Capítulo 28 - Céu e inferno

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30 de janeiro de 1994

Eddie e eu estávamos tentando ficar bem e eu estava aos poucos sobrevivendo a todo caos. Ele notava que eu ainda era muito calada e abatida e não parecia mais animada pra nada. Não demorou pra que ele me apresentasse uma terapeuta dizendo que era sugestão de Dave e só de ouvir o nome daquele monstro já me dava desgosto fazer qualquer coisa associada ao nome dele.

Minha tia Márija chegou a procurar por Eddie para saber se estávamos bem mesmo já que ela notou a mudança brusca em mim. Krist também se preocupou ao passar uns dias comigo e dizia que nem de longe eu era a prima brava que ele sempre conheceu. Eu tinha virado uma mosca morta e estava terrivelmente depressiva. Minhas horas de alegria se resumiam em estar nos braços de Eddie quando ele me fazia seus carinhos antes de dormir ou quando fazíamos amor. 

Ainda estava difícil separar o sexo do que me ocorrera, mas eu estava disposta a me libertar daquilo a qualquer custo em nome do que eu tinha com meu namorado. Ele continuava fazendo planos sobre nos casarmos e constituirmos família e eu nunca dizia nada quando ele comentava empolgado. Não é que isso não me trouxesse alegria, mas eu estava tão abalada psicologicamente que eu não me animava mais com esse tipo de plano. 

Nem com nada!

Tudo que eu esperava de um dia era que chegasse o momento para estar com ele e dormir. Dormir protegida pelos braços do homem que sinceramente me amava era meu único precioso momento de paz.

Infelizmente, muita coisa mudou e o amor de Eddie que antes me era suficiente agora parecia não preencher um espaço vazio dentro do meu coração que ainda carregava amargura em um choro preso. 

Era aquela voz dentro de mim que queria gritar aos quatro cantos e pedir socorro. 

Mesmo amando muito meu namorado e ele me dando todo suporte, eu não conseguia me sentir completa. Nunca imaginei que um dia compreenderia tão bem a minha mãe, mas ainda assim não era a mesma coisa. Minha mãe nunca mais deu chance ao amor e se acabou na sua amargura. Eu ainda via uma válvula de escape no amor de Eddie e no nosso relacionamento. Sonhava com o dia em que estaríamos livres de Dave, mas a verdade é que isso só poderia ficar nos meus sonhos. Aquela amizade estava longe de se acabar e eu não teria como separar uma coisa da outra.

Ou eu teria tudo ou não teria nada!

E essa frase me acompanhava gritando na minha mente cada vez mais me deixando pior toda vez que eu entendia o que esse 'tudo' representava. 

Era o céu e o inferno juntos constantemente...

Mas de alguma forma, o inferno estava preso dentro de mim e não me deixava aproveitar tudo de melhor que o céu tinha pra me oferecer.

Naquele dia, Eddie chegou em casa dizendo que havia mandado preparar uma festa de aniversário para Dave. O monstro estava voltando de viagem e ele quis retribuir a gentileza de sua festa do mês passado. Contudo, Eddie me garantiu que não haveriam todas aquelas orgias e que seria algo mais íntimo, por isso ele faria um dia antes da data oficial para que Dave pudesse comemorar a seu gosto no dia seguinte sem nossa presença. Eu disse que não queria ir, mas Eddie me convenceu a poder acompanhá-lo quando disse que teria uma surpresa pra mim. 

Eu não entendi nada. 

Por que teria uma surpresa pra mim se a festa era do Dave? 

Cheguei a pensar que aquele nojento poderia estar por trás disso e tive medo. Fiquei insistindo para que Eddie me contasse ameaçando que não iria e ele me garantiu que quem daria a surpresa era ele e que Dave nada tinha a ver com isso. Seria em 05 de fevereiro e eu já sentia minha tormenta começando novamente com a volta daquele monstro ao nosso meio. Contudo, de alguma forma eu pensava estar preparada. Mas, eu só pensava...

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