Cartada

795 97 42
                                    

Pov Juliette...

Acho que a última coisa que pensei visto tudo o que está acontecendo fosse que Sarah entraria em contato comigo,a verdade é que não esperava mais vê-la ou sequer ouvir sua voz,estava convicta de que tudo havia acabado,que eu jamais voltaria a encontrar aqueles olhos tão intensos e machucados, que voltaria a tocar naquela pele tão macia e traumatizada, ou escutar aquela voz tão marcante e agressiva. estava tentando me conformar que minha história com Sarah de fato havia acabado, e me perguntando em alguns momentos se chegamos a ter uma,afinal, apesar dos nossos momentos juntas ela nunca me permitiu conhecê-la por completo, o que talvez explique minhas reações quando situações como a do final de semana acontecem? Ou não, afinal, o que eu fiz vai muito além disso. Mas conhecendo-a por completo ou não, não muda o fato do que ela se tornou aqui dentro,o que passou a significar para mim e independente das suas ações recentes referente ao meu erro, ela continua viva e intensa nos meus pensamentos e coração. É ela. Sempre será.

- Onde está você, Sarah? - pergunto aflita enquanto o motorista do aplicativo anda pelas ruas sem um destino certo enquanto rezo silenciosamente para que a encontre por uma dessas ruas.

Fui até seu apartamento e o porteiro avisou que a última vez que a viu foi saindo para o trabalho, passei no bar onde a encontrei quando saí com Bill e também nada,liguei para Gil que também não soube me dizer onde ela está e acabei o deixando preocupado tanto quanto eu pelo "sumiço" repentino de Sarah. Não fomos a tantos lugares, quer dizer,nunca fomos a lugar algum, sempre vivemos tudo as escondidas,entre minha casa e a dela,na faculdade e o único lugar que ela se permitiu estar comigo sem tantos receios foi quando a levei no parque central.

- bato a palma da minha mão contra minha testa - mas é claro...como pode ser tão lerda assim, Freire? Bicha lesada.

Aciono o motorista sobre o meu novo destino e ele muda o endereço em seu GPS que agora o sinaliza para onde ele deve ir, não tenho certeza se ela está lá,afinal,só fomos uma vez e ela chegou a me confidenciar sobre ter retornado sozinha quando virou a noite e apareceu na faculdade em um estado fora do seu normal, e se tudo der certo,acredito que é lá que ela esteja.

- Por favor esteja lá,por favor esteja lá...- sussurro baixinho enquanto aperto minhas mãos.

Não demorou muito para que o motorista parasse na entrada do parque, a tarde começa a cair para dar lugar anoite,e agradeço ao rapaz antes de encarar o portão de entrada, suspiro dando um passo a frente,mas paro assim que ouço uma voz exaltada perto de algum desses carros estacionados.

- Foda-se se está seguindo ordens, me deixa em paz,voltarei para minha casa sozinha.

- Isso não é possível, preciso que me deixe conduzir o veículo, senhora Rios.

- NÃO ME CHAME DA PORRA DESSE NOME.

É a voz de Sarah? Sinto meu corpo se arrepiar entrando em estado de alerta,começo a seguir a voz por entre as vans e carros do estacionamento frente ao parque, e não é difícil localizar a loira que esbraveja para o rapaz de terno e bem afeiçoado a sua frente,e me escondo entre os carros para observar a cena.

- Não dificulte para mim,por favor?! - diz tocando em seu pulso.

- Não toque em mim - se afasta.

-  Se você forçar a barra com ela de novo eu chamarei a polícia. - saio detrás do carro mostrando a tela do meu celular para o rapaz que me olha surpreso,enquanto Sarah arregala os olhos apreensiva.

- Saia daqui,isso não é da sua conta,moça! - afirma.

- Ou você se afasta dela, ou vou começar a gritar, entendeu?

É vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora