5. Saque Submerso

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Vi odiava a ideia de ter que navegar outra vez.

Quando chegou com a Capitã Fortune e seus homens às docas, mais uma vez o mundo se escondeu atrás de uma névoa densa, e apenas um fraco fragmento de lua iluminava o mar tenebroso ao redor. O silêncio era alto e a madrugada ali, por algum motivo, fazia o estômago da Defensora pesar.

Enquanto andavam lado ao lado, Miss Fortune deu ordens ao homem de rosto já bem conhecido – o barman da taverna – para que mantivessem vigilância máxima ao redor do navio. Ele ofereceu um sorriso breve a Vi, um pouco difícil de ver no escuro, e fez um sinal para que os piratas em volta o seguissem.

- Vem comigo. – Disse a Capitã à mais alta, e a guiou pelo cais, as tábuas tortas rangendo a cada passo. Quando chegaram à ponta, Vi sentiu mais uma vez aquele frio na barriga, certa de que a qualquer momento um monstro horrendo surgiria diante dela. Ela esperou que Miss Fortune não tivesse percebido seu desconforto. Por fim, a Capitã perguntou: – Tem alguma moeda?

- Não. – Vi respondeu de prontidão, louca para sair dali o mais rápido possível. E, afinal, que tipo de pergunta era aquela? Miss Fortune estalou a língua, virando-se para a Defensora, e tão depressa começou a tatear seus bolsos que Vi sequer soube como reagir. Um soco teria sido sua primeira opção, mas, para dizer a verdade, não estava pensando tão rápido quanto gostaria. As mãos de Miss Fortune buscavam por algo em suas calças, e no momento que se lembrou do dispositivo de comunicação escondido na jaqueta, Vi ergueu as mãos e a empurrou. – O que cê pensa que tá fazendo?!

A Capitã sorriu e girou um pequeno objeto metálico no ar, pegando-o em seguida.

- Cê é a maior mão leve, hein. – Disse Vi, as batidas do coração finalmente voltando ao normal. Nem por um segundo poderia se esquecer disso, e ela se perguntou como conseguiria manter uma comunicação constante com Piltover enquanto estivesse com a Capitã. Teria de dar um jeito.

Miss Fortune arremessou a moeda no mar, que foi engolida pelas águas com um som suave. Ficaram paradas ali por um bom tempo, apenas esperando por algo que nunca chegava. Vi já começava a ficar impaciente.

- Tá legal, o que estamos fazendo? – Ela perguntou, e Miss Fortune fez um sinal para que ficasse em silêncio. Vi revirou os olhos e bufou, pronta para reclamar outra vez, mas no mesmo momento, a água se mexeu e bolhas estouraram na superfície. Involuntariamente, a Defensora deu alguns passos para trás, enquanto um peixe saltava para fora.

Não. Aquilo definitivamente não era um peixe.

A criatura riu com uma diversão infantil, dando cambalhotas pela superfície. Vi caiu diante do susto, tentando entender se o que via era real, se aquilo que a criatura segurava era mesmo um tridente e se aquilo em sua cabeça eram tentáculos.

- Que porra é essa?! – Ela questionou, ignorando o riso debochado da Capitã. Vi já vira todo tipo de criatura esquisita, mas tudo relacionado ao mar era infinitamente mais assustador.

Caitlyn teria morrido de rir ao vê-la tremer daquele jeito.

- Ah, que saudação mais chata! – Disse a criatura azul, o corpo submerso nas águas, apenas os olhos enormes e redondos espiando.

- Olá, Trapaceiro. - Disse Miss Fortune.

- Dá pra me dizer o que é isso? – Vi insistiu, levantando-se com certa dificuldade.

- Eu sou o Fizz! – A criatura deu mais algumas cambalhotas.

- Vai por mim, enquanto estiver aqui, vai precisar dele como seu aliado. – Disse a Capitã.

- Oba! Temos uma missão? – Fizz perguntou.

Talvez Vi devesse começar a se acostumar com a loucura daquele lugar o quanto antes.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora