28. Execução Devastadora

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A primeira coisa que Vi fez ao acordar foi deslizar a mão pelo colchão. Ao encontrar o lado de Miss Fortune vazio, imediatamente soltou um resmungo alto.

- Aqui. – Respondeu a voz de Sarah de algum lugar da cabine no mesmo instante. A comunicação entre elas se tornava cada vez mais única, e pensar nisso sempre fazia a Defensora sorrir. Para ser sincera, ela vinha sorrindo muito ultimamente, apesar de todo aquele caos em Águas de Sentina.

Ela rolou pela cama para a direção da voz e abriu os olhos. A Capitã se sentava diante de sua penteadeira, já vestida com suas roupas habituais e escovando os cabelos. Vi se apoiou no cotovelo e tombou a cabeça no ombro.

- Eu achava que sereias usavam garfo pra esse tipo de coisa.

Miss Fortune gargalhou.

- Uau, essa foi longe. Pensou agora ou tá reciclando a cantada?

- Com você, tudo é único, querida. – Enquanto Sarah ria outra vez, Vi se sentou. – Que horas são?

- O sol já está bem alto. – A Capitã respondeu, deixando o pente em cima da penteadeira e se virando para ela. – Você estava mesmo cansada.

Vi se jogou na cama outra vez e esfregou os olhos.

- Que merda. – Reclamou. – Acho que temos que nos apressar então.

- Temos que pegar suas mãozonas, certo?

A Defensora paralisou, o rosto escondido atrás das mãos.

- Ah, não.

Miss Fortune riu outra vez.

- Estou só brincando. – Vi a olhou para sorrir de volta. Miss Fortune mordeu o lábio. – Ei, lembra daquela vez que fomos naquele boteco lá pro lado do Ranger das Âncoras? Aquele com as lâmpadas piscando e cheiro de peixe podre? Você entrou pisando duro, como se fosse derrubar o lugar, e no final das contas, acabou mesmo com o barman implorando pra você não arrebentar o balcão.

O sorriso de Vi se alargou até finalmente se transformar em uma risada.

- Como esquecer? – Disse ela. – O cara achou que podia me intimidar com aquelas histórias de marinheiros amaldiçoados, até eu amassar aquele barril de cerveja na mão. Nunca vi um sujeito tão pálido.

Sarah voltou a rir.

- Ele praticamente te serviu de bandeja tudo o que queríamos saber depois disso. – Ela acrescentou. – Acho que é por isso que sempre acabamos voltando aos mesmos lugares. Esses ratos de Águas de Sentina nunca aprendem.

Enquanto Vi ria outra vez, Miss Fortune se levantou.

- Lembra que, quando estávamos indo embora, sentimos cheiro de torta de maçã e você não descansou até descobrir de onde vinha? – Ela abriu um sorriso travesso. – Nós estávamos correndo pelos telhados, e você tentou se empoleirar na janela pra roubar um pedaço. A cozinheira saiu correndo atrás de você com um rolo de macarrão nas mãos, furiosa como um demônio.

A Defensora grunhiu.

- Por que você foi me lembrar? – Gargalhou. – Como eu ia saber que a velha ia ter fôlego pra nos perseguir até a Ponte da Sorte Grande?

Miss Fortune riu, balançando a cabeça. Ela se virou para pegar algo embrulhado em cima de sua penteadeira.

- Bem, você ficou falando daquela torta por uma semana. Eu acabei mandando alguns dos meus homens voltarem lá pra convencerem a velha a preparar uma só pra você. – Ela se aproximou, e a Defensora arregalou levemente os olhos. – Ela pediu uma boa quantidade de moedas, aquela desgraçada, e no fim, decidiu que o valor só dava pra um pedaço. Levou um tempo, mas aqui está.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora