Capítulo 30 - A caixinha de joia

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Algumas horas depois, Eddie finalmente saiu do banheiro e sem ser percebido deixou a festa voltando ao seu apartamento. Lá chegando se deparou que o quarto não parecia igual. Em um impulso abriu a porta do guarda-roupas e notou que as roupas e os pertences de Lilith não estavam mais lá.

O cantor teve um acesso de fúria, raiva e decepção e passou a quebrar o apartamento inteiro com berros histéricos o que chamou a atenção dos vizinhos por já ter passado das dez da noite. Em questão de minutos, a polícia apareceu e foi preciso invadir o apartamento para conter um Eddie fora de si que permanecia gritando e quebrando o que encontrava a sua volta.

Tão logo os amigos foram informados dirigiram-se a delegacia onde encontraram Eddie sentado no chão frio da cela olhando para o nada.

- Hey, Eddie. Somos nós! Nós viemos te tirar daqui!

O rapaz sequer moveu a cabeça ou os olhos após o que Jeff lhe falou e permanecia com o olhar vago.

- O advogado acha que só consegue te liberar amanhã. A promotoria alegou que você estava fora de si e acharam melhor que passasse por uma avaliação médica antes de ser liberado. Você está bem? - Stone explicou e achou estranho o cantor não reagir.

- Hey, Eddie! Não fica assim, cara! Pensa que apesar de ter sido doloroso foi a forma que a vida deu de se livrar de algo ruim.

- Dave, não é hora pra esse tipo de comentário...

- Qual é, Jeff? 

Os amigos tentaram falar com o rapaz de toda forma, mas tudo que Eddie fez foi se deitar no colchão que tinha a sua disposição e virar de costas para eles indicando que não conversaria.


Lilith's POV:

Acordei horas depois e notei tudo escuro. Olhei para o rádio relógio e vi que faltavam alguns minutos para a meia noite. Me levantei, vesti um casaco e saí sem ser notada. Eu estava disposta a um último ato antes de me mudar de Seattle para sempre como planejava secretamente há alguns dias. Eu não sabia como fazer isso sem magoar Eddie e estava pensando em um modo de terminar tudo com ele da melhor forma, se é que isso era possível sem eu dizer as verdadeiras razões. Mas o fato é que aquele pedido de casamento me fez tomar decisões rápidas e emergenciais e não sei porquê tive a maldita ideia de procurar o tio de Dave, o tal Hudson. Eu vi que ele não estava na festa de aniversário do sobrinho e ouvi quando Dave comentou que ele estava empenhado na reforma da garagem e, ultimamente, nada o tirava de casa. A verdade é que não me lembro do tio Hudson frequentar nenhuma das festas em que Dave ia, e Eddie dizia que ele era como pai para seu amigo e o acompanhava em todas as farras.

Eu sei que era muito tarde da noite, mas vi aquele horário como única chance de falar com Hudson já que imaginei que Dave ainda estava em sua festa de aniversário se é que aquilo teve continuidade.

Quando eu cheguei à casa, vi que a garagem estava com a porta entreaberta. Fui adentrando o local e vi que tinha uma outra porta que dava para uma lateral e o tio de Dave estava sentado dentro de um carro com marcas de batida que tinha um adesivo enorme da Harley Davidson no capô. Ele segurava uma cerveja em cima do volante enquanto ouvia Lynyrd Skynyrd. O homem tinha a cabeça inclinada pra trás e os olhos cerrados como se estivesse curtindo a música.

Devagar me aproximei e não quis assustá-lo, mas logo ele abriu os olhos e me avistou. Logicamente, ele achou estranho a minha presença, e com aquela cara carrancuda me fitou por alguns segundos antes de questionar o que eu havia ido fazer ali.

- Dave não está!

- Eu sei, não vim falar com ele. Quero falar com o senhor...

O homem saiu do carro e me encaminhou de volta a garagem fechando a porta do local onde estava o carro batido. Parecia que ele não havia gostado de eu estar naquele local, como se ali fosse um lugar extremamente privado e emocionalmente particular.

DEEP - O melhor inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora