É pegar ou largar

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Últimamente as coisas veem acontecendo de uma forma que eu já não consigo mais premeditar,o que me faz pensar onde foi que deixei aquela Sarah de 8 meses atrás que estava sempre um passo a frente,gatilhada, e na maioria das vezes: armada. Repensar na minha vida há alguns meses atrás me trazem perguntas que eu não gostaria de responder,porque dependendo da resposta seria abdicar de tudo o que vivi com Juliette,e eu não quero,eu já abdiquei de muitas coisas por ela,eu me abdiquei dela. Então não, não vou me colocar há alguns meses atrás quando ela não estava na minha vida e colocar nas costas dela todo o peso que sua presença trouxe depois do dia que nossos olhares se cruzaram dentro daquela sala,que tudo bem,é algo comum, mas com ela nunca foi.

Então prefiro pensar que esse homem sentado na cadeira a poucos metrôs de mim é nada mais nada menos que uma fatídica decisão do destino para que eu pudesse me desprender de vez desse passado,e que talvez,só talvez,eu estivesse precisando enfrentá-lo cara a cara. mesmo que eu jamais desejasse isso.

- Boninho,nos dê licença, por favor...- digo sem tirar os olhos de Rodolfo.

- Se precisar,estarei por perto.

Não respondi,apenas passei de uma vez por todas para dentro do cômodo e ouvi a porta bater.

- Não deve vir aqui. nunca. - digo firme.

- E por que não? Você é minha esposa,desde que vi as notícias sobre quem você se tornou eu não poderia deixar de vir prestigia-lá.

- Ninguém sabia que eu era sócia desse lugar até ontem,leciono direito.

- Você tem tudo isso em mãos e prefere ser professorinha de um bando de jovens? - Diz com  um desdém misturado com deboche que me faz tremer de raiva.

- Preferi viver nas sombras, qualquer coisa que me colocasse em evidência poderia me trazer você como consequência. - cuspo as palavras.

- Não seja tão rude meu bem,só estou dizendo que no Brasil você tinha um cargo de sócia e o exercia com maestria,não aceitava receber ordens, gostava das coisas do seu jeito. - dá de ombros.

- Infelizmente lá eu não conseguia fugir de você, aqui eu consegui,e fiz o que pude para que permanecesse assim.

- Revira os olhos,e sinto meus músculos contraírem quando ele se levanta e começa a vir até mim. - Você está muito estressada, acredito que esses repórteres estejam te deixando assim,mas vamos melhorar isso.

Suas mãos se aproximam da minha cintura e dou dois passos para trás me afastando,Rodolfo sorri forçado e novamente se aproxima,dessa vez,suas mãos agarram minha cintura me puxando com um pouco mais de força e suspiro quando sinto-o apertar minha pele ,e sua boca se aproximar da minha orelha.

- Estou com tantas saudades de você, da sua pele,do seu corpo...- diz passando seu nariz por meu pescoço, e sinto meu estômago revirar-se.

- Não terá nada de mim. - Queria gritar essa frase com todas as minhas forças, mas apenas digo entredentes.

- Terei,e como terei...- fecho os olhos sentindo-o apertar novamente minha cintura - você é minha mulher,nunca deixou de ser. E eu terei de você tudo o que eu quiser,quando eu quiser. - sinto seu tom de ameaça.

- Faz isso,na última vez você me deu um filho a qual você mesmo me tirou depois.

Ele me solta bruscamente,consigo ver a raiva crescer em seus olhos e suas mãos se fechando em punhos.

- Por que trazer esse assunto à tona,hein? Por que?

- Vai embora Rodolfo, respeite  pelo menos o meu local de trabalho.

É vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora