ambas me obrigam a ficar na cama de novo.

— Mas eu quero vê-lo...

— Tudo bem, mas não fique fazendo esforço — dito isso, ela puxa a cortina, onde posso ver Renzo deitado na cama. Parece que está dormindo. Está tão machucado quanto eu, e está intubado.

Me dói vê-lo assim. Queria poder ir até lá e segurar sua mão. Queria também saber o que aconteceu.

— Por que ele não acordou ainda? — indago preocupada.

— Ele está sedado. Por isso não acordou — responde.

— Eu não me lembro do que aconteceu...

— É normal. Você acabou de acordar de uma cirurgia. Logo você vai se lembrar.

Eu nem sei se quero me lembrar.

................

Acordo ofegante na cama, minha respiração se torna irregular, o que assusta a minha mãe, que logo vem até mim, passando a mão em meu rosto. Sonhei com o acidente, me lembrando de tudo nitidamente. Como o Alex nos sequestrou e nos colocou no carro do Renzo, e ele foi o responsável por todas as coisas que aconteceram com Renzo. Ele machucou a Giulia e queria matar o bebê dela porque é filho dele. Ainda quis parece que foi o Renzo que fez tudo. Ele ia nos matar, e então o carro perdeu o controle quando tentamos achar uma escapatória e acabou capotando não sei quantas vezes. Agora estou no hospital, e Renzo também...

Se aquele homem escapar do acidente junto com o seu ajudante, ele vai tentar nos matar de novo, tenho certeza.

Me sinto inquieta e se ele estiver aqui, e se estiver ao lado de Renzo nesse exato momento?

— Amélia? O quê você está sentindo? — indaga minha mãe, assustada.

— Eu preciso ficar perto dele. Me ajude a ficar do lado dele... — me sento na cama com dificuldade e minha mãe me olha atordoada.

Minha mente começa a imaginar vários cenários horrendos e só disso sinto uma falta de ar. E essa maldita máscara parece estar me sufocando, puxo ela.

— Amélia, você não pode fazer esforço. Tem que ficar deitada. Renzo está aqui perto de você.

Não escuto o que ela diz. Ela não sabe que Renzo pode estar em perigo neste exato momento, que até mesmo o Leonardo pode ter a audácia de vir aqui terminar o que o tio de Renzo planejou, já que os dois aparentemente trabalham juntos para acabar com Renzo, assim como a Giulia.

Minha mãe me segura e eu tento me soltar de seus braços. Vejo que ela apertou algum botão, pois uma enfermeira entra no quarto e olha para mim preocupada.

— Ela está muito nervosa e parece fora de si — diz minha mãe para a enfermeira, enfiando a máscara no meu rosto novamente.

A enfermeira se aproxima de mim, me estudando com os olhos e checando, e depois tenta aplicar algo no meu braço. Eu me debato para afastá-la, mas ela é forte.

— Isso é para você ficar calma — a enfermeira diz, enquanto aplica a coisa em mim e pouco a pouco sinto meus olhos sonolentos novamente.

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