40. Desfecho da Tempestade🔞

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A brasa do charuto girou no ar antes de cair no rastro de pólvora, a faísca acendendo pelo convés como um predador ágil, serpenteando pelo chão com uma fome crescente. Gangplank se remexeu nas cordas, trincando os dentes e grunhindo enfurecido, parecendo finalmente se dar conta de que aquele era seu fim, e que dessa vez, nem a magia sombria das Ilhas das Sombras poderia salvá-lo.

- Você acha mesmo que acabou? Águas de Sentina é minha, e sempre será! Eu me vingarei, isso é garantido, mesmo que seja pra te caçar nas profundezas do mar! – Ele rosnou em aviso. Os estalos e o crepitar das chamas já se erguiam pelo convés, avançando para os porões do navio, o ar carregado de fumaça, o calor da pólvora em combustão tornando cada fôlego um desafio.

Vi puxou o braço da Capitã, guiando-a em direção ao corrimão do convés. Um pequeno barco a remo estava posicionado do lado do casco, aguardando suas últimas tripulantes. Vi saltou primeiro, estabilizando o bote enquanto Miss Fortune olhava uma última vez para trás, como se tentasse se convencer de que aquilo estava acontecendo. Em seguida, ela pulou também, e no mesmo instante, as águas se agitaram para empurrá-las em direção ao cais. Mais uma ajudinha do Trapaceiro naquele dia. Vi estava a um passo de permitir que toda sua raiva de Fizz se esvaísse.

Conforme se aproximavam, o fogo já subia pelo casco do navio que ficava cada vez mais atrás, e cada rosto aliado e dos moradores de Águas de Sentina se voltaram para o último vislumbre das velas negras tão temidas mesmo em um local como aquele, que já não passava de uma sombra perdida naquela névoa, uma sombra envolta em fumaça espessa. Vi ajudava Sarah a subir para as tábuas do cais quando a primeira explosão rasgou o ar, seguido por uma série de murmúrios surpresos e contemplações. As duas se viraram para olhar o clarão laranja e vermelho que crescia no horizonte, e o Presságio da Morte se partia em um alvoroço de madeira estilhaçada e chamas, lançando pedaços do navio pelos céus. O mar se agitou, sacudindo os barcos e navios ancorados. Cada olhar estava fixo naquele espetáculo macabro, os queixos indo em direção ao chão.

Vi olhou para o rosto de Miss Fortune, mas ela não sorria. Ainda não havia espaço para celebração. O momento que se seguiu era pesado, carregado de uma sombria expectativa do que aconteceria à própria Capitã. Acabaria tudo ali para ela também? Thresh simplesmente apareceria? Miss Fortune cairia sem vida em seus braços? O que esperar daquela vitória?

Conforme as explosões continuavam, Sarah se aproximou da ponta do cais, ergueu uma das pistolas diante dos próprios olhos e contemplou cada detalhe do objeto, como se estivesse guardando na memória. Depois, estendeu o braço diante de seu corpo e deixou que a arma se perdesse nas águas escuras. Vi separou os lábios em surpresa, encarando as costas da Capitã até que ela se virasse.

- Ao futuro de Águas de Sentina e Piltover. – Disse ela. – E à hextec.

- Jayce não pode te prometer isso ainda. – Respondeu Vi, sabendo ao que a Capitã se referia. – Nem eu.

- Bem, a esperança é a última que morre. – Miss Fortune deu de ombros. – E parece que eu também.

Vi franziu o cenho enquanto Sarah passava por ela, tentando entender aquelas palavras.

O mar ainda fervia, faíscas e fumaça sumindo gradualmente no horizonte. Os murmúrios e olhares de Águas de Sentina se voltavam para a Capitã que caminhava firmemente pelo cais. O rosto severo e os passos pesados diziam mais do que qualquer palavra poderia expressar. Piratas, mercadores, assassinos... todos a contemplavam com uma mistura de admiração e terror.

- Gangplank está morto. – A voz de Miss Fortune cortou pelas docas. – Águas de Sentina não será mais governada por medo e pela violência sem propósito. Quem quiser seguir o caminho dele, será bem-vindo a tentar. Alguém se opõe?

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora