Miss Fortune ensinou a Vi tudo o que ela precisava saber sobre a vida em alto mar.
Foram necessárias muitas noites observando o céu para que a Capitã lhe mostrasse como se situar pelas estrelas e como ler uma bússola. Vi aprendeu também a interpretar os padrões das ondas, a sentir a mudança dos ventos, antecipar tempestades à distância, e posicionar as velas corretamente. Ela também lhe ensinou como deveriam lançar a âncora e manusear a roda do leme para conduzir o navio. Quando estava zonza de rum, a Capitã contava sobre algumas de suas aventuras e sobre lendas que circulavam entre os piratas de Águas de Sentina, envolvendo criaturas marinhas e cidades inteiras no fundo do oceano.
Vi gostava dessas conversas, o que era surpreendente. Por alguns instantes ela se permitia esquecer de sua missão e mergulhava nas histórias da Capitã. Talvez porque os olhos dela brilhavam com uma empolgação genuína ao compartilhar suas experiências e conhecimentos com a Defensora. Era uma sensação estranha, mas agradável, passar horas vendo a Capitã falar sobre algo que compreendia tanto.
Em seu último contato com Jayce, ele foi muito claro com suas ordens de não afastar o navio da equipe, já que em uma situação como aquela, Vi precisaria de auxílio mais do que nunca. A ideia era fazer com que a Capitã se acalmasse o suficiente para aceitar ouvi-la para que pudessem seguir para Demacia com segurança, mas até o momento, nenhuma oportunidade de conversar sobre o plano surgira. Vi sabia que teria de esperar pelo momento perfeito. Ela compartilhou todas as informações sobre a rota que seguiriam, quando ficava sozinha para contatar o Conselho, assim o navio de Piltover também saberia por onde ir para não se aproximar das Ilhas.
Ainda navegavam por um mar calmo quando Miss Fortune decidiu que deveria ensinar Vi a atirar. Ela dispensou o treinamento com armas de fogo ao entrar para os Defensores, garantindo que atacava melhor de perto. É claro que não contou isso a Miss Fortune, e não achou que seria má ideia adquirir uma nova habilidade em suas atuais condições, mesmo que fosse para sua autodefesa, por isso concordou.
Vi carregou alguns barris vazios para o convés e os posicionou onde a Capitã instruíra para que ficassem a uma distância adequada. Miss Fortune usou a tinta na mesa do antigo capitão para pintar os alvos, certa de que ele não se incomodaria por terem pego emprestado.
Já posicionadas estrategicamente, Miss Fortune tirou uma pistola do coldre e a entregou na mão de Vi com muita relutância.
- Cuide disso como a sua vida. – Alertou ela. Depois continuou com as explicações. – Primeiro, você precisa abrir o cilindro. Aqui.
Miss Fortune posicionou a mão de Vi no lugar correto e demonstrou como abrir a parte giratória da pistola, coordenando os movimentos da Defensora.
- É aqui que você carrega, está vendo? – Ela mostrou como fazer antes de deixar que Vi tentasse sozinha. Ela colocou os cartuchos que a Capitã lhe entregou em todas as câmaras. Miss Fortune forçou a mão contra a dela para fechar o cilindro. – Entendeu?
Vi não se sentia muito confortável com um objeto tão desconhecido em mãos.
- Tá legal. – Disse ela, tentando não demonstrar muita insegurança.
Miss Fortune se posicionou ao seu lado, seu corpo próximo demais para Vi não notar.
- Agora, me mostre como atiraria.
Vi respirou fundo, tentando ignorar a presença calorosa da Capitã. Não deveria ser tão difícil assim. Ela ergueu os dois braços diante de si, mirando no centro do alvo, e atirou. O impacto a empurrou para trás e o barril sequer foi atingido. Ela esperava que a Capitã não estivesse de risadinha, ou já se irritaria.
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Corações de Sentina
FanfictionVi, uma Defensora de Piltover com um passado conturbado, é enviada a Águas de Sentina em uma missão confidencial para recuperar um artefato hextec roubado pelo temido pirata Gangplank. Lá, ela se alia a Miss Fortune, uma famosa caçadora de recompens...