37. Coração em Chamas

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Lá estava ela, aquela filha da puta...

Correndo pelo convés do Presságio da Morte com suas mãozonas metálicas como se sua presença ali fosse a coisa mais normal do mundo, socando tudo e qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Ela não tinha mudado nada; com sua fiel jaqueta vermelha e a força bruta que invadiu minha vida sem pedir permissão, ela lutava com toda sua bravura. Parte de mim queria avançar até ela e exigir respostas, mas, no fundo, eu sabia que não poderia me dar ao luxo de desviar o foco.

Porque, afinal, tudo estava exatamente onde deveria estar.

O frio cortante trazido pelo vento, o cheiro do mar, o balanço dos navios, meu querido Sirene ao lado do navio de Alaric, e mesmo aquele maldito navio de Piltover, que por alguma razão que não fazia o menor sentido, lutava ao meu lado. Cada vida ali se arriscando pela minha própria, em sintonia com meu objetivo. Cada rosto aliado, cada grito enfurecido, cada gota de sangue que pingava no chão daquele convés, era tudo por mim.

E a cada segundo, o peso de anos de ódio e dor fervia em minhas veias, impulsionando-me a continuar lutando. A vingança era a única coisa que me mantinha acordada nas noites mais difíceis, e eu sempre achei que, quando chegasse a hora, seríamos apenas Gangplank e eu, meu momento e eu, mas lá estava ela...

Aquela filha da puta...

Por que voltou? Por que agora?

Olhei para ela enquanto ela lutava, para aquela presença que me bagunçava como nenhuma outra. Por que teimava tanto em voltar para minha vida, em me fazer pensar em um futuro que eu não pretendia ter?

Ela devolveu meu olhar, apenas como se estivesse checando se eu ainda estava ali, se ainda estava viva, encarando-me com aqueles olhos, aqueles malditos olhos que sempre pareciam ver através de todas as minhas máscaras. Eu me perguntava o que Vi via quando olhava para mim, se sentia o mesmo turbilhão de emoções que eu, se entendia o peso daquele momento.

O que ela arriscou para estar comigo? Por que, depois de tudo, insistiu em me salvar?

Deixei que nossos olhares se perdessem de volta na batalha ao nosso redor, e girei as duas espadas em minhas mãos antes de atacar meu próximo inimigo.

Não era hora para sentimentos confusos. Vi não faria isso comigo.

Não de novo.

════♡✵♡════

Vi viu Sarah matar um pirata com as espadas que roubou dele mesmo e examinar o navio quando o homem caiu no chão, avaliando os danos. Ainda não havia sinal do capitão, e a lutadora não sabia dizer por que sua tripulação lutava com tanta lealdade, mesmo que a batalha estivesse totalmente a favor de Miss Fortune.

Vi continuou olhando quando ela andou em sua direção com passos firmes, largando as espadas, e sentiu a tensão pesar em seus ombros com uma possível chance de interação, mas a Capitã passou diretamente por ela, seus cabelos chicoteando seu cheiro na direção da lutadora.

- Devíamos procurar por ele? – Vi perguntou, virando-se para ela.

- Ainda não. – Sarah jogou a resposta por cima do ombro. Alguns aliados pararam para olhar os movimentos da Capitã.

- O que ela está fazendo? – Um pirata perguntou à Vi, que continuou olhando enquanto Sarah avançava para o leme com uma determinação tão feroz que ela não ousaria questionar. Ela agarrou a roda com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

- Vão querer se segurar! – Sarah gritou, e girou a roda com uma força brutal, os músculos enrijecendo com o esforço, embora sua expressão permanecesse intacta.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora