9. Golpe da Maré

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Se dormir em alto mar era um desafio, voltar à terra firme era igualmente desconfortável agora que Vi estava habituada ao balanço do navio.

Miss Fortune dissera algo sobre encontrar dificuldade no equilíbrio em terra firme, e a Defensora notou mais de uma vez a Capitã balançando como se o chão estivesse se movendo sob seus pés. Isso parecia se normalizar quando ela estava com a barriga cheia de rum. Mesmo assim, Vi não achou que isso fosse lhe acontecer também.

Ela não sabia quanto tempo havia dormido e nem mesmo que dia era quando finalmente voltou a si, com uma forte dor de cabeça indicando que o sono definitivamente havia sido longo.

O quarto na pousada ainda estava escuro através de suas pálpebras fechadas, e conforme ia despertando, ela começou a ouvir os sons ao redor. Conversas altas de pessoas bêbadas pelas ruas, um tiroteio em algum lugar, alguma perseguição acontecendo pela pousada. Mais um dia comum em Águas de Sentina.

Mas algo estava diferente.

Ela não estava sozinha no quarto.

Algo se arrastava pelo chão, algo que parecia pesado, mas macio. Junto a isso, passos. Não passos comuns. mas gosmentos e molhados, como se um sapo estivesse andando pelo piso de madeira.

Flap. Flap. Flap.

A Defensora esticou a mão com muito cuidado até a pequena cômoda ao lado da cabeceira da cama, e agarrou o abajur. Ela esperou até identificar onde estava o invasor, e ao ouvir a maçaneta da porta girar, arremessou o objeto com toda força e se levantou, sendo guiada pelo cômodo pela luz fraca do amanhecer.

E lá estava o maldito Fizz, agarrado à bolsa dos artefatos falsificados que Vi voltara para buscar no navio da equipe. Quando estava decidida a não seguir mais com Miss Fortune, ela decidiu voltar ao plano inicial e tentar novos contatos pela cidade, mas isso foi antes que Jayce ordenasse que elas navegassem juntas até Demacia.

E, por falar nisso, Vi ainda não passara o plano à Capitã. Nem mesmo se deu o trabalho de procurar por ela depois de atracarem, embora uma semana já tivesse se passado.

Pela cara de susto da criaturinha feia, dava para ver que ele não esperava o ataque, por isso tudo o que fez foi largar a bolsa e o tridente e erguer as mãozinhas.

- Seu desgraçadinho! – Vi deixou seu asco de lado e avançou na direção dele, que muito tranquilamente se esquivou com cambalhotas e gargalhadas. Vi continuou a persegui-lo pelo quarto, derrubando tudo pelo caminho. Ele não parecia tão assustador longe do mar, e Vi finalmente conseguiu capturá-lo pisando sobre ele, controlando a força no pé para não o esmagar. – Agora entendi por que a Capitã te chama de Trapaceiro.

- Ah, não! Você também não! – Resmungou ele. – Eu só vim buscar o que é meu.

- Esquece. 

- Trato é trato! – Disse Fizz.

- O trato já era. – Vi forçou um pouco mais o pé contra ele, até que grunhisse.

- É por isso que a Capitã está zarpando sem você? – Ele perguntou. – Porque você é uma chata e não são mais amigas!?

Vi revirou os olhos, sem paciência para suas brincadeirinhas. Ela se inclinou para agarrá-lo pelo pescoço, lutando contra o impulso de torcer o nariz diante de sua textura úmida e viscosa.

- Faz um favor a você mesmo e some da minha frente. – Advertiu ela.

- Ai! – Fizz se debateu. – É verdade! A Capitã Chata está partindo nesse momento. Ela vai atrás do Capitão Mal-Humorado.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora