𝐀 𝐌𝐀́𝐅𝐈𝐀

𝑭𝒖𝒈𝒂 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 2

LAURA

Um novo dia se inicia hoje.

Lembro-me de quando era criança e morava no internato, sempre me perguntava se meus pais gostavam de mim, não entendia o motivo de morar naquele lugar, de ir poucas vezes para casa e de não ter a companhia de meus pais e irmão.

Era difícil compreender naquela época.

Eu não sabia que estava ali para ser preparada para alguém, que estava ali para me casar e obedecer cegamente meu marido.

Eu lembro de sonhos que tive quando era apenas uma criança, sonhos de viajar e conhecer o mundo, o mundo é extremamente grande e a vontade que sinto é de voar.

Meu pai estava certo, sou um passarinho...

O mesmo homem que me libertava, foi o mesmo que me jogou em uma gaiola, que me entregou para meu algoz e então cortaram minhas asas.

Deve ser assim que toda mulher que vive como eu se sente, presa.

Meu ar falta, minha vista escurece, minhas mãos começam a suar.

Então eu te imploro Senhor, me liberte.

Acordo assustada.

Olho para o lado e Vitor dorme tranquilamente, meu coração bate acelerado e minha boca esta seca, me levanto devagar e pego o robe em cima da cadeira, saio do quarto em passos lentos.

Desço as escadas e a casa está um breu, pouca luz e um frio terrível, chego na cozinha e me sento em uma cadeira, suspiro cansada, levanto e abro a geladeira pegando uma jarra com água, sirvo-me com um pouco de água e me sento novamente.

O silêncio nessa casa chega a ser assustador, todos aqui parecem guardar segredos, a energia é pesada e sufocante.

De repente a luz se acende me assustando, Gustavo me olha e abre um pequeno sorriso.

— Você me assustou... - falo tentando regular a respiração.

— Como sempre se assustando com tudo.

— O que faz aqui? Deveria está dormindo. - me levanto.

— Insônia... odeio dormir nessa casa.

— Hum, vou indo...

Tento passar pelo mesmo que segura meu braço e me vira de frente.

— Estou com saudades...

Ele beija o canto da minha boca.

— Melhor não... alguém pode aparecer... - falo tentando me manter firme.

— Que apareça então... você estará livre quando amanhecer.

Olho para ele.

— Falei com Lucas, será hoje que vocês irão fugir.

— Meu Deus! - digo sorridente.

— Você só precisa dar um jeito de sair de casa com as crianças, na hora certa vão te buscar e te levar para o ponto de encontro.

— E Stefane?

— Seu irmão mandou alguém cuidar dessa parte, vão pegar ela no hospital.

— Não é perigoso? - pergunto preocupada.

Afinal o hospital é da máfia.

— Não se preocupe... estaremos todos em uma reunião, quando conseguirem falar conosco será tarde.

Ele então me beija, um beijo que não consigo resistir, suas mãos passeiam por meu corpo, sinto seu volume crescendo e aquilo só me deixa mais molhada e excitada, estou quase perdendo meu juízo, tamanha paixão que sinto.