• Capítulo Setenta-Dois - Por quem eu sou

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• JUSTIN BIEBER •
— Toronto, Canadá.

Eu simplesmente fiquei sem reação ao ouvir aquilo dela, mas definitivamente não estava surpreso. Eu sabia o quanto o meu podia ser um babaca, afinal, se ele era assim com os próprios filhos, o que esperar dele com pessoas com as quais ele não se importa?

Ariana não queria a minha ajuda desde o início, eu deveria ter previsto que ela tentaria fazer isso sozinha e eu deveria ter feito algo para ajuda-la, qualquer coisa que não fizesse ela ter passado por isso, que a poupasse dessa situação.

— Me desculpa. — Eu peço a ela, agora entendendo os motivos dela. — Eu sinto muito de verdade.

Eu não era o meu pai, mas sabia que eu era o reflexo das inseguranças dela agora, porque meu pai havia feito ela se sentir insuficiente e indigna. E talvez, seja por isso que ela estava tão distante, talvez ela precisasse de um tempo para digerir toda essa merda e eu sem querer, vim aqui e coloquei o dedo na ferida dela.

— Você não tem que se desculpar. — Ela limpa as lágrimas que escorreram pelos seus olhos. — Você não fez nada.

— Mas foi culpa da minha familia que você está assim.

— Eu vou superar. — Ela suspira. — Eu só não quero mais falar disso, esquece essa história.

Como ela poderia me pedir isso?

A minha vontade era de sair daqui, procurar o meu pai e dar um soco na cara dele por ter tratado ela dessa maneira. Mas, eu também sabia que isso não resolveria nada, ele não mudaria o modo como pensa sobre pessoas diferentes de nós e ainda sim, deixaria a nossa relação de pai e filho pior do que já é.

— Eu não vou esquecer essa história. — Eu digo, sério. — Vou arrumar um jeito de te compensar.

— E vai fazer isso com o seu dinheiro? — Ela ri, sem humor. — Nada do que você possa fazer vai mudar a situação merda que eu passei e talvez, seja melhor assim.

— Do que você tá falando? — Ergo a sobrancelha sem entender.

— O que estamos fazendo, Justin? — Os olhos dela se enchem de lágrimas.

— Como assim?

Não sei onde ela quer chegar.

— O que você está fazendo com alguém como eu? — As lágrimas escorrem pela sua bochecha. — Você poderia arrumar tantas outras meninas melhores, que fazem parte do seu mundo, que sua família ficaria orgulhosa de saber que você tem do lado.

— Ariana...

— Por que está aqui insistindo em mim,  que estou prestes a perder o lugar onde eu moro, que preciso trabalhar em dois empregos, que não tenho família. — Ela não me deixa falar. — Eu não sou o tipo de pessoa que você pode apresentar para a sua família, não sou alguém que pode trabalhar na empresa da sua família e muito menos motivo de orgulho para alguém.

Eu jamais entenderia o que a Ariana sente, não de verdade, porque eu nunca havia passado nada do que ela passou e eu nunca passaria, porque eu sou muito privilegiado.

Mas ela não ter a mesma vida que a minha, não muda o fato de que ela é incrível e que é ela quem eu amo.

— Ariana, escuta bem o que eu vou te dizer. — Eu seguro a mão dela sobre o balcão. — Meu pai é otario que se importa mais com a empresa, com o prestígio do nome dele do que com a própria família e você não deve levar nada do que ele diz em consideração.

Ariana não diz nada, as lágrimas apenas caem pelos seus olhos.

— Sei que ele te fez passar por uma situação horrível e acredite, se eu pudesse voltar no tempo e impedir que isso tivesse acontecido com você, eu o faria. — Sou sincero. — Mas, você não pode e nem deve deixar isso te abalar de nenhuma forma, eu amo você, não há ninguém melhor do que você para mim e eu trocaria todas as garotas ricas que fazem parte do meu mundo por você.

— Mas a sua família...

— Eu não ligo para o que a minha pensa ou irá pensar, eu ligo para você, para a nossa relação. — Eu não deixo ela continuar. — Eu tenho orgulho de você, da mulher forte e trabalhadora que você é, eu te amo, nada e nem ninguém pode mudar isso.

— Eu também te amo. — Ela sorri, fraco.

— Não importa que você não possa trabalhar na empresa, isso na verdade é até bom, você é boa demais para aquele lugar cheio de pessoas horríveis. — Faço careta e depois sorrio. — E o que realmente importa é que um dia você será a minha senhora Bieber.

— Obrigada por ser tão incrível comigo. — Ela sorri.

A crise poderia ter passado, mas eu definitivamente não a esqueceria. Eu podia não confrontar o meu pai fisicamente como era o que eu queria inicialmente, mas poderia fazer ele pagar caro o que fez com a Ariana.

E qual a melhor forma de fazer isso se não for levar ela no jantar da empresa como a minha acompanhante?

Eu disse que não levaria ninguém para ele porque sabia que ela não iria querer, mas talvez, toda essa situação a faça mudar de ideia. Eu não me importo para quem ele se deu ao trabalho de convidar para ser a minha acompanhante, se a Ariana quiser, esse lugar será dela porque na verdade, só existe ela na minha vida.

Ariana é a única mulher que eu amo e que eu irei amar durante toda a minha vida.

— Vai ter uma festa da empresa, uma que vai comemorar a minha promoção e eu quero que você vá comigo, que seja a minha acompanhante. — Eu ofereço a ela. — Quero que todo mundo olhe para você e saiba que você está comigo, que você é a mulher que eu amo e que escolhi para mim, incluindo o meu pai.

O sorriso da Ariana morre nos lábios.

— Por que?

— Eu nunca mais vou deixar alguém te humilhar ou te desprezar.

— Eu não quero participar dessa festa, eu não quero ter que encarar o seu pai de novo e principalmente, não quero todo mundo olhando para mim e se perguntando que tipo de caridade você está fazendo por me levar ali. — Ela nega com a cabeça. — Eu te amo e sei que você odeia o que fizeram comigo, mas está tudo bem, você não precisa provar nada para mim.

— Quero provar a eles, quero que eles saibam que não pode te tratar assim!

— Eles deveriam me tratar bem por quem eu sou e não por ser a sua namorada e estar com você. — Ela diz, óbvia. — Se eles não podem me aceitar por quem eu sou, esse é um mundo no qual eu não quero fazer parte.

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