7. Socos e Rastros

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Dois dias depois, quando chegaram à Cidade dos Ratos, Vi precisou se calar diante dos saques que a tripulação de Miss Fortune fazia no lugar. Embora ela tivesse acompanhado a Capitã na busca por Gangplank, indo a todos os cantos onde ela tinha contatos e se preocupando muito com a frustração de não encontrarem nada, não dava para se tranquilizar com a ideia de que tantos assaltos aconteciam bem debaixo de seu nariz, e ela simplesmente não podia fazer nada. Quando decidiu se juntar aos Defensores de Piltover, Vi demorou para aceitar que ladrões eram tão criminosos quanto assassinos, já que ela conhecia muito bem as necessidades que levavam uma pessoa a roubar. Mesmo assim, era necessário internalizar aquele aprendizado, e assim ela o fez.

Bem, ao menos sabia que, uma vez que tudo isso tivesse terminado, Miss Fortune e seus homens seriam levados e pagariam por seus crimes, e isso a tranquilizava.

Passaram três dias na cidade, sem nenhum sucesso. Na última noite, a Capitã lhes concedeu uma folga e sugeriu que a aproveitassem em uma das tavernas.

Embora passassem a maior parte do tempo juntas trabalhando e quase sempre com a cabeça cheia de rum – que Vi descobrira realmente ajudar nos enjoos –, foram necessárias algumas canecas de cerveja para que elas ficassem mais à vontade na companhia uma da outra. Quando o clima começou a ficar mais leve, Miss Fortune iniciou uma pequena competição para ver quem contava mais ratos, e Vi desconfiava que ela não tinha acabado de inventar a brincadeira, já que parecia procurar pelos bichos em locais estratégicos e estava disparada na frente.

- Não quero mais brincar. – Vi declarou, batendo com a caneca na mesa e já se sentindo zonza com a bebida. Ela não era competitiva, mas detestava aquele sorrisinho triunfante da Capitã.

- Ganhei de novo. – Declarou ela.

- De novo? – Indagou a Defensora. – Por acaso estamos competindo em mais alguma coisa?

- Bem, eu já tomei oito canecas de cerveja, e você só tomou cinco.

Vi soltou um ruído de decepção.

- Isso nem tá valendo.

- Tá bem, perdedora.

Ela não era competitiva, mas não queria que Miss Fortune se achasse muito. Então, terminou a cerveja em sua caneca com goles longos e pediu por mais uma. A Capitã fez um sinal ao barman, indicando que eram duas, e enquanto esperavam, disse:

- Aposto que consigo tomar tudo primeiro.

Vi revirou os olhos. Como se ela precisasse provar coisa alguma.

As canecas chegaram e ela foi a primeira a pegar a sua, mais uma vez engolindo tudo de uma vez só. Quando terminou, urrou alto e enxugou a boca. Miss Fortune sorria maliciosamente; também tinha a caneca vazia. Vi socou a mesa, mas quando sentiu algo preso no peito, sorriu.

- Aposto como não consegue me ganhar em uma coisa. – E preparou o arroto mais alto que já soltou em toda sua vida. Miss Fortune a encarou com o rosto mergulhado em tédio, parecendo finalmente se render. Vi se recostou contra a cadeira e cruzou os braços, sentindo-se finalmente vitoriosa. Até Miss Fortune soltar um urro que ninguém com aquele rosto deveria ser capaz de soltar. – Ah, fala sério!

A Capitã gargalhou. Não sua gargalhada habitual, calculada para irritar os inimigos, mas uma gargalhada genuína, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada que já presenciara. Vi revirou os olhos outra vez, mas se permitiu abrir um sorrisinho de canto. Até que sua companhia não estava sendo tão ruim.

O barman se aproximou com uma nova caneca de cerveja e a bateu na mesa diante de Vi, que a encarou confusa.

- Eu não pedi isso não. – Tratou de dizer. Não planejava parar de beber, de qualquer forma, mas não ia pagar por uma bebida que não tinha pedido. O barman sorriu.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora