26. Segredos Explosivos

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Acontece que o bordel era uma das bases de Miss Fortune. Por ser um local frequentado por uma grande variedade de pessoas, incluindo marinheiros, mercadores e outros piratas, era fácil conseguir informações valiosas a partir da influência do álcool e dos outros prazeres oferecidos ali. Além disso, a dona do local, Helena Cicatriz, tinha uma lealdade discreta a Miss Fortune, conforme a Capitã explicara, devido a uma dívida do passado, e sempre fornecia a ela tudo o que descobria com seus clientes sobre Águas de Sentina.

Depois de um banho exageradamente quente, as duas seguiram para o escritório de Helena. O cômodo se localizava no andar de cima e era preciso atravessar uma série de corredores barulhentos para alcançá-lo. Diante da porta, Sarah bateu com o nó dos dedos com um toque diferenciado que certamente revelava sua presença, e uma voz rouca do outro lado ordenou que entrassem. A sala de Helena era um local decadente, um contraste com a elegância do salão principal, mas combinava perfeitamente com a aparência rude da mulher, uma grandalhona de ombros largos, cabelos grisalhos – embora seu rosto não denunciasse tanta idade – e armados, pele morena e com uma cicatriz profunda atravessando seu olho esquerdo, tornando-o opaco ao lado de um castanho que pesou sobre a Defensora no instante em que ela entrou. Ela prendia um charuto nos lábios e avaliava papeis e pergaminhos na mesa diante dela. Um único lampião a óleo iluminava o local e cheiro de tabaco e alguma bebida forte impregnavam o ar.

Helena se voltou para Sarah e seus olhos se suavizaram muito sutilmente. Talvez aquela fosse sua própria maneira de ficar feliz ao ver a Capitã.

- Fortune. – Cumprimentou ela, sua voz denunciando anos de fumo. Ela deslizou o olhar para Vi outra vez antes de se voltar para seus papeis. – Não é comum você trazer novas faces pra esse lugar.

- Helena, essa é Vi. – Miss Fortune avançou para se sentar na cadeira diante da mesa de Helena, e a Defensora se manteve em pé ao seu lado. – Ela veio de Piltover e tem sido uma aliada muito importante nesses últimos tempos. E outras coisas mais.

- Verdade? – Helena ergueu uma sobrancelha, avaliando Vi outra vez. – É, a garota parece ser o seu número. É um prazer, Vi de Piltover. Se está aqui, é porque a Capitã confia em você. Não seja burra de perder algo assim.

Inevitavelmente, Vi engoliu em seco. Ela deveria ter cumprimentado de volta, mas não achou que sua voz estivesse pronta para dizer qualquer coisa.

- Como as coisas têm estado por aqui? – Sarah perguntou. – Alguma novidade?

Helena Cicatriz suspirou e se recostou em sua cadeira, cruzando os braços. Ela soprou a fumaça de seu charuto sem tirá-lo da boca.

- O bordel tem estado movimentado, como sempre. – Disse ela. – Tenho ouvido algumas coisas interessantes.

- E essas coisas por acaso têm aquele nome que a gente quer?

- Na verdade, pequena, elas têm sim. – Embora Helena não tivesse muita expressão, parecia afetiva na forma de lidar com Miss Fortune. – Já deve saber que GP precisou recomeçar sua tripulação, não é?

- É, sei algo sobre isso. – Sem pedir por qualquer permissão, Sarah puxou a garrafa de bebida aberta sobre a mesa e bebeu um gole direto do gargalo. Helena Cicatriz não pareceu se importar.

- Nem todos aceitaram de bom grado essa nova aliança, como era de se esperar. – A mulher continuou. – Um de seus homens tem sido um cliente fiel, e minhas garotas me disseram que ele anda bem insatisfeito com o capitão, especialmente quando está bêbado, o que, devo dizer, é praticamente o tempo todo.

Miss Fortune se inclinou sobre a mesa.

- O que ele tem dito?

- Bem, não há como confiar em um capitão que não hesitou em sacrificar toda uma tripulação para benefício próprio. – Continuou Helena. – Ele mencionou algo sobre a obsessão de Gangplank com um novo plano que pode colocar todos em risco mais uma vez.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora