Capítulo 21 - A conversa em definitivo

6 1 0
                                    


Lilith's POV:

Saí daquela garagem inconformada. Eu tinha certeza que o tio do Dave me daria alguma pista de como chegar até o meu pai. Aquele velho carrancudo além de ser bastante indelicado, ainda fez pouco dos meus sentimentos.

De alguma forma, ele também tinha razão. E se meu pai ainda for o mesmo canalha que abusou da minha mãe? Eu sei que pessoas de má índole tendem a não se arrepender de seus feitos, mas depois das últimas coisas que tenho vivido, eu segui uma linha de raciocínio que me levou a pensar que, de repente, meu pai fez uma grande bobagem por estar drogado e ser muito jovem. Penso que ele pode ter se arrependido ou sequer se lembrar do que fez assim como Eddie quando exagera nas drogas. 

Tudo bem, eu não tenho que fazer comparações. Em momento algum, Eddie se compara ao monstro do meu pai, mas depois do que ele fez por último me forçando a transar com ele no camarim, eu fiquei me perguntando se, de alguma forma, a droga trabalha na mente de uma pessoa a ponto de fazê-la sair do corpo totalmente e levar consigo sua boa essência. Pensei se a droga teria o poder de transformar um anjo em demônio como parecia o meu namorado da última vez que nos vimos!

Só sei que tudo isso me levou a esses pensamentos e eles ficaram criando raízes na minha cabeça. Se estou certa ou errada, ainda não sei. No entanto, eu acabei por compreender que eu fazia mais análise do caráter do meu pai através da figura de Dave. Se eu chegasse a saber que Dave foi responsável por um ato desses, eu não me surpreenderia. Principalmente, depois do que ele tentou fazer comigo. Dave me passa as piores sensações do mundo e eu me negaria a dizer que algum demônio encarna nele. Ele é o próprio demônio. É uma pessoa de natureza vil, insana e totalmente sem moral ou qualquer tipo de escrúpulos. Eddie é o anjo na vida dele, mas esse demônio é tão forte, que ele consegue dominar o bem com o mal e o contrário não acontece. Em nada, Eddie consegue influenciar Dave. Todo o bem que Eddie faz é nulo perto das atrocidades que reinam no coração daquele baterista inescrupuloso.

Depois do episódio em Indio, eu preferi vir embora. Cheguei a conclusão que estando sempre com Dave por perto, meu namoro não vai pra frente e preciso de um tempo pra assimilar e estudar como vou fazer pra que aquele imundo não fique mais entre Eddie e eu. Isso se ainda houver namoro, não é? Ao menos fiquei feliz em saber através de Jeff que durante esse tempo sem mim, meu namorado anda mais triste e não está usando drogas. Já me sinto vitoriosa vendo que Dave não está tendo êxito em destruir Eddie através do vício. 

Agora é esperar Eddie voltar e vamos ter uma conversa em definitivo.


Três semanas depois... 

- Tia Márija? Está em casa? Cheguei! 

Por não ter conseguido um lugar pra morar perto da loja de discos, acabei aceitando ir morar com a tia Márija. Eu não quis a princípio porque a casa em que morei com minha mãe era bem do lado, mas depois de ter visto a casa toda reformada e com a placa de 'aluga-se' me senti mais confortável. 

Voltei do trabalho e achei estranho as luzes estarem acesas sendo que não eram nem 6:30h da noite e a minha tia costuma chegar perto das 9h.

- Oi Lilith, sou eu...

- Eddie? Quando você chegou?

- Acabei de chegar, deixei minhas coisas no nosso apartamento e vim correndo pra cá. Entrei pelos fundos. Fiz mal? - ele disse isso bem desconfiado.

Achei um fofo ele dizer' acabei de chegar', o 'nosso apartamento' e também o 'vim correndo'. Eddie tinha uma aparência cansada e eu sabia que o último voo duraria mais de sete horas até Seattle. Ele deveria estar exausto, mas mesmo assim foi me procurar.

DEEP - O melhor inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora