Limpo as lágrimas com firmeza, sentindo o calor da raiva pulsar em minhas veias. Retorno ao restaurante, enfrentando os olhares curiosos e desconfortáveis dos convidados. Minha postura é tensa e decidida enquanto me aproximo do grupo que me recebem com olhares surpresos.
— O que vocês pensam que estão fazendo? — começo com minha voz carregada de indignação. — Vamos ter uma boa conversa, eu não tolerarei esse tipo de comportamento na minha empresa.
Os presentes trocam olhares nervosos, percebendo a seriedade na minha voz. E eu continuo, com os punhos cerrados de frustração.
— Amanhã de manhã, todos vocês estarão na minha sala executiva. Vamos assinar os papéis de demissão. Não tolerarei esse tipo de comportamento em minha empresa.
Sem esperar por respostas, deixo o restaurante com passos rápidos e determinados. Entro em meu carro, com o motor roncando enquanto direciono meu caminho para a casa do Ran. A noite pode ter sido difícil, mas eu estou decidido a mostrar a Ran o apoio e o amor que ele merece neste momento de vulnerabilidade.
Dirijo pelas ruas movimentadas de Tokyo, com o coração acelerado batendo no mesmo ritmo dos pneus do meu carro. Puxo meu celular do bolso e disco o número do Ran, mas ele só vai para o correio de voz.
Chego ao prédio de luxo onde ele mora e me aproximo da portaria com um nó na garganta.
— Olá. — digo tentando manter a compostura. — Estou aqui para ver o Ran. Ele está em casa? — pergunto no interfone.
O guarda fica em silêncio por um tempo mas logo responde:
— Me desculpe, mas o Ran não está permitindo visitas hoje.
Meu coração afunda.
— O que? — pergunto, tentando não soar tão desesperado. — Tem certeza? Eu preciso muito falar com ele.
— Ele pediu especificamente para não ser incomodado.
Respiro fundo, tentando processar o que acabei de ouvir.
— Tudo bem. — murmuro, desviando o olhar. — Por favor, diga a ele que eu passei por aqui.
Volto para o carro, com um misto de frustração e preocupação me consumindo. Por que Ran está evitando me ver? Eu sei que a noite foi um caos completo, mas eu não quero que ela termine com esse clima pesado. Mas vou respeitar ele.
Enquanto dirijo de volta para casa, minha mente fica cheia de perguntas sem resposta, enquanto tento entender o lado dele, afinal ele deve estar muito mal com tudo isso, e me sinto culpado... de repente se eu não tivesse levado ele para o jantar tudo poderia ter sido evitado... ou não?
Chego em casa e praticamente me jogo no sofá, passando a mão na testa em um gesto de pura frustração. A noite que tinha tudo para ser perfeita virou um desastre total. A falta de resposta do Ran, a recusa na portaria... nada faz sentido. Sinto um peso enorme no peito enquanto tento entender como tudo deu tão errado.
De repente, ouço o som da porta se abrindo. Levanto a cabeça e vejo Angry e Temari entrando. Eles caminham em minha direção, com expressões de preocupação estampadas em seus rostos.
— Smiley, sentimos muito pelo que aconteceu. — Angry diz com sinceridade, enquanto Temari assente ao lado dele, com seus olhos cheios de compaixão.
Suspiro, tentando esboçar um sorriso.
— Tudo bem. A culpa não foi de vocês.
Temari se aproxima e coloca uma mão reconfortante no meu ombro.
— Estamos aqui para o que você precisar, tá bom?
Agradeço com um aceno de cabeça, sentindo uma leve onda de alívio ao saber que, mesmo em meio ao caos, ainda tenho amigos que se importam. Mas, mesmo com o apoio deles, a preocupação com Ran não desaparece. Fico me perguntando o que realmente aconteceu e como vou resolver essa situação que parece cada vez mais complicada.
Mesmo sabendo que não é minha culpa, não consigo evitar me sentir responsável. O que eu poderia ter feito de diferente? Onde foi que eu errei? Esses pensamentos me consomem enquanto olho para o teto, tentando encontrar algum sentido em tudo isso.
Me sinto preso nessa espiral de auto-recriminação. Será que eu poderia ter previsto isso? De alguma forma, sinto que deveria ter feito mais, protegido Ran de alguma maneira. E agora, tudo que posso fazer é esperar e torcer para que ele esteja bem, enquanto luto contra essa sensação esmagadora de responsabilidade.
Permaneço perdido em pensamentos e sentimentos de culpa, quando de repente meu celular toca. Olho para a tela e vejo um número desconhecido. Atendo hesitante, esperando alguma notícia.
— Alô? — digo, tentando manter a voz firme.
— Smiley, o que caralhos aconteceu com o Ran? — a voz do outro lado da linha é calma, mas séria. Reconheço instantaneamente. É Rindou, o irmão de Ran.
— Rindou! Nós fomos a um jantar com os executivos da minha empresa... — explico rapidamente. — Eles fizeram comentários desagradáveis sobre o Ran. Foi horrível, e Ran ficou visivelmente abalado. Como ele está?
Rindou suspira do outro lado da linha.
— Ele não sai do quarto desde que chegou em casa. Estou preocupado com ele, Smiley. Isso realmente o afetou. Eu espero que tenha sido apenas os comentários que fizeram dele tenham o afetado, caso contrário se eu descobrir que foi você, você já pode começar a rezar!
Fecho os olhos, sentindo a culpa aumentar.
— Eu jamais faria algo para magoar ou machucar o seu irmão, Rindou. Eu o amo. E eu acho que eu deveria ter feito mais. Deveria ter defendido ele melhor.
— Você fez o que pôde. — Rindou responde, com a voz ainda séria. — O importante agora é ajudar Ran a superar isso. Ele precisa saber que não está sozinho. Aconselho você a não ficar muito encima dele agora, ele vai demorar para se abrir e voltar a tocar nesse assunto.
— Eu sei. — digo, sentindo um pouco de alívio ao ouvir a compreensão na voz do Rindou. — Vou tentar falar com ele novamente assim que essa crise passar.
— Por enquanto, eu cuido dele. Smiley.
Ran encerra a ligação e eu fico determinado a encontrar uma maneira de chegar até Ran. Ele não pode passar por isso sozinho, e vou fazer o que for preciso para ajudá-lo a sair dessa escuridão... que ainda sinto que foi por minha culpa.
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Tokyo Light (+16)
Fanfic[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Smiley é um empresário milionário, acostumado com o glamour e a decadência das noites de Tokyo. Dono de uma rede de hotéis de luxo, ele é uma figura imponente e reservada que prefere observar o mundo à distância. Freq...