36. Vingança Renascida

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Nem mesmo a companhia dos outros dois navios conseguia afastar a solidão daquelas águas escuras e da névoa que parecia engolir o mundo ao redor. O silêncio, denso e inquietante, era preenchido apenas pelo rugido constante do mar, como um aviso carregado de incertezas. O frio era cruel, mas o que realmente fazia a lutadora tremer era a sensação de que algo maligno e invisível espreitava sob a superfície, aguardando o momento certo para atacar. Ela foi envolvida pela sensação de ter aquelas águas furiosas ao seu redor, por toda parte, roubando-lhe o fôlego, empurrando seu corpo cada vez mais para baixo, e sua respiração inevitavelmente se acelerou, como se ela precisasse puxar todo o ar para seus pulmões antes que acabasse. Ela se lembrava de ver a própria vida passar diante de seus olhos antes de se afogar, em memórias lindas que ela era grata por ter vivido. Mas agora, ela via o corpo sem vida de Miss Fortune naquela cela, denunciando que chegara tarde demais.

Há quanto tempo estavam navegando? Quanto tempo mais Sarah suportaria?

- A qualquer momento agora. – A Xerife sussurrou, temendo que sua voz pudesse atrair o que não devia. Ao seu lado, Vi fechou as manoplas como se fossem suas mãos, denunciando a própria tensão, o próprio pânico.

A equipe de Piltover tinha um plano de ataque, mas Vi não estava exatamente por dentro. Jayce parecia convencido de não a incluir ao confronto, embora não fosse tolo o suficiente para admitir. Dessa forma, junto a Twisted Fate, Vi traçara sua própria estratégia. O mago usaria uma de suas cartas encantadas para teletransportá-los diretamente para o convés do navio de Gangplank quando os Defensores já tivessem invadido. A ideia era simples e arriscada: chegar rápido, surpreender os piratas e começar a abrir caminho até a localização de Miss Fortune. Cada segundo contava, e o sucesso dependia de precisão e sincronia total – qualquer erro poderia ser fatal. Ao menos estariam bem amparados, já que as demais tripulações planejavam invadir o navio do capitão ao mesmo tempo. Ela presumia.

- Chegou a hora. – Fate informou, posicionado de seu outro lado, embaralhando suas cartas habilidosamente.

Vi fechou os olhos e inspirou profundamente, acalmando a própria mente. Dessa vez, ela não podia errar.

Ela soltou o ar e abriu os olhos.

A calmaria que anuncia uma tempestade foi bruscamente interrompida com um solavanco percorrendo por todo o navio. Vi se desequilibrou e se agarrou ao corrimão do convés com suas manoplas. Ela olhou ao redor, para as expressões igualmente confusas dos outros tripulantes.

- O que foi isso? – Ela ouviu um Defensor questionar, e o navio se agitou outra vez. Jayce se juntou à equipe, com seu martelo em mãos.

Cada solavanco parecia mais violento que o anterior, como se o próprio mar estivesse se revoltando. Vi sentiu a força das ondas se chocando contra o casco do navio, o impacto reverberando através das tábuas de madeira e fazendo com que ela se segurasse com mais força. O navio se sacudia com uma intensidade que quase parecia sobrenatural.

Foi quando ela notou um brilho intenso vindo de um ponto no navio de Porto das Marés. Lá no mastro, Fizz parecia controlar o movimento das águas com seu tridente com um comando mágico. O tridente brilhava com uma aura luminosa, e cada movimento parecia fazer o mar obedecer de maneira frenética. A água se agitava em ondas violentas, formando uma correnteza poderosa que empurrava o navio de Porto das Marés e o Sirene para frente, ultrapassando o navio de Piltover. Toda a tripulação de Jayce observou enquanto a magia de Águas de Sentina parecia vencer toda a tecnologia hextec, e mesmo com sua raiva evidente daquele Trapaceiro maldito, Vi sorriu.

Um novo navio emergiu à frente deles, como se surgisse das profundezas. Velas negras ondulavam ao vento, o casco de madeira marrom escura parecia absorver toda a luz, mergulhando o navio em sombras eternas, como se fosse parte daquela névoa. Como um navio fantasma.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora