CAP. 18 - Tecido Afiado

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Duvidava muito precisar chamar por Candy depois de tudo o que aconteceu, e ainda ser surpreendida por ele estar aqui, deitado ao meu lado.

No entanto, ele se levanta, caminhando em direção a porta levemente translúcida, colocando suas mãos, de forma descontraída, por trás de sua nuca, enquanto cantarolava.

- Ah, darei algum tempo para você se recuperar, e logo virei buscá-la.

- Para quê?

- Temos que tentar controlar isso dentro de você, não é?

Ele encosta a porta em seguida, dando leves risadas do lado de fora, o que para mim era um sinal de algo que talvez não fosse bom.

Suas risadas não indicavam bons presságios, sempre era de uma forma maldosa e descarada... Não creio que agora fosse diferente.

...

As horas se passam, não tive coragem o suficiente para sair do quarto, apenas andava para lá e para cá, explorando aquele lugar que não era pequeno.

Havia um banheiro distante, atravessando todo o piso, em uma porta menor, com galhos contorcidos em sua volta.

Acabei de mergulhar em uma enorme banheira, já que estava quase anoitecendo e não havia sinal de Candy.

Seco um pouco dos meus cabelos com a toalha disponível, enrolando outra sobre meu corpo, enquanto vou buscar minhas roupas que deixei sobre a cama.

Porém, assim que saio do banheiro, não havia sinal de minhas vestes em lugar algum.

Não... Ele não faria isso... Não iria pegar as minhas roupas e sumir com elas... Isso seria muita perversão.

- Candy!!

Escuto algo pular no chão atrás de mim, fazendo-me virar imediatamente com o susto.

- Eaee!

- Não! Sem "eae"! Quero saber por que pegou as minhas roupas!!

- Eu? Pegar as suas roupas? Por que acha que eu faria isso?

- Porque você realmente faria! Está brincando comigo?!

- Hm, pelo menos não é tão burra assim. É, eu peguei mesmo aqueles trapos velhos.

- Trapos?? Eram minhas únicas roupas!

- Pois é né, que coisa chata...

- Eu não posso ficar assim!

- E por que não? É um colírio para os meus olhos.

- Se você não me der nenhuma roupa, irei arrancar essa do seu corpo!!

E apenas depois que digo aquilo, percebo a horrível entonação que teve... Ele gargalhava freneticamente.

- Maravilha! Vá em frente, pode começar!

- Já chega.

Aperto ainda mais a toalha em meu corpo, indo em direção ao banheiro novamente.

- O que irá fazer, coisinha?

- Amarrar as toalhas e fazer um vestido.

Outra vez ele ria, deixando-me vermelha de raiva. Assim que entro no banheiro, suas mãos agarram a minha cintura, levantando-me no ar.

- Me solta deu bruto!!!

- Calma, estou sendo cuidadoso!

Ele me joga contra a cama, deixando-me quase encostada na cabeceira, vendo ele ficar frente a mim.

- Gosta de truques de mágica?

- ... O que está fazendo?

Candy retira duas adagas compridas de sua cintura, começando a fazer um malabarismo aleatório com as mesmas...

- E então, a adaga se transforma em um...

- Um...?

Ele joga a adaga contra a minha cabeça em um movimento fatal, fazendo-me soltar um grito antes de morrer.

Mas, assim fecho os olhos fortemente, sinto um leve tecido sobre mim...

- Em um vestido!!

- .... Nunca mais! Nunca mais faça isso!!!

- Ah, não esconda seus sentimentos, sei que adorou!

Eu ainda tremia depois daquilo, segurando aquele tecido de forma consoladora.

- E então? O que me diz? Bem melhor do que aquele trapo no seu corpo.

Seria certo agradecê-lo, mas ao mesmo tempo queria esgana-lo...

- ... É muito bonito... Obrigado, eu acho...

- Legal, então se vista rapidinho que estarei esperando.

Levanto da cama e ando em direção até o banheiro, mas sua voz me atrai outra vez.

- Pode se trocar aqui se quiser... Irei me fazer de cego.

- Mas você não é!

Bato a porta do banheiro com força, estendendo aquele vestido, vendo-o melhor.

Ele era inteiro preto, aberto nas costas, deixando as minhas asas livres... Tinha pequenas alças como mangas, parecendo conter várias camadas de um tecido transparente em sua calda.

Após vesti-lo, abro a porta, vendo Candy de pernas para o ar na cama, encarando seu reflexo em uma de suas adagas.

- Vejo que caiu perfeitamente em você!

- Sim... Ficou adorável.

Queria poder dizer que nunca havia ganho um vestido ou roupa de alguém, na verdade, presente algum. Mas isso apenas iria inflar o seu ego.

- Está pronta, coisinha?

- Espero que sim.

Candy Pop - Além da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora