Capítulo 49 - Sonhar tendo pesadelos

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Narrador:

- O que esse garoto está fazendo aqui, Dave?

- Não está vendo, titio? Meu filho veio morar comigo! E por vontade própria! - vangloriava-se.

- A mãe dele sabe que ele está aqui?

- Se não sabe vai saber assim que aquela cretina chegar em casa. Acredita que ela me denunciou pra polícia?

- O que?? Te denunciou??? E a mim também?

- Por incrível que pareça, não! Sabe que achei isso estranho! Por acaso, não está ajudando sua filhinha, está?

- Cale essa boca! Está louco? Mas se ela o denunciou você tem que fugir daqui o quanto antes...

- Que fugir que nada! Eu estava na delegacia quando ela fez a denúncia, velho otário! Adiantou alguma coisa? Eu estou preso, por acaso?? Não há prova alguma contra mim e depois do que Eddie fez tudo está a meu favor. Até meu filho veio morar comigo! - sorri irônico.

- Ele pode não ser seu filho! Pára de ser otário, Dave! Manda esse menino de volta pra mãe dele e deixa aquela gente em paz! 

- Eu não vou entregar meu filho pra ninguém e você trate muito bem o seu netinho, ouviu bem?Ele foi tomar um banho e eu vou fazer umas comprinhas pra agradar meu herdeiro!

Depois que Dave saiu, Lilith surgiu na casa a procura do filho que não quis recebê-la por mais que implorasse. Depois de muito insistir, ela resolveu ir embora e, quando passava pela garagem arrasada foi avistada por Hudson:

- Ele disse que você deu uma bofetada nele!

A mulher que levou um susto ao ser abordada, o respondeu após respirar fundo com sentimento cansado:

- Eu não suportei ver ele chamando o seu sobrinho asqueroso de pai e o defendendo com unhas e dentes! Qualquer mãe que tivesse passado o que eu passei teria feito o mesmo. Não eduquei meu filho com tanto sacrifício para que hoje ele chame de pai um ser sórdido como Dave.

Lilith deu mais alguns passos, mas o velho a interceptou antes que fosse embora:

- Por que não me denunciou também? Eu não tenho como fugir e o carro que é a prova do crime ainda está na minha garagem! Eu não teria como escapar.

Se virando novamente para o velho, a mulher o encarou firme:

- Eu estive analisando os dois crimes e cheguei a algumas conclusões. Você abusou da minha mãe e depois a matou covarde e friamente. Dave também abusou de mim, mas eu não tive a mesma sorte de ter morrido como a minha mãe. Teria sido melhor que Dave também tivesse tirado a minha vida.

- Não acho que era isso que ele queria...

- Claro que não! Ele queria me destruir e me ver definhar! Minha mãe já havia desistido da felicidade e de viver desde quando você cometeu aquela atrocidade contra ela. Quando você a matou, ela já estava morta por dentro. Eu não! Eu tentei sobreviver ao que me aconteceu, mas o seu sobrinho continua me matando todos os dias. Ainda estou lutando pra sobreviver e pelo meu filho eu vou conseguir. Também não vou me entregar agora que descobri que posso ser feliz novamente ainda mais do que eu era quando tive a infelicidade de Dave cruzar o meu caminho.

O velho apenas a fitava piscando devagar e viu que Lilith era uma mulher forte e decidida.

- Depois de tudo que você fez, eu me vejo como algo bom nessa terra e meu filho também é. Consegue ver isso? Consegue olhar pra mim e ver que algo bom saiu de você? Portanto, me agradeça por não ter te denunciado e cuide do seu neto enquanto ele estiver aqui. Talvez seja a única coisa boa que você fará na vida e também sua única oportunidade de alcançar o perdão divino! 

DEEP - O melhor inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora