Necessidade?

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- Você só pode estar brincando. - Rio nervosa, sem acreditar no que acabará de ouvir.

- Não,não estou! - sua face quase que inexpressiva, mas consigo identificar seu ego crescendo a cada segundo dentro de si. - Estou disposto a mudar,por você...por nós! - reviro os olhos - Sei todas as ameaças que te fiz antes de te encontrar,e sinceramente? As mantenho, mas podemos evitar todas elas se ambos colaborarem.

- E você acha que vou confiar no que diz? - Um sorriso irônico surge em meus lábios - depois de tantas promessas quebradas,tantos "vou mudar" ditos em vão.  Você acha mesmo que vou cair nessa? a essa etapa do jogo?

- Isso não é um jogo Sarah,é nossa vida.

- MINHA vida - digo tentando não me alterar - a vida a qual você tentou tantas vezes,incansavelmente,destruir. A vida que você não se importava em cuidar e já fez pouco caso na frente de qualquer um,a qualquer momento...e...

- Ok,ok...você tem razão! Eu não fui um bom marido,mas convenhamos que você teve seus erros.

- Erros? - Uma pequena risada de escárnio sai dos meus lábios - Que erros? Não estar disposta para transar quando você queria? Quando chegava bêbado em casa cheirando a bebida e mulheres,ou quando você me espancava pelo simples fato de eu ter cumprimentado um colega de trabalho,ou um estagiário de 19 anos? Não, não...melhor - sorrio,sinto as lágrimas querendo surgir - Eu era errada sempre que não conseguia fazer o jantar porque você torcia meu braço,o machucava ao ponto de eu perder os movimentos? E o que você fazia? Saia para comer na rua e me deixava trancada, ou pedia alguma coisa para você e eu que me virasse?

- Sarah...

- Você chega com essa ideia de ser um novo homem,de me reconquistar, me lança essa proposta absurda crendo  que vou aceitar por achar que de fato está disposto,quando na verdade você só quer estar no controle porquê sabe que se eu ceder, não será apenas uma vez...porque tudo o que eu mais desejo nessa vida é ficar longe de você e qualquer oportunidade disso acontecer,eu o faria.

Ele não diz nada,seu olhar cai assim como seus ombros,sinto meu rosto queimar,minha vontade é de aproveitar sua distração para dar tempo de destravar qualquer arma que eu tenha guardado em um canto específico dessa casa,mas apenas me aproximo um pouco mais do seu corpo.

- Você só terá de mim o que quer...se arrancar a força,e infelizmente eu sei que em algum momento isso vai acontecer. - sinto minha voz trêmula de raiva que  acompanha cada músculo do meu corpo. - E se isso acontecer,se eu não conseguir lutar...aí sim, eu me rendo,mas saiba que vou estar morta por dentro,porque é isso o que você faz comigo sempre que se aproxima: me mata.

- suspira - Pense Sarah,não precisa me dar uma resposta agora. Acredite...você só tem a ganhar!

Não respondo, Rodolfo pega seu casaco pendurado na cadeira e sinto seu corpo passar a centímetros do meu em direção a porta,e solto a respiração que tanto prendia quando ouço-a bater.

Pov Juliette...

- Que horas são aí,filha? Deve estar bem tarde. - sua voz amorosa é como um abraço na alma,e sorrio de lado por ter decidido ligar para ela. Foi a decisão certa.

- Quase meia noite,acredito que aí deva ser quase oito horas da noite,né?

- Uhum,estamos organizando a mesa do jantar. Você está se alimentando,meu amor? Estou te achando pálida. - ela começa a me analisar,e sinto meu corpo tencionar.

- Estou sim mãe, é a queda de temperatura...estou há mais de seis meses aqui e ainda não me acostumei. - Sorrio de lado.

- Não vejo a hora das suas férias chegarem,te ter pertinho de novo e te ajudar  a curar esse coraçãozinho.

É vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora