Nem Todos São Fortes

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Estou no meu estúdio, ajustando a câmera e as luzes. É mais um dia de criação de conteúdo para meus assinantes. A sala está decorada de forma luxuosa, com espelhos por todos os lados, capturando cada ângulo meu. Coloco o último ajuste na iluminação e me posiciono na frente da câmera, pronto para começar a gravação.

Começo a gravar, assumindo a persona confiante e provocante que meus assinantes tanto amam. Movimentos ensaiados, olhares sedutores, tudo parte do show. Mas, enquanto a performance continua, uma sensação de vazio começa a se infiltrar.

Termino a gravação e paro a câmera. Caminho até o espelho maior do estúdio, olhando para a minha própria imagem refletida. A figura no espelho parece confiante, desejável, mas a verdade é bem diferente. Meus olhos começam a se encher de lágrimas, e logo estou chorando silenciosamente, sem conseguir controlar a dor que sinto por dentro.

A figura provocante no espelho é só uma máscara, um papel que interpreto. Mas a realidade é que, apesar de toda a atenção e adulação, me sinto terrivelmente sozinho. Ninguém vê o verdadeiro eu, ninguém conhece minhas inseguranças e medos. A solidão é esmagadora, e as lágrimas continuam a cair.

Me sento no chão, abraçando meus joelhos enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto. Me sinto preso em um ciclo de aparências e expectativas, incapaz de encontrar uma conexão verdadeira. Mesmo com todo o glamour e a atenção que recebo, a verdade é que me sinto profundamente solitário.

Mesmo sabendo que Smiley me ama, a dor e a solidão não diminuem. Sinto um aperto no peito, como se uma mão invisível estivesse me sufocando. A verdade é que, apesar do amor de Smiley, ele ainda não conhece todas as minhas inseguranças e medos.

Começo a falar para mim mesmo, como se tentar organizar meus pensamentos pudesse aliviar um pouco essa angústia. Minha maior insegurança é a sensação de não ser suficiente. No palco, eu sou forte e confiante, mas por dentro, me sinto pequeno e insignificante. E se Smiley perceber que eu não sou tudo o que ele espera? E se ele se cansar de mim?

Outro medo que me atormenta é o medo da rejeição. Cada vez que subo no palco, há uma parte de mim que teme ser rejeitada, que teme que os outros vejam além da minha fachada e decidam que não sou digno de sua atenção ou afeto. Isso se estende para meu relacionamento com Smiley também. E se ele, um dia, decidir que não sou bom o suficiente?

Há também a insegurança sobre minha aparência. No espelho, vejo uma figura provocante e desejável, mas dentro de mim, há uma constante dúvida sobre minha beleza e meu valor. Eu me comparo a outros, sempre me sentindo inferior, sempre achando que preciso ser melhor, mais bonito, mais perfeito.

E, finalmente, o medo de ser verdadeiramente conhecido. Smiley me ama, mas ele ainda não conhece todos os meus segredos, todas as partes sombrias de mim que escondo. E se, ao conhecer essas partes, ele decidir que não pode mais me amar? Esse pensamento me assusta profundamente, me fazendo recuar e construir muros ao redor do meu coração.

Fico ali, no chão do estúdio, deixando essas inseguranças e medos se derramarem em lágrimas. Parte de mim deseja desesperadamente ser capaz de compartilhar isso com Smiley, de ser verdadeiramente conhecido e ainda assim amado. Mas o medo é paralisante, e tudo o que posso fazer agora é continuar chorando, esperando que, um dia, eu encontre a força para ser completamente aberto com ele.

As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto, quando ouço uma batida na porta. Seco rapidamente as lágrimas com as costas das mãos, tentando me recompor antes de abrir.

— Entre. — digo, tentando manter a voz firme.

Rindou abre a porta e me encara com uma expressão preocupada.

— Você estava chorando? — ele pergunta, direto como sempre.

Balanço a cabeça, forçando um sorriso.

— Não, não é nada. — respondo, tentando parecer convincente.

Ele não parece acreditar, mas não insiste.

— O Smiley está na sala. Ele veio te ver.

Sinto um aperto no peito ao ouvir isso, mas mantenho a compostura.

— Diga a ele que já estou indo. — peço, tentando manter a voz calma.

Rindou me observa por mais um segundo, como se estivesse tentando ler meus pensamentos, mas finalmente assente.

— Tudo bem, vou dizer a ele.

Assim que Rindou sai, eu solto um suspiro profundo. Preciso me recompor antes de ver Smiley. Me levanto do chão e vou até o espelho, verificando meu rosto. Ainda posso ver vestígios das lágrimas, mas faço o meu melhor para parecer normal.

Depois de um momento, respiro fundo e caminho em direção a sala. Smiley está esperando por mim, e eu não quero que ele me veja assim. Preciso ser forte, pelo menos por agora.

Vou até a sala com o coração acelerado, tentando manter a calma. Quando vejo Smiley, sinto um misto de alívio e ansiedade. Ele está ali, com seu sorriso caloroso e olhar carinhoso, mas eu sei que não posso desmoronar agora.

Ele se levanta assim que me vê e me puxa para um abraço apertado. Eu o beijo, tentando canalizar toda a minha confusão e dor naquele momento. O beijo é doce e reconfortante, mas eu luto para manter as lágrimas sob controle.

Smiley se afasta um pouco, olhando em meus olhos.

— Está tudo bem, amor? — ele pergunta, com sua voz cheia de preocupação.

Eu sorrio, tentando parecer tranquilo.

— Sim, só um pouco cansado. — respondo, tentando soar convincente.

Ele não parece totalmente convencido, mas não insiste. Em vez disso, me puxa para o sofá e me abraça novamente. Eu me aninho em seus braços, sentindo sua presença me acalmar, mesmo que apenas um pouco.

— Se precisar de alguma coisa, estou aqui. — ele sussurra no meu ouvido, e eu sinto meu coração se apertar.

Eu sei que ele quer me ajudar, mas algumas coisas são difíceis de explicar. Então, por enquanto, apenas aproveito o conforto de estar em seus braços, tentando manter a calma e não deixar as lágrimas caírem.

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