𝐀 𝐌𝐀́𝐅𝐈𝐀

𝑬𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒏𝒅𝒐 𝑴𝒆𝒖 𝑪𝒐𝒓𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐

LAURA

Acordo sentindo um peso no meu corpo, não consegui dormir direito pois não paro de pensar na mulher que atendeu o celular de Vitor.

Eu pareço a maldita de uma doente.

Me levanto e corro para o banheiro para vomitar, estou com uma ressaca daquelas.

Já faz a porra de um mês que estou presa nessa ilha, sinceramente não aguento mais.

Meu irmão e Stefane desfilam sua felicidade todos os dias, enquanto eu só me sinto mais mal por sentir inveja deles.

Ela está grávida de um menino, meu irmão ficou muito feliz e até decidiu dar o nome do nosso pai para o filho, meu pai teria ficado orgulhoso.

Meus olhos se enchem de lágrimas, começo a escovar os dentes e depois entro no box tomando um banho com água gelada.

Nesse tempo que estou aqui me aproximei muito de Gabriel, não fizemos mais nada como daquela última vez, nos encontramos na praia e ficamos conversando e falando de sonhos futuros.

Ele é uma ótima pessoa, engraçado e tão bondoso, devo assumir que ele é diferente de tudo que conheci, do seu lado sinto paz, algo que já fazia tempo que não sabia o que era.

Gustavo até tentou falar comigo, mas ignorei com sucesso, não quero ouvir mentiras e desculpas esfarrapadas, a verdade é que tudo que começa errado, termina errado, e nossa história foi assim.

Saio do banheiro e pego uma calça e um moletom, hoje o tempo está bem fechado e chuvoso.

Saio do quarto e desço as escadas, na sala de jantar encontro meu irmão e Stefane já sentados, Lucas assim que me ver se levanta me abraçando firme, retribuo seu abraço sem entender.

— Está tudo bem?

Seus olhos estão marejados e Stefane me olha tristemente.

— Por que não disse nada?

— Disse o quê? - pergunto confusa.

— Gustavo ligou, Laura... Ele disse que na mansão está um caos... Vitor descobriu o que Heitor fez com você...

Quando ela termina de falar parece que alguém bateu bem forte na minha cabeça, fico alguns segundos sem falar nada, meu corpo começa a tremer e minhas mãos a suarem.

— Fica calma, irmã...

Ele pega o copo com água para mim, mais nesse momento acho que não consigo beber e nem comer nada.

Lembranças daquela noite me vêem a mente, eu pedindo para ele parar, meu corpo sendo violado, não aguento a dor que sinto no peito e começo a chorar caindo de joelhos no chão.

— Faz parar... está doendo muito...

— Laura, se acalma... estou aqui...

Ele me abraça rapidamente, fico ali protegida no abraço do meu irmão, escuto o choro baixinho de Stefane, mas o mundo agora para mim parece ter sumido.

Ficamos assim por uns dois minutos, olho para ele que tem um olhar de culpa nos olhos.

— Não tem culpa de nada... não faça isso... com você e nem comigo...

Ele passa seus dedos pelo meu rosto limpando as lágrimas.

— Como ele descobriu isso? - pergunto envergonhada.

— Gustavo disse que possuía câmeras no seu quarto... instalações no closet e banheiro também.

Fico chocada com isso, nunca imaginei que Vitor pudesse ser mais doente do que era, até que um pensamento me passa pela mente.