Vi não teve a oportunidade de perguntar a Twisted Fate sobre aquela carta, e se arrependia amargamente por isso ao segurá-la entre os dedos enquanto caminhava pelas ruas e se dar conta de que não era um objeto qualquer, mas envolto em magia. Sua face era azul, o símbolo do Ás de Espadas brilhava sutilmente e um fio de luz dourado corria pelas bordas, indicando a presença de algo sobrenatural. Não dava para reconhecer, era diferente de qualquer energia que ela já tinha visto. Talvez Miss Fortune soubesse algo sobre aquilo, já que parecia tão próxima daqueles dois, mas a Capitã não estava tão acessível assim naquele momento.
Ela andava a uns bons passos de distância da Defensora e da Xerife, como se fossem desconhecidas, seguindo por ruas e vielas que se abriam para uma praça de comércio movimentada. Vi guardou a carta no bolso outra vez para examinar ao redor; barracas repletas de mercadorias duvidosas se espalhavam por todos os lados, e os gritos de ofertas de seus vendedores – a maioria imunda e exibindo dentes podres – tornava o local ainda mais caótico. Miss Fortune continuou andando tranquilamente até chegar a um prédio que se erguia ao centro daquele mercado, destacando-se do cenário insalubre. O edifício era construído de madeira escura, quase avermelhada, muito semelhante ao casco do navio Sirene, com janelas altas cobertas por cortinas de veludo. À entrada do local, duas mulheres vestidas em trajes provocantes ofereciam olhares convidativos aos fregueses que passavam pelas ruas; uma delas se abanava com um leque e virou o corpo sutilmente para a presença das três que se aproximavam. O cheiro ali era doce, Vi percebeu, totalmente alheio ao fedor de Águas de Sentina.
O que estavam fazendo em um bordel?
- Ora, ora, mas que surpresa agradável. Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? – A mulher com o leque se aproximou da Capitã e a olhou dos pés à cabeça, depois desviou os olhos para Vi e a Xerife. – Parece que só uma companhia continua sendo pouco para a Capitã Fortune.
Vi franziu o cenho e Sarah gargalhou graciosamente.
- Não dessa vez, querida. – Respondeu. – Meu interesse hoje é outro.
- Bem, independente do que seja, espero poder fazer parte. – A mulher voltou a devorar Miss Fortune com os olhos. Imperceptivelmente, Vi fechou as mãos em punho com força.
- Não vai ser preciso. – Disse a Capitã.
- Como quiser. – Em um movimento gracioso, a mulher se aproximou da amiga outra vez. Vi alcançou o braço de Miss Fortune.
- O que é agora? – Ela indagou, odiando aquela barreira entre elas.
- Esse é um dos poucos lugares da cidade que oferece água quente. Eu preciso de um banho.
- Eu preciso falar com você primeiro. É importante. – Vi sussurrou. Caitlyn pigarreou.
- Eu acho que já vou indo. Encontro vocês depois. – Vi e Miss Fortune se voltaram para ela. Caitlyn estava corando. – Não tenho uma experiência muito boa com bordeis.
- Até parece, Matilda. – Disse Vi, sorrindo de canto. A Xerife revirou os olhos.
- Até mais tarde. – Caitlyn deu as costas e saiu andando. A Defensora ponderou por alguns segundos se deveria segui-la, mas a Xerife sabia se virar. Ela se voltou para a Capitã, que tinha uma sobrancelha arqueada.
- Não vou nem perguntar. – Ela acenou com a cabeça na direção da Xerife. – Essa é a parte em que você vai correndo atrás dela.
Espera. Então aquilo era...
Ciúmes?
Aquele tempo todo, Miss Fortune estava agindo daquela forma por ciúmes?
- Acho que preciso de um banho também. – Disse a Defensora.
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Corações de Sentina
Fiksi PenggemarVi, uma Defensora de Piltover com um passado conturbado, é enviada a Águas de Sentina em uma missão confidencial para recuperar um artefato hextec roubado pelo temido pirata Gangplank. Lá, ela se alia a Miss Fortune, uma famosa caçadora de recompens...