27. Plano Coordenado

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Era um alívio vestir as próprias roupas outra vez.

Depois de passar todas as informações para Miss Fortune, elas agradeceram a Helena Cicatriz – Vi garantiu que o soco fora inteiramente por culpa da falta de respeito de Roderick Rancoroso, por tentar tocar onde não devia – e voltaram para a Taverna Barril de Pólvora, cientes de que o plano de Gangplank era uma piada de muito mal gosto ao estabelecimento da Capitã. A urgência da situação exigia que ela se movimentasse imediatamente.

Era como viver uma semana inteira dentro de um único dia. O abate de Olho Manco, a chegada de Caitlyn, a visita de Gangplank, o ataque a Bill Barril, o encontro com Twisted Fate e Graves, as novas informações tão valiosas no bordel. Parecia surreal que tudo estivesse acontecendo tão depressa, quase como se algum tipo de força estivesse influenciando todos os acontecimentos para acelerar as coisas. Era algo a se pensar; quanto antes Miss Fortune conseguisse sua vingança, mais rápido estaria nas correntes de Thresh. Se é que era mesmo isso, ou ainda, que fosse só isso.

Vi detestava admitir a própria exaustão, mas ansiava por algumas horas de sono. Também não acharia ruim se fizesse uma refeição bastante gordurosa. Mas, para seu desprazer, pouco durou o alívio em ver que Bill Barril estava bem e sorridente outra vez, apenas com o ombro enfaixado em trapos imundos – piratas curandeiros continuavam sendo piratas –, e encontrar uma Caitlyn de cara muito preocupada sentada ao balcão. A Xerife se aproximou depressa das duas conforme adentravam o local. Vi segurou um bocejo.

Da última vez que vira uma expressão como aquela, foi parar em Águas de Sentina.

- Por favor, não me traga mais problemas. – Sarah pediu.

Caitlyn mordeu o lábio.

- É sobre Gangplank.

- Cate, acho que já descobrimos tudo o que precisávamos. – Arriscou a Defensora, mas algo lhe dizia que Caitlyn trazia notícias novas.

- Sobre as cargas de Piltover? – A Xerife perguntou. Sarah e Vi soltaram um longo suspiro ao mesmo tempo, completamente esgotadas.

- Que cargas de Piltover? – Vi perguntou a contragosto.

- Isso por acaso me interessa? – Indagou a Capitã.

Caitlyn franziu a testa, certa de que estava diante de uma situação um tanto complicada. A Xerife sabia muito bem como a Defensora podia ser ainda mais impaciente e explosiva diante do cansaço, e não havia motivo para pensar que a Capitã seria diferente.

- Por que não nos sentamos? – Ela sugeriu.

Sarah soltou um ruído e se virou para Vi.

- Pode, por favor, me apagar no soco?

- Só se me der um tiro antes.

- Gente, por favor. É importante. – A voz da Xerife era urgente, e Vi sabia que ela tinha razão. Aproximaram-se de uma mesa e, inconscientemente, Vi puxou uma cadeira para que Sarah se sentasse. A Capitã apenas se jogou sobre o assento e imediatamente o jovem rapaz que definitivamente a amava em segredo trouxe uma garrafa de rum. Sarah ergueu a garrafa ao jovem em saudação, mas talvez não o tivesse visto sorrir exageradamente diante do gesto. O cansaço não impediu a Defensora de lhe lançar um olhar afiado, e ele tratou de se afastar. Miss Fortune bebeu e passou a garrafa para Vi, que entregou à Caitlyn. A Xerife negou com um aceno de cabeça e cruzou as mãos em cima da mesa. Imediatamente, ergueu-as outra vez para olhar as próprias palmas e as limpou nas roupas. – O que exatamente vocês descobriram?

- Gangplank está...

- Pode ir parando. – Miss Fortune interrompeu a Defensora, lançando um olhar fatal para Caitlyn e se preparando para lhe falar. – Acho importante esclarecermos algumas coisas. Pode ter aprendido as regras do Truco em uma única partida, o que, só pra constar, é realmente impressionante, mas precisa de muito mais do que isso pra me fazer confiar em você. Sua história é com a Vi, não comigo. Eu abomino autoridades e teria te engolido viva no momento em que pisou na minha cidade se não fosse pela consideração que ela tem por você.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora