𝐀 𝐌𝐀́𝐅𝐈𝐀

𝑫𝒆𝒄𝒆𝒑𝒄̧𝒂̃𝒐

LAURA

De todas as maneiras possíveis alguém sempre vai sofrer, alguém sempre vai partir seu coração, naquele dia o meu coração foi partido, de todo jeito era um tipo de carma, até porque também havia partido um coração.

Caminho pelo corredor seguindo diretamente para o escritório do meu irmão, queria falar com ele sobre algo muito importante, estava disposta a tentar ser feliz.

Assim que vou bater na porta que está entre aberta, meu irmão fala ao telefone, paro quando escuto um nome.

— Tem certeza, Gustavo? - pergunta com a voz preocupada - Isso é preocupante... Lógico que não vou dizer nada para ela, sinto que minha irmã não está bem... Uma hora ela vai saber... Claro, diga... Grávida?

Quem está grávida?

— Não acredito... Você não poderia ter sido tão irresponsável assim... Laura vai ficar arrasada se descobrir... Eu disse para você que minha irmã era importante...

Ele então desliga o telefone com raiva, quando se vira e me ver entre a porta, faz uma cara de assustado.

— Laura...

Antes que ele diga algo, eu corto.

— Quem está grávida? - pergunto com receio.

— Não deveria ficar ouvido minhas conversas.

— Quem? Eu não sou nenhuma idiota, estava conversando com o Gustavo.

Ele vira de costas para mim.

— Não quero que sofra...

— Isso é impossível... sabe disso, Lucas. Não minta para mim como todos fizeram a minha vida toda.

Ele fica em silêncio por alguns segundos e então diz uma das coisas mais dolorosas que já ouvi.

— Ana Liz... Ela está gravida.

Ele se vira e me olha, não digo nada, não consigo falar nada, meu coração se aperta como se tivesse sido esmagado, na verdade ele foi.

Eu acreditei em um amor que só existia na minha cabeça, alguém que te ama jamais vai te machucar.

— Laura, não fica assim...

— Não precisa dizer nada, eu estou bem. - afirmo com um pequeno sorriso no rosto.

Saio do escritório sem olhar para trás, sem olhar para o meu irmão sentindo pena de mim, caminho para meu quarto e tranco a porta.

Pego outro comprimido da cartela quase vazia, encho um copo com uma vodka escondida em meu quarto, tomo tudo de uma vez.

Me sento no chão com a garrafa na mão, meu coração doendo como nunca doeu, fico ali chorando e sentindo pena de mim mesma, bebendo a merda dessa vodka e sentindo os efeitos de um remédio que já virou meu vício.

Acho que sou viciada na destruição, em sofrer, em procurar me machucar.

Não sinto raiva pelo Gustavo ter mentido e sim por eu ter me enganado. Era lógico que ele teria que dormir com ela e que isso poderia acontecer.

Os homens só mentem mesmo.

Minha vista fica turva por causa das lágrimas, escuto alguém bater na porta, mas nem me levanto do lugar.

Me arrasto até a varanda e olho o sol indo embora mais uma vez, nem sei quanto tempo estou aqui exatamente e me sinto sufocada, vendo que a garrafa está vazia me levanto, sigo para o closet e procuro uma roupa para vestir, escutei alguns funcionários comentando que teria um luau na praia que tinha aquele quiosque, então é para lá que vou.