23. Mão Escondida

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Um pequeno adendo: O jogo em questão é aquele que é o mais temido de todos (truco). Pra quem não sabe jogar, as descrições podem ser um pouco confusas, mas as regras serão explicadas um pouco melhor em uma cena posterior. 

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Elas foram guiadas para os fundos da loja, a uma sala vazia e empoeirada, iluminada somente por uma claraboia. Havia uma única mesa posicionada ao centro, grande o suficiente para uma partida de pôquer, mas com apenas quatro cadeiras ao redor dela. Copos de vidro e algumas garrafas de bebida cintilavam ao feixe de luz que entrava pelo vidro estilhaçado no teto. Vi não sabia exatamente o que as aguardava, mas não pôde agir quando Miss Fortune devolveu a pistola ao coldre e insinuou com um olhar para que a Defensora e a Xerife fizessem o mesmo. Ela não estava muito a par daquela estranha relação entre a Capitã e aquela dupla, e se manteve em estado de alerta enquanto se sentava em uma cadeira diante de Sarah e aguardava até que todos fizessem o mesmo.

Caitlyn pigarreou ao ser a única a ficar em pé.

- Desculpe, gracinha. – Disse Fate, acomodando-se em seu assento. – Não contávamos com sua companhia.

Era cômico como Caitlyn presumia que tudo o que acontecia era culpa de Vi, e lhe lançou um olhar carregado de rancor. A Defensora só deu de ombros, tentando, de alguma forma, parecer no controle da situação, quando na realidade estava tão confusa quanto a Xerife.

Miss Fortune, com sua postura perfeita, cruzou os braços sobre a mesa e olhou diretamente para Vi.

- Parece que vai ter que aprender a jogar comigo do jeito difícil. – Disse ela. Vi olhou para os dois homens que riram com certa cumplicidade enquanto Twisted Fate embaralhava suas cartas, e Sarah sorria como se compartilhasse daquele mesmo humor. Como se os três fossem parte da mesma coisa.

A Defensora perdeu a paciência.

- Tá legal, o que tá rolando aqui? – Ela apontou para TF. – Esse cara aqui tava falando como se fosse te matar, depois esse outro cara aqui chegou como se fosse atirar nas nossas cabeças, e agora estamos nos reunindo pra uma... partida de cartas?

- Sarah é nossa amiga. – Disse o grandalhão. – Levamos isso em consideração, mesmo que ela valha uma fortuna. To certo ou não to?!

Ele socou o ombro da Defensora e continuou gargalhando enquanto puxava a garrafa de bebida e começava a servir os copos. Sarah sorriu para Vi com orgulho, perfeitamente relaxada.

- O que exatamente isso quer dizer? – A Xerife perguntou.

- Quer dizer... – Explicou o homem de chapéu. – Que as cartas decidem o destino da Capitã. Se ganharmos a partida, entregamos nossa Fortune aqui com vida para quem aceitar o trabalho sujo, e ficamos com a recompensa. Se perdermos... bem, Sarah pode ser bem criativa quando quer.

- Peraí... como é que é? – Indagou Vi, lançando um olhar incrédulo para Sarah. – Qual é o seu problema? Esses caras estão completamente loucos? Vamos acabar com eles agora mesmo!

Miss Fortune suspirou em tédio e revirou os olhos.

- Calma aí, senhorita soco pra todo lado. – Disse TF. – Temos um acordo entre nós. Depois da última vez, decidimos manter as coisas um pouco mais amigáveis. Não há nada com o que se preocupar.

- Que última vez? Do que estão falando? – Vi insistiu.

- Temos história. – Respondeu Sarah. – Se for pra tentar nos matar outra vez, que seja com um pouco de diversão.

- Não. Nem pensar. – Num impulso, Vi se levantou e avançou para o grandalhão sobre a mesa enquanto ele ainda servia a bebida, fazendo com que derramasse tudo ao agarrá-lo pela gola do sobretudo e empurrá-lo para trás. Os dois caíram no chão. Não tinha sido inteligente da parte dele deixar a arma fora de seu alcance. Vi estava pronta para o primeiro soco quando ouviu o clique de uma pistola.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora