Vi sabia que o navio da equipe de Piltover seguia logo atrás, e temia por isso.
Embora tivesse recebido a permissão do chefe do Conselho para seguir com a missão ao lado da famosa caçadora de recompensas, algumas condições foram discutidas posteriormente. Primeiro, Vi carregaria para todo canto um dispositivo de comunicação portátil que oferecia a mesma tecnologia de ponta dos painéis do navio. As imagens holográficas que o aparelho oferecia eram igualmente ampliadas e nítidas, o que, apesar de ser bom, era também um problema. Mais fácil de serem vistas. Além disso, ao menor sinal de problemas, um botão de emergência garantiria que Vi fosse assistida no mesmo instante, e a equipe teria sinal livre para interferir.
A rota de Miss Fortune também seria acompanhada. É claro que Caitlyn não descansaria até garantir que Vi seria escoltada a todo momento, e por um lado, a Defensora era grata por isso. Caso a Capitã desconfiasse ou mesmo descobrisse qualquer coisa, se não decidisse matá-la de imediato, certamente a mandaria para a prancha, e Vi definitivamente não negaria ajuda. Ela esperava que nada disso fosse necessário.
Como verdadeiras parceiras de crime, elas vasculhavam a cabine do capitão. Miss Fortune fora ligeira com o navio que escolhera saquear, garantindo que estivesse transportando todo tipo de mercadoria valiosa; especiarias como cravo e canela, tecidos finos, armas e munições – a princípio, preparadas para defender o navio de piratas, mas que ironia! – e, o mais importante, barricas de rum de alta qualidade. A cabine revelava que seu antigo capitão era metódico e organizado; a mesa ao centro estava organizada com impecabilidade, com mapas náuticos detalhados, canetas, tintas e pergaminhos e todo tipo de instrumentos de navegação. Uma estante de livros alinhada a uma das paredes demonstrava um forte interesse do capitão em seu trabalho. Além de uma cama coberta com lençóis brancos, limpos e até perfumados, um baú aos pés e um armário de bebidas.
Não tinha nada ali que fosse importante para a missão, e claro que a única intenção da Capitã era pegar tudo o que fosse de valor. Vi não estava confortável com aquilo, mas não podia dizer nada sem deixar levantar suspeitas. Por isso, limitou-se a vasculhar pela mesa do capitão enquanto Miss Fortune lutava com o cadeado do baú.
- Então, quer dizer que é dona daquela espelunca? – Vi perguntou, examinando uma belíssima bússola dourada que encontrou por ali. Ela mesma teria se interessado em roubá-la em outra época.
- Tá falando da taverna? – Miss Fortune olhava para o cadeado, buscando por uma forma de arrombar sem precisar usar força. Vi não respondeu e a Capitã interpretou como uma confirmação. – É, algo assim.
Vi se lembrou do pirata bêbado que perdera a vida mais cedo. Se fosse resolver a situação com as próprias mãos, ela não o teria matado. Machucaria um pouquinho, é claro, mas não chegaria a tanto.
- Não se lamenta por ter perdido um de seus homens? – Quis saber.
- Quem? – A pirata perguntou. – Ah, aquele homem. Nah. Homem é o que não falta pra mim.
- Eca.
Vi não se deu conta do que dissera até ouvir a risada melódica da Capitã.
- Não se preocupe, querida. Eu atiro pra todos os lados. – Para demonstrar que falava sério, Miss Fortune mais uma vez pegou a pistola e mirou no cadeado. Vi avançou até ela antes que atirasse. Já estava farta daquele estrondo.
- Atirar não resolve tudo. – Disse a Defensora. – Sai daí.
Surpreendentemente, ela obedeceu, apenas observando enquanto Vi quebrava o cadeado com um chute muito bem mirado. Ela encarou a Capitã, cheia de razão.
- Vi! – A mais baixa exclamou, a voz dando voltas em um tom malicioso. – Você parece mil vezes mais atraente agora.
- Ah, não enche. – Respondeu ela enquanto se afastava.
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Corações de Sentina
FanfictionVi, uma Defensora de Piltover com um passado conturbado, é enviada a Águas de Sentina em uma missão confidencial para recuperar um artefato hextec roubado pelo temido pirata Gangplank. Lá, ela se alia a Miss Fortune, uma famosa caçadora de recompens...