CAP. 42 - Realidade Desoladora

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Tento me levantar do chão, catando os cacos da dignidade que ainda tinha, se eu ainda tivesse alguma...

Sentia as minhas pernas bambas, mas mesmo assim não me entrego, demonstrando que eu poderia sim ser forte, custe o que custar.

- Não me importa se você é o Terror da Festa Junina ou o Terrores Noturnos! Não tenho medo de você!

Dou minhas costas para Candy, não me rebaixando mais a um demônio que claramente queria fazer experiências com o meu corpo!

Abruptamente algo segura em meus cabelos, fazendo-me gritar enquanto era puxada de volta para trás.

- Você me faz rir... Eu gosto disso!

- Me solte antes que eu corte esses seus dedos de vinte centímetros fora!!!

- E depois irá fazer o quê? Morder o meu saco?

Sou erguida em frente ao seu corpo, encarando-o com os olhos cheios de fúria, desejando matá-lo.

- Acha que só porque me fez gozar que devo algo a você? Esqueça! Não irá me comprar com prazer.

- Isso me parece um desafio... Bem, vejamos: Eu lhe dei uma biblioteca, poupei a sua vida, alimento você, além de dar as suas roupas e ainda estou sendo muito bonzinho por aturar essa sua língua afiada.

- Não sou a droga de um animal de estimação!! E é a última vez que estou pedindo para você me soltar!

- Que coisinha mais ingrata... Pois bem!

Sou arremessada contra uma coluna de mármore branca, escutando minha asa esquerda estalar.

Grito de dor no mesmo instante, caindo nua no chão frio... Esse era o preço a se pagar pela dignidade.

- Quer se fazer de difícil depois de ter feito um pacto comigo? Será divertido de se ver.

- Se realmente me deseja, não é desta forma que conseguirá o que quer...

Digo em tom baixo, remoendo com a dor por quebrar a minha outra asa... Estava acabada, queria a todo custo me render... Mas não iria.

Algo dentro de mim dizia-me que eu poderia dominar aquele demônio em minha frente... Não sei como isso seria possível, mas acreditava em mim mesma.

- Sempre consigo o que quero!

- Irá se arrepender por isso...

Candy ria em discrepância, afastando-se do meu corpo ao chão e indo embora, deixando-me sofrer em silêncio. Pelo menos consegui o que desejava... Ficar sozinha.

E naquele instante eu havia percebido, após a nossa primeira vez ontem a noite na biblioteca, que Candy não iria me respeitar mesmo comigo entregando o meu corpo a ele.

Ele desejava que eu fosse submissa, igual a um cão idolatrando o seu dono toda vez que o vê... Pois eu teria uma notícia muito ruim para dar a Candy: Eu estava longe de ser isso.

Preferia morrer do que ser usada como uma escrava sexual quando ele bem entendesse... Após a nossa noite de ontem eu já não estava me sentindo bem.

Meus ossos doíam, assim como o meu interior... Candy não havia sido cuidadoso comigo ou se preocupado com o meu corpo... Simplesmente me usou da maneira que quis.

E quando pensei que ele realmente iria cuidar de mim trazendo-me para essa piscina outra vez, tive uma pontada de felicidade e esperança em meu coração.

Mas tudo não passava de um pretexto... Porém a pior parte era que eu realmente estava sentindo algo a mais por Candy, ou seja lá o que ele fosse...

Sento sobre o chão, tocando em minha asa quebrada, lamentando para mim mesma por ter me entregue a ele, ansiando que talvez fosse mudar ao ter alguma intimidade comigo.

Meu vale de ilusões estava se corrompendo... Mesmo que sua aparência fosse deslumbrante em uma primeira visão, não poderia viver apenas disso...

Me levanto com calma, abraçando o meu próprio corpo com os meus braços, caminhando em direção as escadarias e subindo-as lentamente...

Sentia-me deprimida por me encontrar nessa situação, porém havia imposto o mínimo de respeito que consegui...

Foi demorado andar devagar até o meu quarto, mas assim que chego nele e avisto aquela cama, não penso duas vezes em me deitar e chorar silenciosamente.

Estava aprendendo a ser forte sozinha... Essa não era eu, jamais fui rude ou respondi alguém... Sentia estar mudando.

Candy Pop - Além da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora