capítulo 54- 1976

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Reggie ☆
Soltei um longo suspiro ao me separar de Jamie. Levantei a manga da minha camiseta e fiquei observando a pele do meu braço. Em um tempo não muito grande, o meu pálido antebraço teria a droga daquela marca.

Não importava o que meu namorado me falasse, não importava o quanto ele quisesse tentar e nem nada daquele tipo. Eu sabia que eu não tinha salvação, e no fundo ele deveria saber também.

Eu só queria me afogar em escuridão e me emaranhar nos meus pensamentos enquanto tentava inutilmente dormir, mas eu tinha algo mais importante para fazer antes.

Contar sobre a marca para Dora.

Nós já tínhamos tido conversas sobre a minha casa diversas vezes e ela entenderia exatamente o quão horrível aquilo era. Eu achava de extrema importância a contar pois ela devia saber o que quer que fosse da minha vida, principalmente aquilo.

Caminhei até as estufas, onde ela havia falado que estaria observando insetos. Ao entrar, avistei facilmente sua longa cabeleira loira presa com uma piranha em formato de borboleta.

Olhava para o horizonte inexpressiva, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Minha melhor amiga era uma daquelas pessoas que praticamente nunca choravam por nada e meu coração afundou ao ver a água que saia de seus olhos. Me preocupei instantaneamente, me perguntando o que poderia ter a deixado tão mal daquela maneira.

Ao notar minha presença, limpou a lágrima e me deu um sorriso não muito alegre.

- Oi, tampinha.

- Dora, o que aconteceu?- Parei ao seu lado.

- Nada, nada... Vamos, me conte sobre a car... o acontecido.- Desconversou.

- Foi alguém, não foi? Se for, eu juro que azaro até o cu da pess... O acontecido?- Questionei, interrompendo a mim mesmo. Por que ela falava aquilo como se soubesse exatamente o que eu ia a contar?

- Ah, droga.- Percebeu o que havia dito.- Bem, é, eu digo, como foi lá na sorveteria.

- Panda...- Adverti psra que ela me contasse

Pandora podia se atrapalhar ao não dizer algo com muito sentido, mas ela realmente aparentava saber de mais.

- Tá...- Engoliu o seco.- Eu estava falando da carta que você recebeu.

Meu cérebro não respondeu imediatamente. Como seria possível ela saber da minha carta? Ela não tinha a visto e eu não tinha a contado sobre. Aquilo tudo simplesmente não se encaixava.

- Como você sabe dela?

Fez um sinal com a mão pra eu deixar para lá.

- Eu lhe explico depois. Ande, me conte sobre ela.

- Nananinanão. Eu sempre te conto tudo, mas primeiro eu quero ouvir o que te deixou triste e como você sabe que eu recebi aquela carta.

- Bem, na verdade essas duas coisas estão interligadas. Veja...- Engoliu o seco sem conseguir completar a frase.

Tirei uma mecha solta do seu rosto e a coloquei atrás da orelha. Seus olhos marejados e o rosto avermelhado pelo choro apenas destacava mais o verde piscina dos seus olhos incomodados.

- Olha Panpan, eu realmente estou curioso para saber, mas se não se sentir confortável não precisa me contar agora. Eu entendo.

Naquele mesmo dia eu já havia estado no seu lugar, relutante para me abrir sobre aquilo. Não tinha certeza se tinha feito eu me sentir melhor ou não, mas era bom ter um apoio. Eu queria poder ser esse apoio para a minha melhor amiga naquela vez ao invés de ser a pessoa quelrecisa se apoiar.

stars ☆ -starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora