Pela manhã, Vi se ofereceu para trocar os lençóis da cama enquanto Miss Fortune acendia um fumo e se sentava à sua mesa. O charuto lhe pendia dos lábios enquanto ela fechava os últimos botões de sua camisa, examinando o amontoado de pergaminhos diante dela, repletos de rabiscos, anotações e desenhos.
Depois de se vestir, Vi observou o ambiente. Tudo ali era vermelho e dourado, como no convés, deixando claro que deviam ser as cores favoritas de Sarah. Cortinas de veludo caíam sobre a janela que apontava para o mar, permitindo que a Capitã traçasse suas estratégias de navegação da segurança de sua cabine. Uma penteadeira se alinhava a uma das paredes, coberta de frascos de perfume – Vi os experimentou um por um – e joias brilhantes, além de tesouros que ela provavelmente coletara ao longo de suas aventuras. Ao lado da penteadeira, um espelho alto refletia a luz suave das lamparinas, contribuindo para uma coloração alaranjada no cômodo. Na elegante poltrona de leitura, posicionada ao lado de uma estante de livros e de um armário cheio de garrafas de bebida, pequenas almofadas de cetim em formato de coração repousavam. A Defensora sorriu para aquele detalhe, já que, embora fosse uma decoração um tanto delicada, ainda havia armas presas a uma das paredes, uma lembrança constante da dualidade da Capitã.
Ela ajeitou a gola da jaqueta e se aproximou de Miss Fortune.
- Será que agora eu posso saber o que tá acontecendo, Capitã? – Ela perguntou, sem deixar de notar a gentileza no próprio tom. Deveria ser ridículo o quanto se entregar intimamente a uma pessoa muda tanto as coisas.
Ela chegou perto o bastante para se inclinar sobre Sarah e olhar para a papelada em sua mesa, sem entender nada do que tudo aquilo queria dizer.
Só queria ficar perto dela.
- Nem sei por onde começar. – Revelou Miss Fortune, parecendo um tanto frustrada.
- Comece pelo óbvio. – Vi sugeriu. – Como estamos no seu navio nesse momento?
A Capitã pensou por um momento.
- Bill disse que o Sirene atracou em Águas de Sentina como se estivesse navegando por vontade própria. Não havia ninguém a bordo. – Ela tragou seu charuto e soprou a fumaça sem tirá-lo da boca. – Deve ser mais uma das artimanhas do Trapaceiro.
Vi olhou para seu rosto, buscando por qualquer confirmação dos alertas que ainda soavam dentro dela. Por que de repente havia mudado seu discurso? Antes ela disse não saber nada sobre aquilo. Ainda estava escondendo alguma coisa.
- E? – Vi esperou.
- E... – Ela suspirou. – Que se for o caso, Fizz não disse nada que confirme isso. Ele só procurou meus homens para contar onde podiam me encontrar. E meus homens me contaram que Gangplank retornou com um novo navio que provavelmente conseguiu em seu acordo com Thresh. Ele também tem perguntado por mim pela cidade.
- É por isso que Bill Barril parecia tão bravo?
Sarah hesitou por meio segundo.
- Sim. – Ela respondeu. – O plano dele é fazer com que todos em Águas de Sentina venham atrás da minha recompensa, antes que ele mesmo decida me matar.
Um gélido desespero percorreu sua espinha, chegando em marteladas ao coração. Não deveria ser surpreendente. Até onde Vi sabia, a guerra entre Gangplank e Miss Fortune era declarada em Águas de Sentina. Mesmo assim, não tornava aquela situação mais fácil de aceitar. Vi não gostava da ideia de ter criminosos de todos os tipos atrás da cabeça da Capitã, por mais que fosse o esperado da vida que ela levava.
- O que nós vamos fazer? – A Defensora perguntou. Sarah inclinou a cabeça para trás para olhá-la.
- Nós?
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Corações de Sentina
Fiksi PenggemarVi, uma Defensora de Piltover com um passado conturbado, é enviada a Águas de Sentina em uma missão confidencial para recuperar um artefato hextec roubado pelo temido pirata Gangplank. Lá, ela se alia a Miss Fortune, uma famosa caçadora de recompens...