𝐀 𝐌𝐀́𝐅𝐈𝐀

𝑳𝒖𝒕𝒂𝒏𝒅𝒐 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑽𝒊𝒗𝒆𝒓

LAURA

Como eu faço para ditar minha vida e caminhar com minhas próprias pernas?

O medo de não conseguir é maior do que o de tentar.

— Laura você precisa parar de beber, seu irmão está muito preocupado com você.

Olho para a cara dela com tédio.

— Eu não consigo te entender... sei que é difícil, passamos pelas mesmas coisas... E eu tento ser forte todos os dias...

— E você acha que eu não tento? - pergunto estressada.

— Sabe muito bem que não quis dizer isso...

— Eu tento e muito... Mas experimenta fechar os olhos e lembrar de tudo que fizeram... Dos estupros, tapas e socos... Eu quero ser forte... só não consigo...

Minhas lágrimas já começam a rolar, nesse momento Stefane também chora com a mão na barriga.

— Você viu o que eu fiz... fugi com meus filhos para protegerem eles... não fiz por mim...

— Eu sei...

— O pior é sentir culpa e sabe por quê? Porque não paro de pensar nele... Ele me causa nojo ao mesmo tempo que tira meu ar...

Ela me olha assustada.

— Sim... sou a maldita de uma doente... Ele me deixou assim... - falo batendo fortemente na minha cabeça.

Ela me abraça imediatamente.

Quando olho para a porta, meu irmão está parado e seu rosto demonstra decepção.

— Lucas...

— Então você ama ele? - pergunta com nojo.

— Lucas, não é hora para isso...

Me afasto dela e passo as mãos no cabelo nervosamente.

— Responde! Eu quero ouvir como alguém pode ser tão... tão...

Olho para ele.

— Tão o que? Diz... tão doente...

— Sim... Você é uma bomba relógio, Laura... precisa de ajuda.

— Eu estou ótima!

— Está? Você acha que não sabemos que fica bebendo e tomando remédios escondido... Que na maioria do tempo está dopada... Faz dias que se quer chega perto dos seus filhos...

— Você jamais vai entender...

— Não entendo mesmo. Eu tirei vocês de lá para serem felizes e a única coisa que vejo é você deprimida dentro de casa... Nosso pai não ia gostar de ver você assim...

— Nosso pai me vendeu! - falo com raiva.

Lucas levanta a mão para me bater, Stefane olha aterrorizada para ele, quando percebe o que ia fazer ele me abraça.

— Desculpa... me perdoa. - diz chorando.

— Me ajuda... Eu preciso de ajuda...

Antes que Lucas responda seu celular toca.

— É o Gustavo...

Olho para ele.

— Vou atender, se acalma...

Limpo as lágrimas e me sento no sofá.

Ligação on

— Gustavo?

— Que bom que atendeu... Precisa sair daí agora!

— O quê? Como assim?

— Eles... estão... ir...