CAP - 30

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Acordo antes mesmo do sol invadir a janela do quarto, sinto que meus olhos estão tão inchados...o perfume do tom me acalma, seus braços estão tão firmes me abraçando. Podia me sentir longe de qualquer perigo aqui. Me solto do seus braços e caminho até a cozinha.

Um zumbie...assim que me sinto, apenas no automático.

Um vazio.

Perdi algo dentro de mim que me faz sorrir, falar, pensar...

O luto.

Tomo um copo de água e vou até o quarto do georg, ele estava sentado em uma cadeira olhando o sol nascer, o que demoraria ainda uns trinta minutos, mas o céu já estava clareando.

——Como você está? —ele pergunta sem olhar pra trás, me reconheceu? Ou achou que era um dos meninos.

Sinto um nó na minha garganta antes de conseguir responder, então ele gira a cadeira em minha direção, estava com os olhos avermelhados, parecia ter chorado a madrugada toda.

——Pode vir S/n...vem cá. —ele diz batendo no peito, eu sinto meus olhos lacrimejar novamente, então começo a chorar enquanto caminhava para os braços do Geo, me sento no meio das suas pernas e afundo meu rosto no seu ombro. Chorando mais e mais...era só o que eu sabia fazer desde que recebi a notícia a cinco horas atrás. Dormi tão pouco. Três horas, no máximo.

——O que eu vou fazer agora? —pergunto em meio às lágrimas.

——O de sempre maninha...ela não foi a mãe mais presente do mundo esses anos. —georg responde, ele parecia ter mágoa em sua voz...

Eu passei anos com ela, era minha mãe! Me criou. Me ensinou tudo sobre ser quem eu sou. Nao posso julgar a falta de afeto do geogr, mas ele não entende a minha relação com ela.

Éramos só nos duas. Contra tudo.

Até que vim pra cá.

——Ela disse que me amava e eu desliguei na cara dela. —Respondo sentindo a maior culpa dentro de mim.

——ela sabia que você a amava Boo. Mesmo não falando. Ela sempre soube, ok. —ele diz acariciando meus cabelos. Me dando conforto. ——Porque você não deita mais um pocuo, an? —ele diz se levantando comigo no colo. Me sentia uma criança.

——Eu não sei se consigo. —Respondo mesmo sentindo um cansaço gigante.

——Dorme um pouco, assim que o papai chegar eu acordo você. Não se preocupa. —ele diz com um sorriso gentil, mesmo que ele estivesse sofrendo também, tentava mostrar que estava tudo bem.

GEORG LISTING

08H34 AM

Vou até a cozinha e preparo um sanduíche para comer, em outro prato deixo um para a S/n...que provavelmente vai acordar daqui alguns minutos por não conseguir parar de sonhar com a mamãe.

Meu pai me ligou quase as três da manhã para dar a noticia. O voo que minha mãe estava errou a rota...ficou sem gasolina por voar mais do que deveria e então os motores pifaram.

Como algo tão bem preparado, recebendo a rota por um fone, mesmo assim consegue se perder no céu...

Minha primeira reação foi saber se a S/n já sabia, mas pelo que o tom falou antes de sair do meu quarto....cara ela deve estar atrasada.

Eu senti uma pontada no peito e mesmo não tendo uma das melhores relações com a mamãe...ainda doeu.

Ela não procurava mais a gente e nos também não ligavamos. Somos adultos e ficamos igual ela...é culpa nossa de alguma forma. Sempre esperava por ela. Nunca peguei meu celular para ligar, quer dizer...só fiz isso uma vez.

Tom entra na cozinha e passa seu olhar em todos cantos, ele vira as costas para ir embora do mesmo lugar que eu, mas então o interrompo.

——Ela tá dormindo no meu quarto. Relaxa. —Digo mesmo querendo que ele fosse embora. Ainda não conseguia aceitar que ele iria namorar ela.

Conheço o tom melhor que ninguém, nunca se apaixonou e se manteve ocupado a turnê toda com garotas...ele não tratava nenhuma como alguém especial, era só algo descartável. Minha irmã não ia ser mais uma se dependesse de mim.

Eu amo ele, é meu melhor amigo, mas ela é minha irmã e merece alguém que a valorize. Não veja ela só como um pedaço de carne.

——Como você esta? —ele pergunta parado na porta, sem manter contato visual.

——Vou superar. É só fingir que ela está na África. Como os cinco anos seguidos. —Respondo mordendo meu sanduíche.

——A S/n...—ele começa a dizer sem achar as palavras.

——Ela chorou até cair no sono. Perdeu a mãe mano, não espere que ela esteja sorrindo ou fingindo que está tudo bem como ela sempre está. Vai ter que aguentar ela chorando e a tristeza em sua volta. Bom...você disse que gosta dela não é? Quem sabe você tenta ser o cara que eu nunca vi ser e trate ela com dignidade e respeito nesse momento delicado. —Digo saindo da cozinha com o sanduíche que preparei pra S/n.

Sei que tô sendo um babaca, mas ele é mais! Tantas mulheres e tinha que ser justo minha irmã?!

Entro no quarto e vejo a s/n dormindo, coloco o prato na bancada ao lado da cama e me sento na cadeira, olhando ela dormir. Parece tão frágil...porra, como não vou ficar com medo dela ser usada por ele.

—Não! —ela grita se acordando, sentada na cama e a respiração acelerada ela bate os olhos nos meus, então começa a relaxar.

—outro pesadelo? —pergunto.

—eu vou ficar maluca...—ela diz passando as mãos no cabelo, sua voz era tão vazia quanto seus olhos escuros.

—Porque não toma um banho, nosso pai vai vir as nove e meia para nós levar para o enterro. —Digo suspirando, isso doeu em mim...lembrar que vamos velar a mamãe em algumas horas.

—Enterro? Já? —ela pergunta confusa.

—Quando nos ligaram, os corpos dos passageiros já estavam no iml...vamos sair hoje para enterrá-la amanhã de manhã. O nosso pai já arrumou tudo, passagens e hotel. Só precisamos ir. —Digo caçando alguma coisa para ela vestir.

—Não sei se consigo. —ela diz ficando em pé, com a camisa branca que batia em seus joelhos.

—Precisa ser forte. Se despedir...—Digo tentando motiva-la.

Ela consente com a cabeça e vai para o banheiro, solto o ar como se estivesse tentando segurar todas minhas emoções perto dela, era ruim demais tentar ser forte por outra pessoa.

Mas, qualquer um faria isso por ela. Qualquer um que a conhecesse iria dar a vida por ela.

Doce, frágil e gentil.

Isso é o que posso dizer sobre minha irmã, mesmo tendo um estilo poderoso e olhar marcante, sua alma ainda é de uma doce menina. Sempre será.





A irmã do meu melhor amigo -Tom kaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora