29. Conflito Imediato

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Vi abriu espaço pelo convés do Sirene carregando o corpo da Capitã nas manoplas, seguida por Caitlyn. Ela ignorou a agitação dos marinheiros ao redor e praticamente voou até a cabine, empurrando a porta com brutalidade para entrar. Ela avançou até a cama e a colocou cuidadosamente no colchão, depois arrancou os equipamentos hextec e jogou no chão, finalmente tocando o rosto de Miss Fortune com as próprias mãos.

Para a sorte da Xerife, Vi ainda não tivera tempo para lidar com aquela surpreendente traição. Ela só esperava que a condição da Capitã nada tivesse a ver com aquilo, ou temia se enfurecer de uma forma que Caitlyn, apesar da história entre as duas, ainda não tivesse visto.

Traição. Estranho pensar nessa palavra em específico quando, para começo de conversa, Vi só fora enviada à Águas de Sentina para recuperar aquele maldito cristal. Se tinha alguém do lado errado ali, essa pessoa era ela.

- Sarah? – A Defensora chamou pela milésima vez, mas Miss Fortune ainda estava desacordada e muito pálida. Os tripulantes se amontoavam à porta escancarada e observavam tudo com olhares curiosos. Nada além disso. – Dá pra alguém me ajudar aqui?!

- Nós não podemos entrar. – O pirata que respondeu levava a alcunha de Rubi Caolho, um tripulante com cara de coitado que usava uma pedra vermelha brilhante para preencher o espaço vazio em seu rosto. – Da última vez que me atrevi, acabei com uma faca no olho.

- Ela está morrendo aqui, pelo amor de Deus! – Exclamou Caitlyn. Embora durante todo o caminho Vi tivesse pensado constantemente naquela possibilidade, ouvir alguém dizer em voz alta parecia tornar o perigo ainda mais real. Ela segurou o rosto de Sarah com mais força.

- A pele dela está queimando... – Observou, tirando os cabelos da Capitã de seu rosto suado. – O que houve, minha menina?

- Só o Bill tem autorização, e ele está lá embaixo. – Disse Rubi Caolho.

- Traga aquela bunda miserável dele aqui agora mesmo! – Vociferou a Defensora, por um momento, esquecendo-se de que Bill Barril enfrentava as próprias aflições. Mas não importava.

Seu tom foi o suficiente para que o pirata cambaleasse apressadamente para sair dali, e ela voltou a olhar para Miss Fortune, sentindo o rosto se suavizar em preocupação. Caitlyn xeretava pela cabine em busca de alguma coisa que não merecia tanto a atenção da Defensora. Alguns instantes depois, ela se aproximou com uma bacia cheia de água e a apoiou no chão ao lado da cama, ajoelhando-se ali também enquanto torcia um pano e o levava para a testa de Sarah.

Vi agarrou seu pulso, e a Xerife a encarou com um brilho triste nos olhos azuis.

- Deixa que eu faço. – Declarou a Defensora, puxando o pano de suas mãos bruscamente para pressioná-lo com delicadeza no rosto da Capitã.

Caitlyn respirou fundo e engoliu em seco.

- Vi, eu só...

- Não. – Ela interrompeu friamente, lançando um olhar afiado à Xerife. – Nem se atreva.

Nesse momento, Bill Barril surgiu à porta do lado de Rubi Caolho, que ainda tremia diante da ordem da Defensora. O grandalhão entrou na cabine e foi direto ao armário de bebidas da Capitã, puxando uma garrafa de rum com o braço bom.

- Isso é sério? – Caitlyn questionou. Bill Barril não respondeu, e se aproximou da cama.

Vi o encarou.

- Tem certeza disso?

- É a primeira vez que vê isso acontecer, Piltover? – Indagou o barman. A Defensora franziu o cenho.

- Primeira vez? – Ela se levantou relutantemente para dar espaço ao marujo. – Isso já aconteceu antes?

- Sugiro que preste mais atenção na sua garota. – Ele parecia extremamente mal-humorado, mas foi gentil ao apertar as bochechas de Sarah para fazer com que seus lábios se separassem. Ele deixou cair um generoso gole de rum na boca dela, como se fosse algum tipo de xarope.

Corações de SentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora